Nova novela traz Dom Pedro II heroico: 'Estamos carentes de um líder'
Depois de quase 1 ano e meio em pandemia, a Globo enfim estreará uma novela inédita. "Nos Tempos do Imperador", de Thereza Falcão e Alessandro Marson, deveria ter estreado no início do ano passado, mas precisou ser adiada pelo avanço do coronavírus. Com grandes dificuldades e seguindo cada protocolo de segurança, a trama chega ao ar no dia 9 de agosto e foi apresentada em coletiva de imprensa na tarde de hoje.
A novela marca o retorno de Selton Mello às novelas após mais de 21 anos. O ator dará vida ao imperador Dom Pedro II que, na história, ganhará os contornos de um grande líder. "Ele era muito querido, foi eleito o maior brasileiro de todos os tempos com toda razão. A gente escolheu destacar a relação dele com ensino, cultura, patrocínio à ciência. Estamos carentes de um líder que pense no Brasil", pontua Thereza Falcão.
Eu também comecei criança e de alguma forma, me identifico com esse cara [D. Pedro I]. Admiro muito quem faz muita novela. É insano o trabalho. 30 cenas por dia. Isso é muito bom. É a minha escola, foi onde eu comecei. Estou voltando pra esse lugar. Me agrada bastante essa maratona.
Selton Mello
Retrato atual
Apesar de ser ambientada entre 1856 e 1870, a novela buscará tratar de temas ainda muito atuais como o racismo e a luta do povo negro. "A gente queria trazer personagens negros que não fossem escravizados como a gente costuma ver. Veremos personagens negros complexos, livres, fazendo sua procura pela abolição. A abolição não é resultado de uma canetada", conta Thereza Falcão.
Dani Ornellas e Rogério Brito vivem Cândida e Dom Olu, os reis da Pequena África, reduto de negros livres e que precisam de proteção numa sociedade que ainda não aboliu a escravidão.
"Minha mãe é professora de história e fazia questão de falar sobre líderes quilombolas que não estão nos livros. Por que eu não cresci ouvindo e lendo isso? Fazer a Cândida é a oportunidade de ficar perdida em meio a histórias que são minhas e não foram contadas a mim. Poder falar dela é dar voz a histórias que não estão nos livros", explica Dani. "Precisamos ter consciência de onde viemos para sabermos para onde vamos", completa Rogério.
O grande vilão
Depois de duas reprises durante a pandemia, incluindo "Império" ainda em exibição, Alexandre Nero reaparece na telinha dando vida a Tonico, futuro candidato a deputado na Bahia e que representa o pior lado possível dos brasileiros.
O Tonico é um personagem ficcional, mas é assustadoramente real. Não tenho como defender de forma alguma. Ele é a personificação do mal. Não adianta olhar só pra fora, ele também está em cada um de nós. Nós fomos criados dessa forma. O país é racista, escravocrata. Ele fala coisas absurdas.
Alexandre Nero
A trama ainda conta com personagens históricos como a Condessa de Barral vivida por Mariana Ximenes e a Imperatriz Teresa Cristina, personagem de Letícia Sabatella. Completam o elenco nomes como Gabriela Medvedovski, Michel Gomes, José Dumont, Daphne Bozaski, Heslaine Vieira, entre outros.
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