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'Sou preta no país da Tropicália', diz Preta Gil ao falar de ódio nas redes

De Splash, em São Paulo

06/08/2021 04h00

A pandemia do novo coronavírus pegou Preta Gil em cheio. Ela perdeu sua avó materna, dona Wangry, e o amigo Paulo Gustavo. E foi graças à arte que conseguiu "encontrar a mola no fundo do poço".

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Em parceria com o filho Fran, Preta lança "Meu Xodó", música que estava guardada havia mais de um ano e que foi resgatada por ele há cerca de dois meses. Em conversa em vídeo com Splash, Preta falou sobre o single e sua importância.

Nesse maremoto, com essa situação pandêmica, ouvi essa música e ela me deu uma paz, um respiro. Espero que ela faça bem para quem ouvir e transmita o amor de mãe para filho.
Preta Gil

Nessa parceria entre mãe e filho, uma pergunta que fica no ar é a continuação artística da família Gil. Preta conta que, obviamente, sempre ouviu aquela pergunta básica:

"Como é ser filha de Gilberto Gil?"

Se, no começo da vida, esse tipo de comentário era tranquilo, ao se aventurar na música, ela percebeu que a frase passou a ganhar um peso maior, atribuindo uma responsabilidade da qual ela tentou até fugir.

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Quando me lancei na música, não sabia lidar direito com essa pressão. Tinha uma coisa de querer romper com esse laço, mas hoje tenho uma relação de paixão e respeito enorme. Hoje não problematizo o fato de ser filha de quem eu sou, de ser parte da família que sou.

Mas o tempo passa. Preta acredita que, com a maturidade, passou até a aproveitar melhor o seu "histórico familiar". A cantora também acredita que o filho aproveite bem essa questão, sem sentir o peso de ser um Gil.

Reprodução/Instagram @pretagil - Reprodução/Instagram @pretagil
Preta e o pai, Gilberto Gil
Imagem: Reprodução/Instagram @pretagil
Sempre deixei o Fran muito à vontade, ele foi se apropriando do seu talento e até surpreendeu a família por ir no tempo dele. E desabrochou esse artista maravilhoso.
Preta Gil

Preta no país da Tropicália

Artista de sucesso, Preta Gil também é uma empresária com muitos negócios de destaque.

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Responsável pelo selo Black Tape, pela Liga Entretenimento e sócia da agência Mynd, que cuida de carreira dos maiores influenciadores digitais do país, Preta diz que a pandemia fez com que ela pudesse cuidar mais de seus negócios.

Mas ela tem mesmo é saudade dos palcos.

E por falar em influência, Preta Gil está nas redes desde seus primórdios — e sempre marcando posição. Ela brinca que sua primeira conta foi no Orkut para "vigiar" a página "Todo Mundo Odeia a Preta".

Para a cantora, o ódio presente nas redes sociais é um reflexo da sociedade brasileira, e ela nunca se espantou com o que via ali. Mas que também não tem essa de desaforo que fica por isso mesmo: quando é atacada, diz que toma as medidas legais.

Minha relação com as redes sempre foi essa, de dubiedade, de muito amor e ódio. A vida, para mim, não é um mar de rosas, não sou a preta no país das maravilhas. Sempre soube que sou a preta no país da Tropicália. E isso é lidar com as mazelas, com o conservadorismo. Estou nesse front.