Sem funk e com fiscal de máscaras: como o Rio tenta voltar com os shows
Noite quente no Rio de Janeiro e cariocas ocupando boa parte dos bares da cidade, ao mesmo tempo que ainda lutam contra a pandemia de covid-19. Era neste cenário em que Nando Reis subia aos palcos da cidade para dois dias de shows na zona sul, cantando ao lado do filho, Sebastião Reis, nos últimos dias 20 e 21. A apresentação aconteceu na tradicional casa Vivo Rio, e Splash acompanhou como o espaço busca, segundo eles, "dar exemplo na retomada da vida cultural da cidade''.
Logo na entrada, tudo muito diferente para quem estava acostumado a frequentar o local. Se antes muitas barraquinhas de lanches e bebidas disputavam clientes, por agora, nenhuma delas ocupa o calçadão em frente à casa de espetáculos.
Seu Juarez, 71, vendedor há mais de 20 anos, explica o que estava acontecendo.
Proibiram as barraquinhas de comida na frente da casa. Agora, só podemos ficar distantes, na lateral, ou então lá atrás. Estou me virando como posso, a gente sempre dá um jeito.
No lugar das barraquinhas, estruturas como "grades" dividiam espaços para que as pessoas pudessem entrar na casa de shows respeitando o distanciamento. Funcionários da casa recebiam o público com álcool em uma mão e medidor de temperatura na outra. Respeitando as regras, a lotação máxima do espaço para a noite era de 40%.
"Contratamos novos funcionários para atender todas as novas demandas. Além disso, treinamos todos eles para entenderem a importância dos procedimentos. O cliente deve ter as mãos higienizadas, tirar a temperatura, e, o principal, estar sempre de máscara. Só fazemos shows com mesas, e elas respeitam o distanciamento de 1,5 metros. Queremos dar exemplo e pecar pelo excesso, não pela falta", explica Jorge Valbuena, gerente operacional do Vivo Rio.
'Curral' e drible aos cambistas
O show daquela noite combinava com um público, segundo Jorge, "mais adulto e tranquilo, que respeita as regras". Mas o Vivo Rio, antes da pandemia, já recebeu diversos tipos de eventos, incluindo bailes funks. Por enquanto, isso ficou no passado.
Evitamos funk. Não podemos colocar pistas de dança, e alguns ritmos podem deixar o público mais agitado. Só fazemos shows em que seja possível ter mesa. Já fizemos o pagode do Thiaguinho, por exemplo, e colocamos grades, como um 'curral' entre as mesas. Assim poderiam levantar para dançar, mas sem contato.
O maior desafio, segundo o gerente operacional do local? Driblar os cambistas.
Não é permitido que pessoas que não sejam do mesmo convívio dividam mesa. Por isso, vendemos de duas maneiras: ou compra a mesa completa, quatro ingressos, ou a pessoa compra dois e nós não deixamos outras pessoas dividirem o espaço. O problema é que cambistas compram quatro e vendem separado na porta. Preciso até deixar mesas na reserva para fugir desse problema. Como vou colocar pessoas que não se conhecem juntas? Vai dar confusão.
Sem máscara para beber e comer
O principal motivo para proibir que pessoas de convívios diferentes se sentem juntas é a ausência de máscaras quando é feito o consumo de bebidas e comidas. Boa parte do show, o público - respeitando a distância das mesas - fica sem máscara para consumir no bar do espaço. É o único momento em que a proteção é liberada. Caso contrário, seguranças, que circulam com lanterninha na mão, pedem que a máscara seja colocada.
No palco: emoção e hit pedindo fim da pandemia
Durante o show, Nando Reis mostra muita emoção em poder cantar novamente para um público e chega a ficar com os olhos cheios de lágrimas.
"Que saudade de ouvir gente cantando e gritando. Passamos a valorizar muito quando estamos privados de algo. É o momento de se proteger, mas também de se declarar ainda mais para as pessoas que amamos", diz o cantor em determinado momento.
Ao cantar um de seus hits, a música "N", uma adaptação à letra pede o fim da pandemia:
Espero que essa p*rra de pandemia acabe para que a gente possa se ver de novo.
O artista chega a mostrar ao público algumas canções inéditas, e entrega: "Na impossibilidade de fazer shows me dediquei a compor".
Na despedida, Nando Reis volta a se emocionar, desta vez de mãos dadas com o filho. Alguns fãs tentam tirar foto com ele próximo ao palco. Mas, sem máscara, nada de selfies.
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