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1 semana da morte de Marília: o que sabemos e o que falta ser respondido?

Marília Mendonça no último show da carreira, em Sorocaba (SP), no dia 1 de novembro de 2021 - André Cardoso/Divulgação
Marília Mendonça no último show da carreira, em Sorocaba (SP), no dia 1 de novembro de 2021 Imagem: André Cardoso/Divulgação

De Splash, em São Paulo

12/11/2021 04h00

Marília Mendonça morreu na última sexta-feira (5) em acidente aéreo na cidade de Piedade de Caratinga, Minas Gerais. A queda do avião que matou a cantora sertaneja de 26 anos continua sendo investigada pelas autoridades.

O avião partiu de Goiânia (GO) e seguia para Caratinga (MG), cidade onde a cantora faria um show para 8 mil pessoas. Além de Marília, também morreram o produtor Henrique Ribeiro; o tio da artista, Abicieli Silveira Dias Filho; o piloto Geraldo Martins de Medeiros; e o copiloto Tarciso Pessoa Viana.

A Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção e Acidentes Aeronáuticos) assumiu a investigação logo após o acidente aéreo e tenta esclarecer os detalhes desde então.

---- O que sabemos até o momento:

Detalhes sobre a aeronave

O avião que caiu pertence à PEC Taxi Aéreo, empresa sediada em Goiânia, e foi comprado em julho de 2020, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

De modelo Beech Aircraft, a aeronave foi fabricada em 1984 e tinha capacidade para seis passageiros. Ela contava com dois motores e um peso de 4.756 Kg, ainda segundo a Anac.

A aeronave estava regular e é considerada uma das mais confiáveis e seguras da aviação, segundo pilotos ouvidos pelo UOL.

Representantes da FAB (Força Aérea Brasileira) recolheram documentos e outros materiais relativos ao avião onde viajava a cantora Marília Mendonça para a checagem de informações.

Avião bateu em torre de energia

A Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) constatou que a aeronave atingiu uma linha de distribuição de alta tensão antes de cair, a 5 km do aeródromo de Caratinga. Uma imagem mostra o cabo enrolado a uma hélice do avião.

Ainda segundo a Cemig, o cabo específico rompido na colisão era um cabo para-raios, que não fica energizado. Não é possível concluir que o choque foi o único fator que causou a queda do avião.

Pilotos relataram anteriormente a existência de uma antena e uma torre de energia sem iluminação próximas ao aeródromo da cidade mineira e alertaram sobre os riscos de acidente no local.

O relato da Cemig aponta que os equipamentos estão fora da zona de proteção do aeródromo, ou seja, não são irregulares. A informação está sendo averiguada pela polícia local.

Aeronave não tem caixa-preta

A FAB também confirmou que o avião não tinha caixa-preta. Os investigadores informaram que um spot geolocalizador foi encontrado nos destroços do avião.

A peça será confrontada com o plano de voo da aeronave e pode ajudar a esclarecer o que levou o avião a cair.

Conversa com outro piloto

Segundo o jornal O Globo, um piloto conversou com a equipe do avião de Marília Mendonça 2 minutos antes da queda. Sem se identificar, o profissional relatou que foi um contato via rádio para comunicar que ele chegaria em outra aeronave ao aeroporto de Caratinga dentro de 10 minutos.

Esta comunicação é comum para que os pousos sejam administrados. "É o tempo mais que suficiente para acontecerem os dois pousos em segurança. Tanto que o outro piloto chegou como previsto", disse o sub administrador do aeroporto, Roni Macedo, em contato com O Globo.

---- O que falta ser respondido sobre o acidente:

Marília Mendonça: Veja imagens da remoção do avião que caiu

Qual o motivo da queda do avião?

Segundo o capitão Jefferson, representante da Polícia Militar de Minas Gerais, o avião teve dificuldade de pousar e tentou uma aterrissagem na zona rural, uma região cheia de cachoeiras e pedras.

As informações ainda são vagas, e não permitem compreender o que ocorreu ou contribuiu de fato para a queda do avião.

Uma nota da Força Aérea Brasileira, responsável pelo setor, deixou claro que "não existe tempo previsto" para que essas informações sejam coletadas, já que dependem da complexidade da ocorrência.

Por que o avião voava baixo?

O avião voava em altitude reduzida a ponto de atingir um cabo de uma torre de distribuição de energia elétrica antes de cair em um curso d'água.

Segundo a Cemig, o avião estava a dois quilômetros do aeródromo onde iria pousar quando caiu. Os investigadores ainda não constataram o motivo do voo baixo.

O que diz a análise dos destroços do avião?

Removidos do local do acidente no domingo (7), os destroços do bimotor chegaram na noite de terça-feira (9) ao aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro.

Eles permanecem em um hangar à disposição das equipes do Seripa (Serviço Regional de Investigação de Acidentes Aeronáuticos), órgão vinculado ao Cenipa, onde vão passar por nova perícia que tenta determinar a causa do acidente.

Já os dois motores, removidos na segunda-feira (8) do local do acidente, foram levados para uma empresa de serviços aeronáuticos em Goiânia. A Aeronáutica informou que os itens também voltarão a ser analisados em perícia.

Não há um prazo previsto para as apresentações de relatórios finais que considerem o estado dos motores e dos destroços da aeronave.

Algum piloto teve um problema de saúde?

A Polícia Civil também recolheu os celulares do piloto Geraldo Martins Medeiros e do copiloto Tarciso Pessoa Viana para análise. Os investigadores tentam descobrir se o piloto ou copiloto tiveram um mal súbito antes da queda do avião que levava Marília Mendonça.

A hipótese será verificada no exame anatomopatológico, uma espécie de biopsia. Por meio dele é feita uma análise microscópica para identificar "doença prévia" à colisão do avião, explica a médica legista Vanessa Marinho em coletiva de imprensa.

Vitória Medeiros, filha do piloto Geraldo Medeiros Júnior, defendeu o pai e ressaltou o profissionalismo dele em uma série de vídeos no Instagram.

"Ele era muito profissional, tinha 30 anos de aviação e isso foi uma fatalidade. Eu tenho plena certeza que não foi nenhum erro do meu pai. E, como eu havia dito, esse era o meu maior medo da vida", disse ela.

O que dizem os laudos do IML?

Os laudos que apontam o que causou as mortes dos ocupantes da aeronave ficarão prontos dentro de um mês. No momento, análises estão sendo feitas no IML (Instituto Médico Legal) de Belo Horizonte e em 15 dias serão enviadas de volta para o Instituto Médico Legal de Caratinga para a conclusão do relatório.

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