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Jéssica, Nissim Ourfali e mais: o trauma de virar meme na adolescência

Nissim Ourfali sofreu ataques antissemitas e ameaças de morte após um vídeo sobre seu Bar-Mitzvá Reprodução

De Splash, em São Paulo

02/09/2021 10h46

Tem gente que sonha em viralizar, ficar famoso na internet e ser reconhecido aonde quer que vá.

Mas quando isso acontece na adolescência, pode ter efeitos que duram a vida toda.

É o caso de Lara, que disse a frase famosa no meme "Já acabou, Jéssica?".

Ela tinha 12 anos em 2015, quando uma briga com uma colega na saída da escola foi filmada e viralizou.

Imagem: Reprodução/Instagram

Por causa do vídeo, Lara virou alvo de bullying, abandonou a escola, passou a se cortar e começou um tratamento psiquiátrico. Tudo isso aos 12 anos de idade!

Hoje, aos 18, ela trabalha como auxiliar de limpeza e, com a outra menina do vídeo, processa as emissoras onde o vídeo foi exibido.

Se eu parar pra pensar demais nisso, me faz mal. Não é algo que eu goste, mas é uma coisa que aconteceu, não tem como voltar atrás. Lara da Silva em entrevista à BBC News Brasil

Nissim Ourfali, famoso pela paródia de uma música do One Direction sobre seu bar-mitzvá, também teve uma experiência ruim com os memes.

Imagem: Reprodução

Sua família sofreu ataques antissemitas e até ameaças de morte.

Em 2012, ele processou o Google para que o vídeo fosse retirado do YouTube — o processo corre em segredo de justiça. A última atualização divulgada foi em 2016, com a determinação de que o material fosse excluído. Ainda cabia recurso.

Aos 15 anos, Débora fez uma selfie com os óculos do primo em uma confraternização de família.

A adolescente fez a foto porque estava se sentindo bonita, mas rapidamente a imagem passou a ser compartilhada com comentários racistas: a "diva da Oakley" virou exemplo de mulher feia.

Virar meme acabou sendo um trauma em sua saúde mental e autoestima:

Eu me sentia muito feia, muito humilhada e inferior às outras meninas. Nos comentários sobre os memes com a minha foto, falavam muito sobre a minha aparência e isso me chateava.

O trauma não parece ser tão grande quando se viraliza já adulto.

Mas os efeitos ainda existem: em 2019, aos 22 anos, Brittany Broski foi demitida após viralizar com um vídeo experimentando a bebida kombucha pela primeira vez.

Brittany, que trabalhava num banco, tentou explicar para seus chefes que ela só postou o vídeo original, e foram outras pessoas que compartilharam com legendas obscenas.

Mas não adiantou: ela foi demitida porque a empresa não queria seu nome associado ao meme.

Como Brittany já era mais velha, ela conseguiu manobrar a situação a seu favor: virou uma criadora de conteúdo online, com 6 milhões de seguidores no TikTok.

Virar um meme é muito desumanizador. As pessoas esquecem que você é uma pessoa real. Brittany Broski em entrevista ao Buzzfeed

Quen Blackwell viralizou aos 16 anos com vídeos de humor postados no Vine.

Ela tentou aproveitar a fama para promover a marca de cosméticos de sua família, mas não funcionou: o público percebeu que ela usava filtros em suas fotos e passou a atacá-la.

Os ataques afetaram a saúde mental da adolescente, que desenvolveu distúrbios alimentares e depressão.

Um dia, ela postou um vídeo chorando e um print da cena acabou virando seu meme mais popular: o da menina explicando algo para a mãe.

Imagem: Reprodução

Em entrevista ao BuzzfeedVideo, ela diz que não recomenda a fama online a nenhum adolescente:

Eu ainda estava me encontrando, experimentando, fazendo coisas doidas (...). É uma coisa horrível. Se você tem 16 anos e está na internet, saia dessa m*rda e vá cometer erros onde ninguém pode ver.

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