A era pop de Priscilla Alcantara começou oficialmente hoje, com o lançamento do EP "Tem Dias (Expansão)". Depois de muita expectativa, a maior revelação da música gospel dos últimos anos aposta em uma nova fase, que ela define como uma mistura de liberdade e desafio.

Apesar do mundo novo, Priscilla já está "calejada" com a indústria do entretenimento. Para quem não se lembra, antes de ser uma das maiores popstars do gospel, ela já aparecia na TV aos 8 anos, no comando do "Bom Dia & Cia", do SBT.

Desde pequena, então, conviver com a mídia faz parte do dia a dia.

"Eu não tinha muita noção de que era famosa. Na minha cabeça, eu era só uma criança que tinha um trabalho e ganhava um dinheiro no fim do mês", conta a cantora, que deixou a TV em 2013 para dedicar-se exclusivamente à música.

A carreira de artista evangélica deslanchou a ponto de "furar a bolha" do gospel e chegar a outros públicos. Canções como "Me Refez" e "Girassol", parceria com Whindersson Nunes, somam mais de 100 milhões de views no YouTube.

A fase cristã da carreira da cantora é marcada por músicas em que a religiosidade não aparece de forma explícita. "Nem era tão gospel assim (risos)", brinca Priscilla, ao descrever o tipo de som que fazia.

Agora, a "aprendiz do pop", como ela se descreve nos vídeos de lançamento de "Tem Dias", diz estar pronta para encarar a nova fase como artista; mas isso não quer dizer que ela vai mudar "como pessoa".

A decisão de cantar a chamada "música do mundo", como os artistas cristãos se referem aos estilos não religiosos, vem acompanhada de muita resistência. Priscilla relata que, tanto dentro como fora da igreja, já sofreu preconceito por ser "pop demais para o gospel" — e vice-versa.

"Infelizmente o cristão que é artista sofre muito, porque existem muitos tabus dentro do meio religioso e também uma falta de compreensão de todos os lados", explica a cantora.

E questiona:

A maior resistência, segundo Priscilla, vem de dentro da própria comunidade evangélica. A cantora usa a própria religião para derrubar a tese de que cristão não pode cantar música do mundo.

"Primeiro que não tem fundamento bíblico, falando sobre a religião. Não tem nada no Cristianismo que obrigue o artista crente a fazer arte gospel. Não existe isso", explica a cantora.

Ela defende: talento deve ser usado para todos os tipos de música.

Com a experiência de quase 20 anos de carreira artística, ela agora quer encontrar um espaço nesse novo universo, o das cantoras pop. A maior inspiração vem de fora: "Desde que eu decidi que queria ser uma performer, eu olho para a Beyoncé. Acompanho tudo que ela faz".

Com coragem e tranquilidade, a nova popstar quer conquistar espaço entre as brasileiras. "Acredito que as pessoas vão entender como elas podem consumir a minha arte e me posicionar enquanto artista conforme eu for fazendo meu trabalho", comenta, serena.

E o cartão de visitas vem com quatro faixas: além de "Tem Dias", faixa-título do álbum, Priscilla varia entre o pop dançante e as love songs com "Boyzinho"; "Correntes" e "Eu Não Sou Pra Você", com a participação de Lucas Silveira, que assina a produção do álbum.