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Harry Potter Brasileiro? Sergio Mamberti conquistou gerações com 'Castelo'

Sérgio Mamberti voltou a encontrar o porteiro do 'Castelo Rá Tim Bum' em 2017
Sérgio Mamberti voltou a encontrar o porteiro do 'Castelo Rá Tim Bum' em 2017
Foto: Celso Tavares/G1

De Splash, em São Paulo

03/09/2021 10h55

Raios e Trovões! Morreu hoje aos 82 anos Sérgio Mamberti. Eternizado como o Doutor Victor do "Castelo Rá-Tim-Bum", o ator fez parte da infância daqueles que cresceram com o programa da TV Cultura produzido entre 1994 e 1997.

Marca do Brasil

Com 90 episódios e um especial, "Castelo Rá-Tim-Bum"é considerado um marco da produção audiovisual na TV brasileira. O programa acompanhou a história de Nino (Cássio Scapin), um garoto de 300 anos que morava com o tio, o Dr. Victor, e sua tia-avó, Morgana (Rosi Campos).

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Os três moravam em um Castelo na cidade de São Paulo. Nino, aprendiz de feiticeiro, nunca frequentou a escola e, para não ficar sozinho, conjura um feitiço e leva três crianças para o Castelo. Durante os episódios, Nino recebia as visitas e o grupo criava altas aventuras.

Por ter cunho educativo, "Castelo Rá-Tim-Bum" misturava histórias de fantasia com lições sobre a cultura e o folclore brasileiros. O programa teve o orçamento mais caro da TV Cultura, e originou livros, uma exposição e até um filme, lançado em 1999 e que expande a história da família Stradivarius.

Reprodução/Youtube/TV Cultura - Reprodução/Youtube/TV Cultura
Cena de 'Castelo Rá-Tim-Bum'
Imagem: Reprodução/Youtube/TV Cultura

O programa rapidamente se tornou um sucesso de audiência. Logo na estreia, cravou 8 pontos no Ibope e gerou preocupação para o SBT, que ocupava a vice-liderança na faixa (das 19h às 19h30). O "Castelo" chegou a atingir 12 pontos no seu auge, com picos de até 14 em reprises.

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Raios e Trovões!

Victor Astrobaldo Stradivarius Victorius era irmão da mãe de Nino, e um poderoso cientista, inventor e feiticeiro, amigo de crianças, animais e máquinas. Figura paterna para Nino, tio Victor não poupava broncas quando o garoto estava sendo muito teimoso.

O que aconteceu foi um fenômeno. Não tenho nenhum personagem que esteja presente no imaginário nas pessoas, e olha que já fiz muita coisa. O Dr. Victor é meu alter ego.
Sérgio Mamberti, para o 'Oi, Sumido'

Seu bordão era o eterno "raios e trovões!", que dizia quando ficava irritado —na maioria das vezes, com o sobrinho. Quando o tio Victor pronunciava as palavras, acabava provocando justamente que raios e trovões ecoassem no céu.

E, apesar da rigidez, o Dr. Victor era muito atencioso e dedicado.

Exportado para mais de 15 países, "Castelo Rá-Tim-Bum" venceu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte em 1995, e chegou a ser premiado no Festival de Nova York em 1995 com a medalha de prata de Melhor Programa Infantil.

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Harry Potter brasileiro

Criado três anos antes de a escritora J.K. Rowling lançar o livro "Harry Potter e a Pedra Filosofal", Nino acaba sendo comparado com "O Menino Que Sobreviveu". Afinal, ambos fizeram parte da infância de muitos adultos que cresceram na década de 1990.

Danilo Verpa/Folhapress - Danilo Verpa/Folhapress
Cao Hamburger na exposição de 'Castelo Rá-Tim-Bum'
Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Durante a CCXP 2019, o diretor e produtor Cao Hamburger, cocriador do "Castelo", afirmou que, na época do lançamento do programa, a TV Cultura foi acionada por várias TVs americanas, interessadas nos direitos da obra. "O Nino poderia ter sido o Harry Potter", afirmou.

As negociações para adaptações internacionais da história, no entanto, acabaram não evoluindo. Hamburger também contou que havia planos para todo um mundo mágico como o de "Castelo Rá-Tim-Bum", mas o projeto acabou ficando financeiramente inviável para a emissora.

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Reprodução/Instagram/angeladippe - Reprodução/Instagram/angeladippe
Ângela Dip, vestida de Penélope, posa com Sérgio Mamberti
Imagem: Reprodução/Instagram/angeladippe

Eternizado

Em 2014, o "Castelo Rá-Tim-Bum" ganhou uma exposição no Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo, que comemorou os 20 anos da atração. Mais de 2000 pessoas passaram diariamente pela mostra, que levou 410 mil pessoas ao local. Em 2017, a exposição retornou no Memorial da América Latina.