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Angelina Jolie, de 'Eternos': 'Às vezes sinto que não sou boa o suficiente'

Laysa Zanetti

De Splash, em São Paulo

03/11/2021 04h00

Em "Eternos", novo filme da Marvel que chega aos cinemas amanhã, um grupo numeroso de personagens se une ao Universo Cinematográfico dos Vingadores. Será que o mundo está pronto para eles?

Vivendo na Terra desde o início da civilização, estes seres celestiais ajudaram a humanidade a evoluir, ainda que sob a filosofia de jamais interferirem nas grandes decisões. E para abrir o novo leque de possibilidades, a Marvel Studios recrutou a premiada diretora Chloé Zhao, de "Nomadland".

Cena de "Eternos", da Marvel - Marvel Studios/Divulgação - Marvel Studios/Divulgação
Cena de "Eternos", da Marvel
Imagem: Marvel Studios/Divulgação

O elenco, liderado por Richard Madden ("Game of Thrones", "Rocketman") e Gemma Chan (em sua segunda personagem no MCU, depois de Minn-Erva em "Capitã Marvel"), não deixa a desejar em quantidade: Salma Hayek, Kit Harington, Kumail Nanjiani, Lia McHugh, Brian Tyree Henry, Lauren Ridloff, Don Lee e Barry Keoghan completam o grupo principal, ao lado de ninguém menos que Angelina Jolie.

Ufa! É muita gente, hein?

Aqui, a intérprete de Malévola vive Thena, uma guerreira forte e muito poderosa, e tem um laço emocional com Gilgamesh, personagem de Don Lee. Traumatizada pela guerra e pelas destruições, Thena conta com a ajuda dele para manter o equilíbrio emocional.

Parece com alguma outra coisa?

Jolie discorda de qualquer comparação entre Thena/Gilgamesh e Hulk/Natasha.

Na verdade, é o oposto. Porque nós não estamos envolvidos romanticamente, não existe um sentimento de posse, não tem romance. Então é mais uma relação entre dois soldados de guerra que são muito, muito leais um ao outro. Angelina Jolie, para Splash.

A revolução dos filmes de heróis

Chloé Zhao, diretora e roteirista de 'Nomadland', melhor filme do Oscar 2021 - Chris Pizzello-Pool/Getty Images - Chris Pizzello-Pool/Getty Images
Chloé Zhao, diretora e roteirista de 'Nomadland', melhor filme do Oscar 2021
Imagem: Chris Pizzello-Pool/Getty Images

Zhao, vencedora do Oscar 2021 nas categorias de melhor diretora e melhor filme, trabalhou em dois projetos ao mesmo tempo. Enquanto rodava "Nomadland", já trabalhava na pré-produção de "Eternos", e por causa da pandemia, as agendas de lançamento acabaram se invertendo: o longa da Marvel deveria chegar aos cinemas antes do drama estrelado por Frances McDormand, mas não foi o que aconteceu.

Ainda que pareçam estar diametralmente opostos no escopo das produções audiovisuais para as telonas, a cineasta entende "Nomadland" e "Eternos" como passos contínuos de um mesmo caminho. Para Zhao, existe uma revolução em efervescência nos filmes de quadrinhos, e ela está feliz por fazer parte do momento.

Todo gênero, depois de algumas décadas, entra em um período de revisionismo. Olhe os faroestes! E eu acho que estamos dançando à beira de um período de revisionismo com filmes de super-heróis. Existe um desejo, tanto do público quanto de cineastas, de fazer isso.

Richard Madden e a diretora Chloé Zhao nas filmagens de "Eternos", da Marvel - Sophie Mutevelian/Marvel Studios - Sophie Mutevelian/Marvel Studios
Richard Madden e a diretora Chloé Zhao nas filmagens de "Eternos", da Marvel
Imagem: Sophie Mutevelian/Marvel Studios

Para Chloé, essas transformações no gênero se relacionam com o que o público quer, e também com os anseios que temos enquanto humanidade. Ela explica:

"Se você olhar para o que aconteceu com os faroestes, isso envolve desafiar a fundação do que construiu o gênero, a moralidade e todas essas coisas. Então, para mim, é muito empolgante. Faroestes existem porque a humanidade tem ansiedade sobre o que está além do horizonte. Filmes de super-heróis e de ficção científica estão prosperando porque nós sempre exploramos o que está no horizonte, mas temos medo do que pode vir dos céus e da nossa relação com tecnologia, mortalidade, essas coisas. Então o gênero está aqui para ficar."

Empoderamento e fragilidade

Angelina Jolie é Thena em "Eternos" - Marvel Studios/Divulgação - Marvel Studios/Divulgação
Angelina Jolie é Thena em "Eternos"
Imagem: Marvel Studios/Divulgação

Antes de ser Thena, Angelina Jolie já foi Malévola, Lisa em "Garota, Interrompida" (1999), Lara Croft, a Jane de "Sr. e Sra. Smith" (2005), para citar apenas algumas. O que há em comum entre essas e tantas outras personagens de Jolie, além da aparência física? O fato de a grande maioria de suas personagens ser marcada pela imponência e pelo empoderamento acaba afetando a atriz, que se sente honrada por ser associada a tais adjetivos.

Mesmo assim, ela esclarece que não é sempre que se enxerga dessa forma tão grandiosa.

Eu valorizo [ser vista assim], porque nem sempre eu me sinto muito forte. Como muitas mulheres, às vezes eu me sinto pequena, não sei se conseguirei fazer tudo o que preciso fazer, ou não me acho boa o suficiente.

Ela explica por que a ficção, nesse caso, se transforma em um escape importante:

Isso tem me ajudado bastante, poder interpretar essas mulheres tão fortes e encontrar essa força dentro de mim. Um dos motivos por que eu amo Thena é o fato de ela ser ao mesmo tempo muito forte e extremamente vulnerável. Eu acho que muitas mulheres se sentem assim algumas vezes. Muitas pessoas, mas certamente mulheres.

Tocada pela declaração da atriz, Zhao completa a reflexão:

Para ela, é incrivelmente corajoso ser vulnerável, como atriz e como pessoa. A forma como ela foi vulnerável em tela, aquilo é uma das coisas mais difíceis de se fazer para um ator, é preciso ter muita força. E isso é mais poderoso do que empunhar uma espada. Acredite, a coisa mais difícil que um ser humano é capaz de fazer é se abrir e ser vulnerável.