Crime, religião e música: 2ª temporada de 'Sintonia' tem diferentes lados
"Sintonia" chegou à Netflix em 2019 e mostrou em seis episódios a rotina de três jovens que moram na Vila Áurea, periferia de São Paulo. Agora, em 2021, o segundo ano da série criada por Kondzilla chega à plataforma e novamente acompanhamos de perto a vida de Doni (Jottapê), Rita (Bruna Mascarenhas) e Nando (Christian Malheiros).
A nova temporada mostra o trio alguns meses depois dos eventos do primeiro ano e repete a fórmula já conhecida da produção de conquistar os espectadores pelos personagens, não pelos eventos representados. E é exatamente neste ponto que "Sintonia" consegue manter o público, pois o apego ao trio principal é a força motriz para continuar assistindo.
Ao longo dos quatro primeiros episódios, aos quais Splash já assistiu a convite da Netflix, é possível notar a evolução dos personagens que conhecemos há dois anos. Visivelmente, a vida de Doni é a que mais mudou. Depois de tanto tentar, ele finalmente se tornou um MC em ascensão, agora agenciado e com produção profissional. Com o dinheiro que ganhou com sua música, saiu da Vila Áurea, anda de carrão e começa a chamar a atenção das garotas. Seu maior desafio? Conseguir manter a produção de hits.
Por meio do núcleo do personagem de Jottapê somos apresentados a MC Luzi (Fanieh), a melhor adição de "Sintonia" nesta temporada. Divertida e sagaz, a jovem veio para mostrar um lado diferente de MC Doni, que, apesar do crescimento na carreira, também se importa em ajudar outros cantores iniciantes, sem se esquecer de suas origens.
Ritinha também está vivendo um novo momento, pois agora toda a sua atenção é volta da à Igreja. Como uma fiel presente, ela se interessa e participa das ações da instituição. Assim, ela conhece Levi (Bruno Gadiol), filho do pastor que chega para ajudar e, talvez, mudar o rumo da personagem na série.
Vale dizer que, assim como o primeiro ano, "Sintonia" apresenta a Igreja evangélica de uma maneira que as produções brasileiras não são acostumadas a fazer. No caso da série, o lugar é cercado por pessoas altruístas, que se importam com os outros e com a comunidade — uma propaganda bastante positiva para a religião.
Nando é quem carrega a trama mais interessante entre os três. Tido como um dos chefões do tráfico, ele se vê tentando balancear a família — que vai crescer, pois sua esposa está grávida —, a loja de drogas de que agora é chefe e os amigos. No entanto, ele enfrenta diversos problemas com um "rato" que tem relatado para a polícia sobre os carregamentos.
Assim como na primeira temporada, Nando passa a impressão de ser apenas um menino com responsabilidades demais. No segundo ano, ele lida com a ascensão que o dinheiro do crime proporcionou, mas ao mesmo tempo vê os problemas aumentarem de tamanho e, na maior parte das vezes, parece estar à beira de um surto.
A dinâmica do trio é um pouco mais distante durante a segunda temporada, mas quando é necessário que ele volte a ficar junto — por um problema que acaba sendo resolvido em conjunto — o sentimento de família e de cuidado um com o outro salta aos olhos. Jottapê, Bruna Mascarenhas e Christian Malheiros trabalham muito bem juntos e expressam uma sintonia que justifica o título da série.
No entanto, diferentemente dos três principais, o resto do elenco de "Sintonia" deixa bastante a desejar. As atuações robóticas e engessadas chegam a atrapalhar os protagonistas com tamanho estranhamento que causam. São diálogos ditos de maneira falsa, que nunca aconteceriam fora da série, e infelizmente decepcionam.
Quanto ao ritmo, ele vai crescendo ao decorrer dos episódios. O primeiro capítulo parece mais um "especial" para revisitarmos os personagens, mas logo depois a narrativa começa a se desenvolver. No entanto, pelo menos até o quarto episódio, as desavenças e problemas encontrados pelos personagens continuam ficando de lado, pois a produção segue focando no dia a dia do trio, que é o que importa.
Com as participações de Alok e Kevinho, a segunda temporada chega com a promessa de ser ainda maior que a primeira e, em termos de narrativa, é o que acontece. Agora, os personagens são obrigados a lidar com problemas mais difíceis que nos fazem acompanhar o amadurecimento deles.
Ao assistir aos novos episódios de "Sintonia", a sensação é de estar acompanhando a evolução de amigos pessoais de longa data. A série consegue que nós nos importemos com Doni, Ritinha e Nando assim como faríamos com pessoas do nosso convívio. E é neste carinho que o público desenvolveu com os personagens que a segunda temporada consegue nos manter presos à produção.
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