TV americana já criticou 'arminha' de Bolsonaro e Olimpíada do Rio
Piada pela segunda vez em menos de dois meses na TV norte-americana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é figura repetida nos monólogos de talk-shows. Ele já havia sido mencionado outras vezes em programas estadunidenses, sendo alvo de críticas em tom irônico de apresentadores como Jimmy Kimmel, Stephen Colbert, Jimmy Fallon e John Oliver.
A tradição dos programas de entrevista noturnos dos Estados Unidos, aliás, é esta. Geralmente, o apresentador inicia a edição com um monólogo, no qual comenta alguns dos principais acontecimentos recentes, utilizando a mistura entre humor e política para fazer os assuntos repercutirem.
Por isso, não é incomum que temas relacionados a política internacional surjam, e o Brasil já foi mencionado algumas vezes ao longo dos últimos anos.
John Kerry ou Jim Carrey?
A mais recente aconteceu nesta semana. Em entrevista concedida a jornalistas italianos na segunda (1), Bolsonaro confundiu o nome do enviado especial dos Estados Unidos para questões climáticas, John Kerry, com o ator e humorista Jim Carrey —de "O Máscara" e "O Mentiroso".
Sim, conversei com o Jim Carrey também, alguma coisa reservada. Desculpa, não posso falar com vocês.
Stephen Colbert, é claro, não perdeu tempo. Em seu programa, "The Late Show with Stephen Colbert", ele brincou:
"Eu acho que ele realmente quis dizer Jim Carrey. Afinal, muitos países prometeram reduzir a emissão (de gases), mas eu digo: mentiroso!"
'Chiqueirinho do Snoopy'
Durante a última viagem do presidente a Nova York, o apresentador Jimmy Kimmel criticou as declarações antivacina de Bolsonaro, e chegou a compará-lo ao personagem Chiqueirinho, da turma de Snoopy e Charlie Brown.
Para ter a entrada autorizada na Assembléia Geral da ONU, todos os líderes precisaram estar vacinados ou apresentarem testes negativos contra a covid-19 (...) O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, notório por ser antivacina —aqui está ele, chegando a Nova York, declara o apresentador, mostrando uma imagem de Chiqueirinho ao mencionar Bolsonaro.
Discurso na ONU
O próprio discurso de Bolsonaro na ONU foi ironizado pelo apresentador Jimmy Fallon, que comparou o presidente ao fundador da rede de fast-food KFC.
"O primeiro líder a falar e tratar da pandemia foi ninguém menos que o presidente não vacinado do Brasil, Jair Bolsonaro. É como participar de uma conferência de perda de peso e ouvir: por favor, deem as boas-vindas ao nosso primeiro palestrante, o coronel Sanders."
'Ele não reflete o seu melhor'
Em 2018, durante as eleições presidenciais brasileiras, John Oliver comentou o cenário brasileiro em seu programa. O apresentador destacou o "alarmante crescimento" da política de extrema-direita e comentou que Bolsonaro estava sendo chamado de "o Donald Trump brasileiro".
Oliver relembrou o encontro de Bolsonaro com o ator Elliot Page, que gravava no Brasil o episódio de um documentário em 2017, e o entrevistou para falar sobre casos de homofobia. No monólogo de cerca de 16 minutos, ele faz um grande apanhado daquele momento da política brasileira, e critica o gesto da "arminha" com as mãos.
"Ele é um ser humano terrível. Para começar, é um grande fã de fazer arminha com as mãos. Sério, ele faz isso o tempo todo. Em um vídeo, ele ensina uma criança a fazer [o gesto], por algum motivo."
Oliver finaliza com uma mensagem:
Brasil, eu entendo que você está descontente com a sua política no momento, e não está inspirado pelas alternativas. Mas qualquer coisa é melhor que Bolsonaro. Ele não reflete o seu melhor, Brasil.
Desastre Olímpico
Em 2016, a organização dos Jogos Olímpicos, realizados no Rio de Janeiro, também se tornou alvo de Stephen Colbert. O apresentador comentou que a realização era uma "catástrofe", e citou denúncias de crime e corrupção como alguns dos problemas em torno do evento esportivo.
"Ontem, o governador em exercício do Rio de Janeiro disse que as Olimpíadas poderiam ser uma grande falha. O que é um avanço, já que até anteontem, parecia uma catástrofe gigantesca", ele falou.
"As Olimpíadas estão em apuros: muitas quadras não foram finalizadas, possivelmente porque mais de US$ 10 bilhões em contratos foram para apenas cinco empresas, investigadas por congelar preços, e alguns executivos já foram acusados ou presos."
No entanto, ele destacou outra questão como algo preocupante.
"Corrupção e crime não são as únicas pragas nas Olimpíadas. Existe uma praga de verdade", falou sobre o Zika Vírus, que fez alguns atletas desistirem da participação naquele ano.
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