Metallica: 'Black Album' faz 30 anos; veja discos de 1991 que mudaram tudo
O disco homônimo do Metallica, mais conhecido como "The Black Album", completa hoje 30 aninhos —um millennial que não chegou a virar "cringe"; Miley Cyrus que o diga.
Foi um dos muitos discos lançados no (absurdamente) prolífico ano de 1991 que mudariam a cara da música das próximas décadas.
Som mais pop
O "Black Album", quinto disco de estúdio do Metallica, marcou a virada da banda do thrash metal, estilo rápido e pesado, para uma sonoridade mais "pop", palatável para rádios.
O disco estourou com hits do naipe de "Enter Sandman", "The Unforgiven", "Nothing Else Matters" e "Sad but True".
Hetfield, curiosamente, se inspirou na sonoridade do cantor pop Chris Isaak (sim, o cara de "Wicked Game"), como conta o produtor Bob Rock.
James disse, 'Bob, eu nunca cantei. Eu só meio que berro. Em 'Nothing Else Matters' e 'The Unforgiven, quero cantar'. Como canto como Chris Isaak?
'Wicked Game', de Chris Izaak
Do Brasil para o mundo
Ainda no terreno do metal e de suas vertentes, o Sepultura entrou para o grupo dos grandes do estilo ao lançar, em abril do mesmo ano, o quarto disco de estúdio, "Arise".
O baterista Igor Cavalera começava a explorar ritmos além do metal, e "Arise", ao lado de outros discos do Sepultura como "Chaos A.D." e "Roots", é considerado um dos discos importantes do gênero no mundo.
Grunge
O grande acontecimento musical de 1991, porém, foi a ascensão da cena grunge, uma galera da chuvosa Seattle, nos Estados Unidos, que misturava punk, metal e rock clássico para fazer novos sons, com letras moldadas por altas doses de crise existencial.
Em abril, o Temple of The Dog (com integrantes do Soundgarden e do Pearl Jam) lançou um disco homônimo (seu primeiro e único).
Quatro meses depois, o Pearl Jam estreou seu primeiro disco, o "Ten", com as hoje clássicas "Even Flow", "Jeremy", "Black" e "Alive". Eddie Vedder cantava letras sobre depressão e morte com um característico jeito de entonar a voz, muito imitado futuramente.
O disco, com "Smells Like Teen Spirit", "Come as You Are" e "Lithium", vendeu incríveis 30 milhões de cópias. Seu líder e vocalista, Kurt Cobain, se mostrou muitas vezes incomodado com o absurdo sucesso e o rótulo de "ícone" de sua geração.
Outro disco importante do gênero, "Badmotorfinger", do Soundgarden, banda de Chris Cornell, foi lançado um mês depois de "Nevermind".
O visual dessa geração de roqueiros de Seattle —calças jeans rasgadas, camisa de flanela, all-star e cabelo comprido— foi copiado por jovens ao redor do globo.
Garotos da Califórnia
O Red Hot Chilli Peppers também foi catapultado ao sucesso mundial em 1991, com o lançamento do disco "Blood Sugar Sex Magik", somando seu característico funk rock a melodias altamente cantaroláveis.
O disco —com "Give It Away", Under the Bridge" e "Suck My Kiss"— saiu no mesmo dia que "Nevermind", do Nirvana: 24 de setembro. A arte gráfica é do cineasta Gus Van Sant.
Experimentalismo
No mesmo ano, foram lançados três discos pela gravadora independente Creation Records que, se não foram o sucesso de vendas de Nirvana e Pearl Jam, influenciaram muita banda: "Loveless", do My Bloody Valentine, "Screamadelica", do Primal Scream, e "Bandwagonesque", do Teenage Fanclub
Enquanto o "Loveless" experimentava novos sons com múltiplas camadas de guitarras, "Screamadelica" unia o rock à música eletrônica, até então estilos bem antagônicos. Com seu rock cru, "Bandwagonesque" fez eco em bandas enomes que vieram depois, como o Foo Fighters.
Axl e companhia
Enquanto surgia coisa nova por aí, o Guns N' Roses —a grande banda dos últimos anos até então— continuou na esteira do sucesso com o lançamento de "Use Your Illusion I" e "Use Your Illusion II".
Dos discos, saíram os sucessos "November Rain", "Don't Cry" e "Live and Let Die".
Rei do pop
Michael Jackson, por sua vez, lançava naquele ano seu oitavo álbum de estúdio, "Dangerous", que marcava o fim de sua parceria com o produtor Quincy Jones.
Mesmo com a concorrência do grunge, o disco vendeu 32 milhões de cópias e emplacou quatro singles nas 10 primeiras posições da Billboard Hot 100: "Remember the Time", "In the Closet", "Will You Be There" e "Black or White".
Começo do trip hop
Massive Attack, um grupo de Bristol, na Inglaterra, por sua vez, lançava o disco "Blue Lines", que inaugurava o trip hop, estilo com influências do hip hop e da música eletrônica.
O trabalho fez um baita sucesso no Reino Unido e abriu portas para outros artistas como Portishead, Tricky e Earthling. Nas próximas décadas, outros artistas, como Gorillaz, Beck e Nine Inch Nails foram influenciados pelo estilo.
Estreantes
O ano marcou ainda o lançamento dos primeiros discos de alguns artistas que se tornariam peixe grande: Smashing Pumpkins ("Gish"), Blur ("Leisure"), Alanis Morisette ("Alanis"), Tupac Shakur ("2Pacalypse") e Cypress Hill ("Cypress Hill"), entre outros.
No Brasil
Enquanto isso, por aqui, Daniela Mercury lançava seu primeiro disco solo, que levava seu nome e trazia como primeiro single "Swing da Cor".
Marisa Monte, por sua vez, surpreendia o país com seu segundo LP, "Mais", como os hits "Beija Eu", "Ainda Lembro" e "Eu Sei (Na Mira)".
Duplas
Em 1991, o sertanejo substituía o rock nacional —que teve um auge de popularidade nos anos 1980— como ritmo reinante nas rádios brasileiras.
Nesse ano, Leandro & Leonardo lançavam o disco "Vol.5" (com "Sonho por Sonho" e "Não Aprendi Dizer Adeus"), Chitãozinho & Xororó soltavam o LP "Planeta Azul" ("Brincar de Ser Feliz" e "Foge de Mim") e Zezé Di Camargo & Luciano estreavam com um álbum homônimo, estourando com "É o Amor".
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