Belchior nascia há 75 anos: obra do cantor marcou geração e se mantém atual
A música brasileira comemora 75 anos do nascimento de Belchior em 26 de outubro de 2021, um de nossos maiores compositores e protagonista de um dos casos mais intrigantes da cultura popular nos últimos tempos.
Grande representante da MPB nos anos 1970 e 1980, o cantor enfileirou sucesso atrás de sucesso, ecoando com toda uma geração que vivia sob o regime militar. Canções como "A Palo Seco", "Apenas Um Rapaz Latino Americano", "Como Nossos Pais" (que tornou-se um hino na voz de Elis Regina), "Medo de Avião", "Tudo Outra Vez" e várias outras marcaram a história de tanta gente.
Belchior tratava de temas universais como o amor, as angústias da juventude e a saudade de casa, além de importantes reflexões políticas e sociais. Seu trabalho tornou-se atemporal e nunca deixou de ser relevante.
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Morto em abril de 2017, em decorrência de problemas de saúde, o artista cearense foi redescoberto por uma nova leva de fãs, que chegou à sua obra por meio de Emicida: em sua faixa "AmarElo" (2019), ele usou versos de Belchior em "Sujeito de Sorte", do disco Alucinação.
A ruptura de um aneurisma da aorta encerrou sua trajetória, mas quase uma década antes de morrer, Belchior já reentrava no imaginário popular quando foi revelado que ele estava desaparecido. Amigos e parentes relataram não ter mais notícias dele.
O sumiço do cantor gerou diversas teorias e repercutiu internacionalmente, até que uma equipe de reportagem do Fantástico (TV Globo) encontrou Belchior vivendo em um hotel nos pampas uruguaios. Lá, ele disse que estava trabalhando bastante em novas canções, além de traduzir "A Divina Comédia", obra máxima do italiano Dante Alighieri.
Belchior nunca mais voltaria à cena pública, passando os anos seguintes viajando entre muitas cidades, principalmente no sul do país, e chegando a morar na casa de fãs, até sua morte, na cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul.
Auge da carreira
Nascido Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes em Sobral (CE), o músico gostava de brincar dizendo que era, literalmente, um dos maiores nomes da MPB. De uma família com 23 irmãos, Belchior chegou a estudar medicina em Fortaleza, mas abandonou o curso para se dedicar à vida de cantor.
Tocando em festivais pelo Nordeste, em 1971, venceu o 4º Festival Universitário de MPB com a composição "Na Hora do Almoço", cantada por Jorge Melo e Jorge Teles.
No ano seguinte, teria a canção "Mucuripe", feita em parceria com o também cearense Fagner, gravada por Elis Regina, o que deu um empurrão em sua carreira.
Em 1974, estreou com seu disco homônimo, mas apenas dois anos depois, com "Alucinação" e todos os seus hits, Belchior alcançaria seu status máximo.
Nas décadas que vieram a seguir, o compositor se manteve extremamente ativo, lançando mais uma dezena de álbuns de grande sucesso, com intervalos de poucos anos entre eles, como "Coração Selvagem", considerado por muitos sua obra-prima, "Era uma vez um homem e seu tempo" e "Baihuno", seu último disco de inéditas, lançado em 1993, consolidando as principais ideias que Belchior teve durante sua carreira.
Período de reclusão
No início desse século, Belchior começou a se retirar da cena pública. Em 2006, cortou laços com família, empresário e produtores, e três anos depois fez sua última aparição, em um show de Tom Zé, em Brasília.
Envolvido com dívidas e processos, o desaparecimento do cantor começou a ser noticiado, até que fãs afirmaram tê-lo visto no Uruguai, onde foi realmente encontrado.
Na entrevista concedida na época, Belchior falou sobre os motivos do isolamento, as canções inéditas que estava escrevendo e o lançamento de suas músicas em espanhol.
Alguns anos mais tarde, objetos pessoais e uma suposta dívida foram deixados para trás em um hotel na cidade uruguaia de Artigas. Localizado em Porto Alegre, o compositor negou as acusações.
