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Diretor de 'Fátima' acredita que Sônia Braga tem a 'alma da irmã Lucia'

Sônia Braga como Lúcia em Fátima - Divulgação
Sônia Braga como Lúcia em Fátima Imagem: Divulgação

Fernanda Talarico

De Splash

19/10/2021 04h00

"Fátima - A História de Um Milagre" chegou recentemente aos cinemas brasileiros e apresenta a história de três crianças que relataram terem encontrado Virgem Maria em 1917. A trama se inicia quando irmã Lúcia, uma dos Pastorinhos de Fátima, relembra os acontecimentos aos contar a sua história ao professor Nichols. Este encontro poderia passar batido durante o longa, se os personagens não fossem vividos por Harvey Keitel e Sônia Braga.

À Splash, o diretor de "Fátima - A História de Um Milagre", Marco Pontecorvo, contou acreditar que a escolha da atriz foi a mais acertada possível. "Eu estava conversando com uma amiga que temos em comum e discutíamos que poderia viver a versão adulta da Irmã Lucia. Ela me perguntou se eu sabia quem era Sônia Braga e apenas respondi: 'Mas é claro que eu sei!'."

Então, ela perguntou se eu gostaria de conhecê-la pessoalmente, para ver o que eu achava sobre ela poderia viver a personagem. Nos encontramos, e mesmo que ela tenha um passado completamente diferente do vivido pela irmã Lucia, eu vi a humanidade e sensibilidade necessárias para criá-la, e foi como Sônia fez de maneira belíssima.

O cineasta revelou ter trabalhado ao lado da atriz para definir os traços e características da personagem, mas não foi necessário muito esforço. "Ela entende imediatamente qual era a alma necessária para interpretar irmã Lucia", contou.

Trabalhamos nisso e, além de procurarmos alguém que se parecesse fisicamente com ela, queríamos uma atriz com a mesma alma. Se você analisar a alma da personagem, é a Sônia Braga. Colocamos os óculos, trabalhamos nos gestos, e carregamos a maquiagem para poder fazê-la mais velha. Ela é uma atriz incrível e foi uma escolha perfeita.

Fátima - A História de Um Milagre - Divulgação - Divulgação
Fátima - A História de Um Milagre
Imagem: Divulgação

Inglês em Portugal

A história acontece em território lusitano, no entanto, "Fátima - A História de Um Milagre" é todo falado em inglês, fato que é quase impossível passar despercebido para os espectadores brasileiros e chega a causar uma certa decepção para aqueles que prezam pela verossimilhança nas obras audiovisuais. E, mesmo sendo italiano, Pontecorvo também não gostou de trocar a língua oficial do filme.

Muita gente ficou triste, eu também fiquei. Mas quando você faz uma produção que tem patrocinadores que desejam chegar a muitos mercados, com certeza tem que ser em inglês. Se você faz um longa pequeno, digamos de US$ 2 milhões ou US$ 3 milhões, tudo bem. Mas não era esse o caso.

O diretor explicou sobre o desejo de que "Fátima - A História de Um Milagre" chegue ao maior número de países possível — algo que já está acontecendo —, e por contar com produtoras americanas por trás da obra, se tornou indispensável focar nos circuitos dos Estados Unidos.

Mas há um ponto bastante positivo, pois conseguimos Harvey Keitel no nosso elenco, algo que não aconteceria se o filme fosse em português.

Cena de 'Fátima - A História de um Milagre' - Divulgação - Divulgação
Cena de 'Fátima - A História de um Milagre'
Imagem: Divulgação

Ao se tratar das gravações, no entanto, não houve discussão: elas aconteceram em Portugal. "Foi tudo gravado em uma vila muito pequena, com poucas pessoas morando lá."

Mensagem de Paz

Para o diretor, o longa tem como principal intenção levar ao público uma mensagem de paz. "E, para isso, não há um momento certo."

Não há um momento certo para lançar um filme como esse. Ele fala sobre morte e o que vem depois, também questiona nossa espiritualidade e nossa relação com a religião. Mas, mais importante, fala sobre as relações interpessoais.

A relação entre Lucia e a mãe ao longo do filme, segundo Marco Pontecorvo, é bastante importante para entender que o amor transcende os problemas mundanos. "Esse é um dos temas principais e mostra a capacidade de amar mesmo nas desavenças."

Por fim, o diretor acredita que "Fátima - A História de Um Milagre" consegue chegar a todo o tipo de público, mesmo àqueles que não acreditam na religião católica. "A história fala de relações, e isso é importante para todos nós."