Manu Gavassi explica sumiço pós-BBB e diz que pensou em desistir da música
Cansei de fazer gracinha. Meu coração sofre por ser assim. Quanto mais gracinha eu faço, mais quebrada estou por dentro. Por favor, só me salve de mim.
Assim Manu Gavassi abre seu álbum que lança hoje e leva o mesmo nome da faixa título. Nascida de um desabafo, "Gracinha" foi feita embaixo do chuveiro, em dez minutos, com a artista cantando no celular depois de desabafar com o seu empresário.
Em entrevista a Splash, a cantora reafirma: "Cansei de fazer gracinha." Mas que tipo de gracinha? Aquele lado cômico e irônico que o Brasil inteiro adorou conhecer de Manu Gavassi em sua participação no "BBB 20" e que rendeu a ela o terceiro lugar no pódio do reality show da Globo.
"Eu fiz as pessoas rirem, lancei vários vídeos engraçados. A minha personalidade tem muito disso. É natural para mim, não me forcei a nada. Só que esse me lado ficou bastante conhecido, e as pessoas querem mais", explica Manu.
"Eu fiquei com medo de estar indo só para um lado da minha personalidade. De eu estar baseando toda a minha música, tudo o que eu poderia fazer em fazer gracinha, em fazer piada de mim mesma, em ser irônica."
"Gracinha", o álbum, traz uma Manu Gavassi bem diferente disso. Mais séria, mais triste e mais reflexiva. O pop chiclete e dançante de "Manu" (2017), seu álbum de estúdio anterior, dá lugar a uma sonoridade mais madura, inspirada na França e mais próxima da personalidade atual da cantora. Um álbum perfeito para tomar vinho no tapete, como ela adora.
"Esse meio é muito cruel. Ele te coloca em uma categoria e te faz acreditar que o melhor é ser fiel a essa categoria, ser o estereótipo que essa categoria pode te fornecer. O 'Manu' foi muito isso. Ninguém me obrigou a fazer. Mas eu mesma me obriguei a ser mais o mais pop e clichê que eu poderia."
Tentar se encaixar foi algo que, hoje, Manu compreende que fez muito mal a ela. "Eu não me arrependo nem um pouco porque eu acredito muito que a vida é feita de processos, isso é aprendizado. Mas eu lembro que era um álbum que me causava muita ansiedade. Eu saía do palco às vezes chorando." Já "Gracinha" a deixa bem mais segura.
"Esse álbum é um grande brechó. Porque eu sou assim. E por que não fazer minha arte do jeito que eu quero fazer, sem pensar em me encaixar em uma categoria, em agradar? Os melhores artistas fizeram coisas históricas sem pensar em agradar ninguém, só fizeram", reflete Manu sobre o novo trabalho.
Abraços, desenhos e risadinhas de Sky
Aos cinco anos de idade, Sky, filha do músico Lucas Silveira e da skatista Karen Jonz, talvez nem tenha noção, mas contribuiu com o novo disco de Manu Gavassi. Junto com o pai, que produziu a cantora, e a família, ela se isolou em um sítio para a gravação de "Gracinha".
"A Sky deu um 'mood' todo diferenciado para o álbum. Ela influenciou muito. A sabedoria de uma criança de 5 anos é algo que a gente não consegue mais ter. É só nessa fase que se é pura nesse nível. Tinha momentos que eu estava chorando, me sentindo completamente incapaz de gravar aquilo, e ela aparecia e me dava um abraço e me entregava um desenho."
Para deixar seu álbum ainda mais experimental, e pensando também no isolamento que a pandemia exigia, a cantora alugou a casa pela internet, transformou um dos cômodos em estúdio, e, junto com Lucas, começou a gravar todas aquelas ideias que eles trocaram por meses via WhatsApp, computador e mais telas.
"A gente quis assumir até os erros. Falamos com o microfone ligado, gravamos um monte de coisa que não era para gravar, assumimos isso. A Sky ria às vezes atrás, deixamos a risadinha dela. E eu não me cobrei tanto de cantar perfeitamente", resume sobre a atmosfera tranquila.
É um álbum muito pessoal, é até engraçado pensar que ele vai existir pro mundo.
Obrigada, Mickey
A frase de Manu que ficou famosa depois de seu embate direto com Felipe Prior no "BBB 20" nunca fez tanto sentido como agora. Para muito além da música, "Gracinha" será um álbum visual no Disney+, o serviço de streaming da Disney que já lançou trabalhos parecidos de cantoras como Beyoncé, Taylor Swift e Billie Eilish.
"Contei do meu projeto com um brilho nos olhos que eles falaram: 'Tá bom, a gente quer'. Foi muito louco porque eu nunca imaginei receber um 'sim' da Disney. Foi uma coisa mágica."
A oportunidade de levar o disco para a plataforma também ajudou no processo de cura de Manu. "Foi muito legal ver onde eu estava até para a minha baixa autoestima que ataca dia sim, dia não. Entendi que tudo o que eu estou fazendo tem valor. Foi uma batalha minha, uma meta que eu consegui atingir que eu tenho muito orgulho."
"Gracinha" já está disponível nas plataformas de música, mas o álbum visual sai um pouco depois, em 26 de novembro, no Disney+.
Sumiço nas redes
Além de estar ocupada fazendo um disco novo, em um processo que levou mais de um ano, e uma série na Netflix ("Maldivas", com a amiga Bruna Marquezine), Manu Gavassi decidiu se afastar das redes sociais por opção. Ela ficou nove meses sem fazer publicações. Estar longe daquele universo de vidas perfeitas foi uma das ferramentas que a ajudou no processo de amadurecimento, autoconhecimento e a atual busca por equilíbrio.
"Quando eu estava longe das redes sociais, quando eu não tinha acesso às expectativas, à comparação, eu estava muito certa do que eu queria. Quando eu voltei, voltou aquela sensação de eu não sou tão boa assim, tem pessoas que são muito mais fod*s que eu e mais produtivas. Foi aí que eu entendi que precisava de equilíbrio."
Quando ela voltou, mesmo com o processo do álbum novo adiantado, admite que pensou até mesmo em parar de fazer música. "Confesso que quando eu voltei eu senti a pressão. Do que as pessoas estavam esperando da minha primeira música, se seria um grande fracasso, um grande sucesso, uma grande realização pessoal. Eu cheguei a pensar: 'Por que eu faço isso com a minha vida? Eu seria feliz fazendo outras coisas'"
Manu também não faz esforço para esconder a vulnerabilidade. Hoje, aos 28 anos, entende que é parte do processo de amadurecimento. "As críticas me doem muito. Eu sempre acho que estou fazendo algo errado. Aí penso: 'Talvez eu não precise fazer isso. Talvez eu possa sumir e nunca mais voltar para isso.' Só que é óbvio que eu não consigo, porque é uma paixão."
Depois de tanto tempo refletindo, é provável que não role um sumiço tão longo novamente, mas também não espere uma Manu mostrando seus passos 24 horas. Isso já ficou no passado.
"Não virar uma hippie que não tem rede social e nunca mais vai voltar. E nem virar alguém que é refém disso. Que baseia sua vida só em mostrar as coisas digitalmente. Para mim não é natural ser assim, não é confortável. Ao mesmo tempo eu sei todos os frutos maravilhosos que isso traz. Toda a cura, toda a conexão com as pessoas. Eu gosto disso também."
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