Quem é a estilista que largou grife para investir em maconha medicinal
De Splash, em São Paulo
21/10/2021 14h22
O que era para ser só uma história curiosa de mudança de carreira acabou virando uma dor de cabeça para Maria Antonia Chady. A estilista e empresária carioca viralizou pelos motivos errados no Twitter ao contar sua trajetória profissional no TikTok.
Ao contar as motivações para encerrar sua grife de pijamas Ayla, Maria Antonia foi criticada nas redes sociais pela suposta facilidade que teve para iniciar sua marca, ainda na adolescência. "Tão bom ser branco com grana né? Próxima vida quero vir assim", ironizou uma.
Pais poderosos
Você pode estar se perguntando: mas quem é Maria Antonia Chady? A jovem de 24 anos era a cabeça por trás da grife de pijamas Ayla que ela decidiu encerrar em 2021. No vídeo do TikTok, ela conta que tomou a decisão de empreender por não ter resultados satisfatórios na faculdade.
Queria roupas bonitas e não sabia onde comprar. Entrei na faculdade, me sentia à toa, ia para a praia e não fazia p* nenhuma. Falei 'Pai, quero ter uma marca' porque nunca tinha nota boa. Na faculdade, nunca vou conseguir mandar bem porque eu era uma péssima aluna!
Maria Antonia Chady
O pai emprestou R$ 30 mil para Maria Antonia dar o pontapé em sua marca. Ele é ninguém menos do que Mario Chady, empresário e co-fundador da rede Spoleto. A mãe, Daniela Chady, é sócia da marca Mixed, de roupas e joias.
Queria ser a dona do meu próprio negócio. Um mês depois do lançamento, paguei a dívida. O evento foi um sucesso; faturei R$ 60 mil. Eu era uma pirralha e minha marca estava realmente vendendo!
relembrou Maria Antonia em entrevista ao "O Globo" no ano passado
O perfil da Ayla no Instagram tem mais de 30 mil seguidores e Rafa Brites já estrelou campanhas para a marca de pijamas.
Mudança de percurso
Anos depois da criação da marca, Maria se viu insatisfeita com a grife e partiu numa jornada de autoconhecimento. Viajou para uma aldeia indígena no Acre e o contato com o povo yawanawá transformou sua cabeça.
Acabei indo para uma tribo indígena, tomando ayahuasca (espécie de chá alucinógeno) e me metendo no meio de uma floresta. Eu queria vender cristais na praia e virar uma hippie vendendo terapias holísticas. O que eu mais queria era vender a cura.
A tal "cura" veio através de uma modificação nos pijamas vendidos. Elas passaram a vir cheios de significados, acompanhados de pequenos cristais e até de reiki: Maria meditava com as peças e passava sua energia para elas.
Transformação radical
Mesmo depois dos pijamas exóticos, Maria ainda não se sentiu plenamente realizada. "Ainda assim, eu estava infeliz. O que eu queria não era o pijama, era a cura", desabafa ela no vídeo do TikTok.
Em junho deste ano, Maria Antonia comemorou o aniversário de cinco anos de sua marca, mas passou o dia deprimida na cama. Resolveu, então, fazer a diferença e mudar radicalmente de vida.
Liguei para um amigo meu que trabalha numa empresa de cannabis medicinal e perguntei: 'Posso trabalhar com você?' Ele falou: 'Vem pra cá que a gente vai arranjar alguma coisa pra você fazer'.
Maria então decidiu se mudar para São Paulo para se dedicar ao novo ramo de trabalho e fechou, enfim, a marca de pijamas. Vale lembrar que a cannabis medicinal não tem nada a ver com tráfico de drogas. O uso proporciona benefícios terapêuticos para portadores de diversas doenças.
Repercussão
Após a explosão do vídeo nas redes sociais, o perfil de Maria Antonia desapareceu do TikTok e sua conta no Instagram também foi restrita. No Twitter, as opiniões se dividiram, mas o vídeo chegou a ser compartilhado quase 20 mil vezes.
"Sendo uma pessoa de uma região com muito garimpo de cristais, é irônico ver o jovem místico falando de cura com um 'trem' cuja extração causa violência", opinou um. "Acho que ao invés de criticar a moça que nasceu numa família com acúmulo de bens, deveríamos criticar o sistema", sugeriu outro.