Fotógrafo tem imagem removida do Instagram por nudez: 'Algoritmos burros'
O fotógrafo Araquém Alcântara se manifestou contra a remoção de uma imagem sua do Instagram.
Em print publicado em seu perfil nas redes sociais, ele mostrou que a plataforma justificou a retirada da fotografia afirmando que ela ia "contra as Diretrizes da Comunidade sobre nudez".
Repúdio. Querem que eu publique fotos de indígenas brasileiros vestidos de sunga, calção e sutiã. Vou à luta. Me ajudem. Estão censurando minhas fotos. escreveu
A foto em questão, de 2010 e que vai para o livro que comemora os 50 anos de carreira do fotógrafo, retrata mulheres do povo indígena Zo'é, que vive no noroeste do estado do Pará. Depois do post de repúdio, ela voltou à plataforma.
Em conversa com Splash, Araquém contou que se revoltou porque a imagem estava dentro de um contexto.
Eu fotografo o povo e a natureza brasileira há 50 anos, apaixonadamente. Não é à toa que sou considerado um dos precursores da fotografia de natureza no Brasil. Eu faço um trabalho visando a identidade, a memória desse país que é continental e que tem tanta diversidade cultural. Eu fico completamente furioso e revoltado de ver fotos minhas, de uma cultura, de um povo brasileiro, são cidadãos brasileiros que têm cultura e tradição. São povos indígenas que andam nus e que amamentam seus filhos sem precisar esconder os peitos. afirmou
O fotógrafo, que disse usar o Instagram como vitrine de seus ensaios para "divulgar, repartir belezas, interrogar, provocar, exigir mudanças", revelou também que essa não foi a primeira vez que teve uma de suas fotos censuradas nas redes sociais.
Dessa vez, porém, chamou a atenção com a publicação recente. Nos comentários do post, feito na última sexta-feira (30), ele recebeu apoio de nomes como a atriz Dira Paes, o artista Vik Muniz e a jornalista Mariana Becker.
Não é a primeira vez que você tem que ficar explicando algo que você sabe que por outro lado está aí, a sexualização, a pornografia. É preciso que eles tenham critério, que eles mudem os filtros. Acho que os fotógrafos têm que se engajar nisso, exigir, se não boicota, um algoritmo que diferencie a arte. considerou
"Algoritmos burros"
Apesar de ter sua foto de volta na rede social, Araquém Alcântara não foi procurado pelo Instagram com alguma justificativa da retirada do post.
Questionado sobre o tabu da nudez feminina, que motivou a remoção, o fotógrafo ressaltou a falta de critérios da plataforma.
Eles colocam tudo no mesmo caldeirão, é um robô que simplesmente não diferencia. Se tiver mamilo, tem que ter algo em cima do mamilo. Como fazer essa diferenciação? Critérios. Eles são uma potência, têm toda a condição de fazer um critério de análise, um outro filtro. O que tem de barbaridade, de erros desses algoritmos burros, é um absurdo. Eu estou me fixando em uma parte, na livre expressão artística. Isso é algo que ameaça o livre pensamento, ameaça a democracia já tão fragilizada por esse desgoverno. disse
Ainda assim, Araquém fez questão de deixar claro que não é contra a rede social. Nela, inclusive, ele vê uma "forma de popularizar [seu trabalho] para aqueles que não têm acesso às artes plásticas."
Eu não quero fazer campanha contra o Instagram. É óbvio que eles estão generalizando e não têm critério em relação à cultura. É preciso que eles reformulem isso, é só mudar o critério dos filtros. Precisa ter atenção. Eu não discordo que tenha que ter atenção, mas é preciso ter um trabalho voltado para isso, e não generalizar. finalizou
Também em contato com a reportagem via assessoria de imprensa, o Instagram afirmou que não vai comentar o caso.
Araquém Alcântara, que completou 50 anos de carreira em 2020, retrata a natureza brasileira e povos indígenas com suas lentes. No Instagram, ele acumula mais de 170 mil seguidores.
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