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Marília Mendonça: Música, cansaço e emoção de fãs em despedida da cantora

Lucas Pasin

De Splash, em Goiânia

06/11/2021 12h57Atualizada em 06/11/2021 16h01

Ainda era madrugada quando os primeiros fãs começaram a chegar ao ginásio Goiânia Arena para o velório da cantora Marília Mendonça, morta na queda de um avião ontem. A auxiliar de serviços gerais Wilma Bandeira de Souza, 48 anos, foi uma das primeiras a chegar ao local.

"Ela merece essa homenagem, merece isso e muito mais. A gente queria estar na fila para o show dela, não para o velório, ela vai ficar sempre na nossa memória, sempre, das coisas boas que ela sempre fez, só tem coisas boas."

A cabeleireira Anny Cavalcanti, 44 anos, mora em Brasília e saiu de casa às 3h30 e chegou ao ginásio duas horas depois. "Vou ficar aqui até onde o corpo aguentar", diz a fã, que acompanha o trabalho de Marília desde o primeiro álbum.


"Para mim a Marília fazia parte da minha família. Todo churrasco, toda comemoração, a gente já chegava falando: "Cadê a Marília?" A gente queria ouvir a Marília Mendonça. Nós perdemos alguém da família, nós estamos enlutados, o Brasil está enlutado por uma mulher, uma mãe como Marília. A dor é muito grande, Ninguém está sofrendo sozinho, muito obrigada Marília, por tudo que você fez em tão pouco tempo."

Any conta que a cantora fez parte de diversos momentos na família e, por isso, não poderia deixar de vir à despedida. "Nesses anos todos da carreira, ela foi muito importante, ela embalou muito momentos felizes dentro da minha família, junto com meus amigos. Eu tinha que estar aqui, para poder acreditar que isso é verdade. A todo momento eu grito: "não estou acreditando, não estou acreditando."

Ao longo da manhã, a fila de fãs foi aumentando e alguns deles se reuniram para cantar clássicos de Marília Mendonça, como "Infiel". Na volta deles, ambulantes comercializam adereços que lembram a cantora. Há bonés sendo vendidos a R$ 30, já os copos variam de R$ 20 a R$ 25.

Entre os ambulantes também havia fãs. Matheus Willy, 22 anos, veio de Brasília para vender água e acompanhar a madrasta, que também acompanhava a carreira da cantora. "Eu também sou bem fã dela e vim prestigiar esse momento. Muito triste."

O ambulante espera arrecadar no mínimo R$ 1 mil hoje com a venda de água. "Querendo ou não tem muita gente aqui e o povo às vezes não tem como andar a pé para comprar água, a gente está aqui para facilitar o acesso."

Os portões do ginásio foram abertos para o público por volta das 13h40. Devido ao calor intenso na cidade, já houve registro de fãs passando mal. A reportagem fazia uma entrevista em vídeo quando a fã Talita Sena, 20 anos, desmaiou. Após tomar água, ela voltou para a fila e contou que não havia comido nada desde ontem.

Em um momento que emocionou muitos dos presentes, um fã de apenas 16 anos se jogou no chão em prantos. Líder do fã-clube Custe O Que Custar, Caíque Oliveira agradeceu ao que Marília o ensinou em vida e por meio de suas músicas. "Eu vou levar muito seu nome. Você será a maior artista do Brasil sempre. O seu legado vai ficar".

Ainda emocionado, ele ratificou o que muitos líderes desses grupos dizem sobre a relação mais próxima com a artista: "Todos os integrantes do fã-clube tinham muita proximidade com ela. Ela sempre permitiu isso, sempre nos incentivou. Eu não estava acreditando na morte dela. Não acredito até agora", disse, em entrevista ao UOL.

Ginasio - Lucas Pasin/UOL - Lucas Pasin/UOL
Fãs aguardam do lado de fora do Ginásio Goiânia; expectativa é de 100 mil pessoas ao longo do dia
Imagem: Lucas Pasin/UOL

Muita gente se reúne do lado de fora da estrutura se abraçando, cantando as músicas de Mendonça e consolando uns aos outros, enquanto aguardam a chance de se despedir dela durante cortejo. A expectativa é que cerca de 100 mil pessoas passem pelo local até o fim do dia.