Sem sacanagem, 3ª temporada de 'Sex Education' prova que sexo é uma delícia
ATENÇÃO: esse texto contém spoilers leves da terceira temporada de "Sex Education"
A terceira temporada de "Sex Education" chega hoje à Netflix com o mérito de se manter tão boa, talvez até melhor, que sua temporada de estreia e a segunda, ambas excepcionais. A cena de abertura com casais de todos os tipos praticando o bom e velho sexo dá o tom do que vem aí nos oito episódios inéditos, que Splash já assistiu.
A única temporada (até agora) em que a clínica de aconselhamento sexual de Otis (Asa Butterfield) e Maeve (Emma Mackey) não funciona nem uma vez sequer é, na verdade, a que mais mostra os temas levantados na série de forma prática.
Não, não estamos falando só de sacanagem (que também tem um pouco, afinal todo mundo gosta), mas da extrema importância da educação sexual não só para adolescentes, mas também para os adultos.
Personagens como o ex-diretor da escola de Moordale, o conservador Michael Groff (Alistair Petrie), e sua ex-mulher, Maureen Groff (Samantha Spiro), ganham bastante destaque, assim como o relacionamento conturbado de Jean Milburn (Gillian Anderson) e Jakob (Mikael Persbrandt).
No núcleo adolescente, prepare-se para entender o que se passa na cabeça de Adam (Connor Swindells) e talvez até se apaixonar por ele, que finalmente cede aos encantos de Eric (Ncuti Gatwa). A amizade de Aimee (Aimee Lou Wood) com Maeve ganha novos contornos, e Aimee se mostra uma das mais queridas da série.
A diversidade também ganha espaço com questões de gênero, transexualidade, acessibilidade e ageísmo, tudo de forma leve, divertida e embalada por uma trilha cheia de hits britânicos de todos os tempos.
É uma delícia descobrir prazeres junto com quem está aprendendo e com os hormônios a mil, assim como observar as histórias daqueles que estão se redescobrindo após anos reprimidos. É divertido assistir a uma geração que lida com naturalidade com temas que antes eram tabu, como a masturbação e a diversidade de corpos. É gostoso entender aquelas questões que ninguém tem coragem de perguntar, por exemplo, como um deficiente físico se relaciona sexualmente e sente prazer.
É também doloroso ver uma tentativa forçada de regressão dentro da própria escola, que "queimou seu filme" na última temporada quando ficou conhecida como a escola do sexo. Pela primeira vez, a série traz um outro lado, como discursos pró-abstinência, homofobia, preconceito contra pessoas não-binárias e uma tentativa forçada de unificação que se mostra explicitamente sem sentido.
A graça é assistir a tudo isso, refletir, se indignar, e ao mesmo tempo poder dar risada com a forma caricata (sempre no bom sentido) de grande parte do elenco e as pitadas de humor britânico que guiam a série.
Desde o início, "Sex Education" soube trazer diversidade sem parecer forçada, e até faz uma piada com isso no meio da temporada. Dica: preste bastante atenção em Viv (Chinenye Ezeudu), que vira a líder estudantil do colégio.
A terceira temporada de "Sex Education" também mostra que a série está cada vez mais humana. Vão-se as preocupações típicas de estudantes do Ensino Médio, chegam as questões da vida adulta. Relacionamentos dificilmente são perfeitos, sentimentos podem mudar rapidamente, privilégio é algo que raramente se sente, apenas quando ele é tirado de você.
Prepare-se ainda para se divertir e se inspirar com as mais improváveis fantasias que permeiam as mentes das pessoas, a coleção de revistas pornô destruídas por uma cabra, e a reação de Maureen Groof ao dar de cara com um pênis enorme de borracha na gaveta de calcinhas de Jean. Por que ela foi mexer ali? Faz sentido, pode acreditar.
E, para quem está se preparando para a maratona no fim de semana, uma dica: não assista ao episódio 5 enquanto estiver comendo.
"Sex Education" cumpre o que promete já no título e realmente educa ao mostrar o sexo de todas as formas, com todas suas dores e delícias. E, por mais que possa parecer constrangedor, acredite: é uma série para toda a família!
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