Nesse tempo fora de cena, Belchior tomou destino incerto, passando pelo país vizinho, por sua cidade natal e voltando para o sul. Até que, em 30 de abril de 2017, aos 70 anos, morreu enquanto dormia, em sua casa em Santa Cruz do Sul, onde havia passado seus últimos anos despercebido até mesmo por moradores do município.
Para relembrar, nesse dia especial, um personagem tão importante da nossa cultura, separamos uma lista de produtos para você que já é fã ou quer conhecer mais sobre essa figura sem igual no cenário musical brasileiro.
Confira as sugestões:
Disco de vinil Alucinação
Preço: R$ 149,80*
Lançado em 1976, "Alucinação" é o segundo álbum de Belchior e o trabalho que consolidou sua carreira. O disco conta com uma mescla de ritmos que vão do baião ao folk e traz clássicos da música nacional, como "Apenas um Rapaz Latino Americano", "Como Nossos Pais" (imortalizada na voz de Elis Regina) e "Sujeito De Sorte", que em 2019 serviu de sample para a canção "AmarElo", do Emicida.
Livro Belchior - Apenas um rapaz latino-americano, de Jotabê Medeiros -
Preço: R$ 34,90*
Quase dez anos antes de morrer, Belchior desapareceu misteriosamente. Esse foi o gatilho para que o jornalista Jotabê Medeiros concebesse essa biografia. Baseando-se em entrevistas com parentes, amigos e parceiros musicais, o livro recria momentos pouco conhecidos da vida do cantor, como seus anos de adolescência em um mosteiro, que influenciaram seu jeito introspectivo e o gosto por filosofia. Editora Todavia.
Box 6 CDs Tudo Outra Vez
Preço: R$ 159,77*
Esse box especial lançado no ano da morte de Belchior reúne seis dos seus sete primeiros álbuns (a grande exceção é "Alucinação"), lançados entre 1974 e 1982. A coletânea traz mais de 60 canções da principal fase do cantor, como "Divina Comédia Humana", todas remasterizadas, além de faixas-bônus e uma versão inédita de "Como Se Fosse Pecado", música que permaneceu arquivada por 40 anos.
Livro Viver é melhor que sonhar, de Chris Fuscaldo e Marcelo Bortoloti
Preço: R$ 41,93*
Focando na última década de vida de Belchior, os dois autores percorreram as cidades onde o cantor viveu nessa fase, viajando de Montevidéu a Sobral, de São Paulo a Santa Cruz do Sul, entre outras, enquanto escreviam o livro. Tudo isso com um trabalho de pesquisa minucioso para retratar esse misterioso período de exílio pessoal do cantor, quando ele chegou até mesmo a viver na casa de fãs. Editora Sonora.
Box 2 CDs Paralelas
Preço: R$ 46,50*
Lançado em 2021, o box preserva a obra de Belchior reunindo os álbuns "Um Show - 10 Anos de Sucesso", de 1986, e "Trilhas Sonoras", de 1990, até então inéditos em CD. Em ambos, o cantor cearense faz releituras de grandes clássicos de sua carreira a partir de "Alucinação", além de o primeiro (que foi gravado em estúdio, apesar do nome) trazer ainda sua versão de "Vozes da Seca'' de Luiz Gonzaga.
Livro A Divina Comédia, de Dante Alighieri
Preço: R$ 67,06*
Em sua provável última entrevista, ainda durante seus anos de reclusão, em 2009, Belchior disse que estava trabalhando em uma tradução de "A Divina Comédia", uma das maiores obras da literatura mundial. Épico que influenciou o trabalho do cantor, como mostra o título de "A Divina Comédia Humana", o poema conta a história do próprio autor em uma jornada através do Inferno, Purgatório e Paraíso. Editora 34.
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* Os preços e a lista foram checados no dia 25 de outubro de 2021 para atualizar esta matéria. Pode ser que eles variem com o tempo.
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