Topo

'Maid': conheça a história real por trás da nova minissérie da Netflix

Alex (Margaret Qualley) e Maddy (Rylea NEvaeh Whittet) em "Maid" - Ricardo Hubbs/Netflix
Alex (Margaret Qualley) e Maddy (Rylea NEvaeh Whittet) em "Maid" Imagem: Ricardo Hubbs/Netflix

Laysa Zanetti

De Splash, em São Paulo

17/10/2021 04h00Atualizada em 17/10/2021 07h07

Ela pode até ter ficado meio ofuscada por causa do fenômeno "Round 6", mas tem ganhado seu espaço: a nova minissérie "Maid", da Netflix, conta uma história real que emociona e precisa da companhia de uma caixinha de lenços ao lado.

Inspirada na vida de Stephanie Land, a série conta a história de Alex (Margaret Qualley), uma mulher que trabalha como empregada doméstica para tentar pagar as contas e sustentar a filha, Maddy, com muito custo e sem apoio da família.

A trama começa quando Alex decide sair do trailer em que mora com o marido, Sean (Nick Robinson), no meio da noite, levando a filha de três anos. Vítima de abuso psicológico, a jovem mãe cumpre uma jornada tripla para cuidar da filha enquanto trabalha numa empresa terceirizada de empregadas domésticas, chamada Value Maids, e conta com os escassos (e burocráticos) auxílios governamentais para ter o que comer e onde morar.

O pouco que recebe, é claro, não dá para o sustento.

Os dez episódios da série são inspirados na história real contada no livro "Superação: Trabalho Duro, Salário Baixo e o Dever de Uma Mãe Solo", um dos mais vendidos do New York Times.

Durante anos, Land viveu abaixo da linha da pobreza, contando apenas com os auxílios do governo para cuidar da filha, Story. Seu trabalho como empregada doméstica era em uma empresa que oferecia baixo retorno aos seus funcionários.

Margaret Qualley e Rylea Whittet em "Maid", da Netflix - Ricardo Hubbs/Netflix - Ricardo Hubbs/Netflix
Margaret Qualley e Rylea Whittet em "Maid", da Netflix
Imagem: Ricardo Hubbs/Netflix

Por isso, temas como a violência doméstica e a "uberização" das relações de trabalho são bastante discutidos na série, que conta com o carisma da pequena Rylea e o talento de Margaret Qualley ("The Leftovers", "Era uma Vez em... Hollywood") a seu favor.

Apesar de uma trama emotiva, não tenha medo: a jornada compensa.

Na vida real, Land cresceu entre Washington e Alaska e teve sua primeira filha por volta dos vinte e poucos anos. Quando decidiu se afastar do companheiro, que cometia violência psicológica contra ela, não teve o apoio da família. Apesar de passar um tempo com o pai, saiu de lá após vê-lo agredir a esposa.

Sua mãe também não dava o apoio necessário.

Por isso, Land precisou contar com programas de assistência do governo, tão burocráticos quanto a série revela. Em seu livro, a escritora denuncia a lentidão dos processos como algo que prejudica apenas os mais necessitados.

E, depois de viver por anos com ajuda de cupons de comida, ela certamente tem este lugar de fala.

Carreira de escritora

Stephanie Land e a filha, Story - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Stephanie Land e a filha, Story
Imagem: Reprodução/Instagram

Land lançou o seu livro em 2019, e ele estreou em terceiro lugar no topo dos mais vendidos do jornal The New York Times. O livro é uma extensão de um artigo que ela escreveu para o site Vox, em 2015, intitulado "Eu passei 2 anos limpando casas. O que eu vi me fez nunca querer ser rica" (em tradução livre).

No artigo, ela revela que o tédio a fazia espionar gavetas e pertences das casas que limpava e explica que era a partir dessas observações que entendia quem eram as pessoas que moravam ali.

Para ela, observar a vida dos ricos mostrou que os segredos que as pessoas escondem, muitas vezes, são mais sujos que o chão empoeirado.

Como ela está hoje

A transição para a carreira de escritora veio com muito sacrifício. Depois de alguns anos trabalhando para a companhia como terceirizada, Land conseguiu seus próprios clientes, com quem passou a receber um pouco melhor.

Após isso, ela conseguiu usar empréstimos estudantis e se mudar para Missoula, no estado de Montana, onde cursou Escrita Criativa na Universidade. Foi nessa época que começou a publicar suas escritas em blogs e jornais de circulação local, e chegou a veículos de maior porte, como o Huffington Post e a Vox.

Hoje, Stephanie é casada novamente, e continuou trabalhando como escritora independente após concluir os estudos. Ela conheceu o marido em 2018, ele mesmo pai solteiro de um rapaz mais velho (que mora sozinho) e de uma menina. Depois que os dois se casaram, ele adotou a filha mais nova de Stephanie, Coraline, atualmente com 7 anos.

Segundo ela, os dois tentaram engravidar, mas desistiram depois de quatro abortos espontâneos. Agora, a família é formada pelas três filhas —James (16), Story (14) e Coraline— e três cachorros.