Modelo Ludmila Cassemiro ouve que seu cabelo 'assusta' e denuncia racismo
Ludmila Cassemiro expôs em suas redes sociais uma ofensa racista que recebeu enquanto caminhava pelo bairro Cachoeirinha, em Belo Horizonte. A modelo e atriz ouviu de um homem desconhecido, que se dizia fotógrafo, que seu cabelo incomodava e assustava as pessoas.
"Eu acabei de vivenciar uma situação racista. Eu estava indo para a academia, passando ali no bairro Cachoeirinha, e um cara me parou e falou para mim que o meu cabelo incomodava, que fazia tempo que ele queria me falar isso. Que o meu cabelo assustava as pessoas. E que ele como fotógrafo tinha autoridade para falar sobre o meu cabelo e a forma que eu o uso", contou Ludmilla,
Ela postou o vídeo do diálogo em seguida:
Homem: A base dele [do cabelo] e a ponta é a mesma.
Ludmila: Então o meu cabelo assusta?
Homem: Assusta.
Ludmila: Entendi
Homem: Eu sempre quis falar isso pra você.
Ludmila: A sua língua também [assusta].
Homem: Exatamente. Mas eu sou fotógrafo, posso falar.
Ludmila: E eu sou modelo.
Homem: Se for contar o número de pessoas que você assusta...
Ludmila: Você é racista.
Homem: Não é racista, não.
Ludmila: Ah, não? Eu não quero te ouvir. Guarda o seu racismo pra você.
A modelo continuou o vídeo contando que essa é uma situação recorrente e que o caso que ela expôs não foi isolado. "O nosso cabelo é lido como palpável de críticas. As pessoas se sentem no direito de marginalizar os nossos elementos."
Em seguida, Ludmila —que também é ativista e comunicadora— explica que o cabelo dela e de outras pessoas pretas não é apenas um elemento estético, e sim um elemento político. "Faz parte do nosso corpo enquanto uma existência política. É um símbolo de resistência da nossa cultura."
Ela ainda disse que esses constantes ataques afetam a saúde mental e o conforto de apenas existir e caminhar em paz. Ludmila disse que já perdeu chances no mercado de trabalho, outras em que foi demitida, entre outros problemas que enfrentou por causa de sua imagem.
"Isso pode acontecer todos os dias. Mas eu não vou desistir de ter voz e não vou abrir mão do meu lugar de fala. Eu não vou desistir de lutar pelo meu povo e exercer o meu trabalho social. Eu levo e continuo levando a ideia de enquanto ferirem a minha existência eu vou resistir. Por mais que doa."
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