Dudu chamava Roberto Carlos de paizão e ficou tenso com o Rei na plateia
Dudu Braga morreu aos 52 anos devido a um câncer de peritônio. Há pouco mais de cinco anos, ele se arriscou em uma nova carreira. Resolveu seguir os passos do pai, Roberto Carlos, na música e lançou seu primeiro disco. Cego desde 1994, após sofrer um descolamento de retina decorrente de glaucoma congênito, Roberto Carlos II, ou "Segundinho", virou baterista e produtor da banda tributo RC na Veia.
É complicado ser filho do Roberto Carlos, né? Mas é muito bom também disse Dudu em entrevista ao UOL, em 2015
"Meu pai é um cara maravilhoso. A gente tem que aprender a conviver com isso na música. A referência dele é muito alta. O perfeccionismo que ele tem. É conhecido muito pela afinação, interpretação. São duas coisas às vezes difíceis de convergir. E o "paizão" tem as duas coisas. Ele é a perfeição total. E eu também não posso negar que sou meio perfeccionista, e graças a Deus tenho um bom ouvido. Procuro isso também."
Em 2015, sob os olhares do pai na plateia, fez a primeira participação no cruzeiro anual de Roberto Carlos, tocando o repertório roqueiro do mais popular cantor romântico do Brasil.
"Foi muito tenso porque eu sabia que o papai iria vir. Sabia que o Eduardo Lages [maestro e líder da banda de Roberto Carlos] estaria na plateia com os outros músicos. Foi uma tensão muito grande. Tocamos a primeira e, depois que tocamos a segunda e veio aquele aplauso, pensei 'Ah! Acho que vai dar para se divertir'. Aí relaxei e toquei com o coração. O pessoal gosta. O papai canta mais as românticas, mas o público tem vontade de ouvir 'Eu Sou Terrível', 'O Calhambeque'. Aquele repertório bem 'rock'n'rollzão'."
A gente conversa bastante sobre música. E ele mesmo pergunta, de vez em quando, o que eu achei disso ou aquilo. E eu ouço muito o que ele diz. A experiência dele é imbatível
Sorriso largo no rosto, Dudu sabia da responsabilidade que o DNA lhe impõe. E para driblar as comparações, inevitáveis, recorria a um bom humor marcante. Uma característica que, segundo ele, sempre fez parte de sua personalidade.
Publicitário de formação e ex-surfista, o filho da primeira mulher de Roberto Carlos, Nice Rossi, era conhecido também pelas palestras que ministrava para deficientes visuais no Brasil. Foi em uma delas, em 2013, meio no improviso, que a brincadeira de tocar bateria acabou dando início a uma nova e surpreendente fase de sua vida.
"Na adolescência, fui surfista, por dez anos, de 82 a 92, quando comecei a perder a visão. Achava que seria profissional, mas era só ilusão."
*Com trechos de entrevista publicada em 11 de fevereiro de 2015
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