'Nos Tempos do Imperador': quem é quem na nova novela das seis
'Nos Tempos do Imperador' estreia hoje, com mais de um ano de atraso —por causa da pandemia ao redor do mundo. É a primeira novela inédita a estrear na Globo no período, mas uma sequência quase direta aos acontecimentos de "Novo Mundo", exibida pela emissora em 2017.
A novela se passa entre 1856 e 1870, período em que o Brasil ainda era comandado pelo imperador dom Pedro 2º, papel de Selton Mello —que retorna às novelas após mais de 21 anos. E a trama vai misturar personagens históricos e fictícios.
Herói?
Dom Pedro 2º será exaltado por suas virtudes na nova novela, que destacará a preocupação com o progresso, a educação e a cultura. No entanto, os autores afirmam que a intenção não é fazer uma novela chapa branca e que mostrarão a dificuldade do imperador em, por exemplo, abolir a escravidão.
Essas biografias não têm respostas para muitas coisas. O pai deixou ele pequeno com a coroa, a mãe morreu, ele foi criado por tutores. Quando faço cenas na câmara dos deputados e vejo aquele monte de homem branco, isso me lembra muito agora. De alguma forma, me identifico com esse cara.
Selton Mello
Ao sentir o país ameaçado, na iminência da Guerra do Paraguai, dom Pedro 2º decide preparar suas filhas, Leopoldina e Isabel, para assumirem suas funções na família real. Para isso, convoca Luísa, a condessa de Barral, como responsável por orientar as meninas. Luísa é vivida por Mariana Ximenes.
Ela é muito forte, tem traços muito bonitos de uma mulher contemporânea. Delicadeza, gentileza e, sobretudo, firmeza. Ela é abolicionista e tem uma relação linda com os negros. No engenho dela, todos são livre, ela instaurou a lei do ventre livre.
Mariana Ximenes sobre a condessa
Romance proibido
Casado por um arranjo com a imperatriz Teresa Cristina (Letícia Sabatella), Pedro acaba vivendo um tórrido romance com a condessa de Barral, o que se torna um grande conflito para os envolvidos no triângulo amoroso.
Sabatella fala sobre a importância de dar vida a Teresa Cristina, mostrando suas dores e os dramas diante da infidelidade, ainda enfrentando as estruturas de poder da época.
Há uma identificação muito grande das mulheres de lá e de agora. Lutamos por coisas tão parecidas, vivemos situações tão próximas. Pensamos, num momento da ausência de um estadista, sobre o genocídio instaurado contra pobres, negros. Isso ainda é um estigma.
Letícia Sabatella
Amor transformador
Entre os personagens fictícios, destaca-se Pilar, vivida por Gabriela Medvedovski. A jovem garota não aceita o casamento prometido pelo pai ao aspirante a político Tonico (Alexandre Nero), grande vilão da trama. Seu sonho é se formar em medicina e, para isso, ela foge de casa.
Na fuga, Pilar encontra seu grande amor, Jorge/Samuel (Michel Gomes), negro escravizado que também está fugindo em busca de liberdade. Ele sonha e luta por um mundo igual para negros e brancos e é acolhido na Pequena África, reduto de negros livres comandado por Dom Olu e Cândida.
Existe uma conexão grande entre mim e Dom Olu. O povo negro, mais do que nunca, precisa de alguém que o conduza. Precisamos ter consciência de onde viemos para saber para onde vamos.
Rogério Brito, que dá vida a Dom Olu
Enquanto isso, Nero representa o pior da sociedade brasileira, seu lado mais racista e escravocrata. Tonico quer se tornar deputado, mas ao se deparar com a morte do pai, quer perseguir o culpado pelo crime, que ele nem imagina ser Jorge/Samuel, seu irmão bastardo.
O Tonico é um personagem ficcional, mas é assustadoramente real. Ele é a personificação do mal. Não adianta olhar só para fora, ele também está em cada um de nós. Nós fomos criados dessa forma. O país é racista, e ele fala coisas absurdas.
Alexandre Nero
Desafios
Além do atraso por causa da pandemia, uma produção de época envolve outras dificuldades, como grandes figurinos e cenários. Em um dia, Mariana Ximenes chegou a trocar de roupa 14 vezes para gravar suas cenas! Driblar tantas dificuldades, porém, acabou criando uma obra mais detalhada.
Foi difícil. Uma novela das seis precisa do romance, das cenas de ação. E tivemos que reduzir bastante as cenas com contato físico. Dá um sentimento de guerrilha, de não poder deixar a máquina parar. O receio foi se tornando garra. Foi uma novela privilegiada.
Vinicius Coimbra, diretor da trama
Ainda por todos os protocolos rígidos, "Nos Tempos do Imperador" será filmada como obra fechada. Isto é, sem a intervenção do público. Os últimos capítulos terminarão de ser gravados muito antes de a novela terminar. O elenco não esconde o receio, mas se anima com a possibilidade.
Nós estamos indo para o fim desse trabalho, mas o público está só começando. Sem a chance de mexer mais. Antes, o gostoso era azeitar o personagem aos poucos. Agora, é confiar nos diretores!
Alexandre Nero
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.