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Uma Thurman confessa que já fez um aborto: 'Segredo mais obscuro'

Uma Thurman revela aborto na adolescência - AFP
Uma Thurman revela aborto na adolescência Imagem: AFP

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/09/2021 22h56Atualizada em 22/09/2021 11h21

Uma Thurman, de 51 anos, contou que já fez um aborto e que esse era seu "segredo mais obscuro". A estrela de Kill Bill também disse que a história ocorreu na adolescência.

Em texto para o Washington Post publicado hoje, a atriz confessou a operação que fez quando adolescente, após criticar a proibição do aborto no Texas.

A atriz disse que se engravidou acidentalmente, no final da adolescência, de um homem muito mais velho. "Comecei minha carreira de atriz aos 15, trabalhando em um ambiente onde muitas vezes era a única criança na sala. Eu vivia com uma mala na Europa,
longe da minha família e prestes a começar um trabalho. Lutei para descobrir o que fazer. Eu queria ficar com o bebê, mas como?", disse ela.

Uma contou que a decisão do aborto partiu de um consenso entre sua família. Eles viram que ela não poderia continuar com a gravidez e concordaram que a interrupção era a escolha certa.

Nunca tínhamos falado sobre sexo antes. Esta foi a primeira vez e foi terrível para todos nós. Eles me perguntaram sobre a situação do meu relacionamento - não era viável - e me alertaram sobre como seria difícil criar um bebê na adolescência sozinha. Minha fantasia infantil de maternidade foi corrigida profundamente enquanto eu pesava as respostas para perguntas muito precisas. Eu estava apenas começando na minha carreira e não tinha os meios para fornecer uma casa estável, nem mesmo para mim.

A atriz contou que realizou o procedimento com a ajuda de uma amiga mais velha na Alemanha. No consultório na cidade de Colônia, ela recebeu anestesia local e fez o aborto. "Fiquei acordada na mesa enquanto o médico, que era um homem gentil, explicava cada etapa do processo conforme acontecia. Doeu terrivelmente, mas não reclamei. Eu havia internalizado tanta vergonha que sentia que merecia a dor", contou Uma.

Uma segue relatando sobre o procedimento de aborto. Ela contou que teve um momento entre ela e o médico em que sentiu o gesto de delicadeza. "Meus dedos estavam firmemente travados em meu peito e, quando o procedimento foi feito, o médico olhou para mim e disse: 'Você tem mãos lindas - você me lembra minha filha'. Esse único gesto de humanidade está gravado em minha mente como um dos momentos mais compassivos que já experimentei. Aos seus olhos, eu era uma pessoa, era uma filha, ainda era uma menina", disse ela.

Segundo ela, há muita dor nessa história. "Esse tem sido o meu segredo mais sombrio até agora", afirmou.

A atriz disse que não se arrepende do caminho que percorreu, além de aplaudir e apoiar as mulheres que fazem uma escolha diferente. Para ela, essa decisão permitiu ter filhos quando estava pronta, para assim dar um lar estável. "O aborto que fiz na adolescência foi a decisão mais difícil da minha vida, que me angustiava na altura e que ainda hoje me entristece, mas foi o caminho para uma vida cheia de alegria e de amor que experimentei. Optar por não manter aquela gravidez precoce me permitiu crescer e me tornar a mãe que eu queria e precisava ser", disse ela.

Uma é mãe de Maya e Levon, filhos com o ex-marido Ethan Hawke, e de Luna, com o ex-noivo Arpad Busson.

A atriz disse que resolveu compartilhar sua história é para manifestar apoio às mulheres do Texas. "Não tenho nada a ganhar com essa divulgação e talvez muito a perder. Ao revelar o buraco que essa decisão abriu em mim, espero que alguma luz brilhe, alcançando mulheres e meninas que podem sentir uma vergonha da qual não podem se proteger e não têm autoridade sobre ela. Posso garantir que ninguém se encontra naquela mesa de propósito", disse.

De acordo com ela, a lei do estado representa mais uma discriminação contra quem não tem poder aquisitivo para fazer um procedimento seguro. "Esta lei é mais uma ferramenta discriminatória contra aqueles que estão em desvantagem econômica e, muitas vezes, de fato, contra seus parceiros... mulheres e filhos de famílias ricas mantêm todas as opções do mundo e enfrentam poucos riscos. Estou muito triste, também, que a lei opõe cidadão contra cidadão, criando novos vigilantes que atacarão essas mulheres desfavorecidas, negando-lhes a escolha de não ter filhos para os quais não estão equipadas para cuidar, ou extinguindo suas esperanças para a família futura que podem escolher", disse.