Por que não é legal compartilhar vídeo de Morgan Freeman
Há mais de uma década a cada 20 de novembro — Dia da Consciência Negra — ao menos uma pessoa desavisada do seu ciclo ou até você mesmo provavelmente vai compartilhar o vídeo viral de Morgan Freeman no programa "60 Minutes", com Mike Wallace, em que o ator fala que, para se combater o racismo, é melhor não falar dele.
Acompanhe um trecho do diálogo que aconteceu em dezembro de 2005, há mais de 15 anos:
- Morgan Freeman: Eu não quero um mês da consciência negra. A história dos negros é a história da América.
- Mike Wallace: E como vamos nos livrar do racismo?
- Parando de falar sobre isso! Eu vou parar de chamá-lo de homem branco. E o que eu peço é que pare de me chamar de homem negro.
O próprio Morgan Freeman já mudou de ideia.
Como bem lembrou Dodô Azevedo em sua coluna Quadro-Negro, na Folha de S.Paulo, o ator "aderiu ao movimento Black Lives Matter e começou a usar suas redes sociais para dar corpo a um projeto. Que seus seguidores negros contassem suas histórias de racismo sofrido."
A jornalista Cristiane Guterres, colunista do UOL, explica que "não falar sobre o racismo não faz com que ele deixe de existir."
Você pode escolher negar a realidade para escapar de uma verdade desconfortável, mas ela continuará existindo e a nossa abstenção a transformará em algo muito violento pro lado oprimido do sistema.
Ela ainda alerta que a ausência de empatia de brancos com pretos "nos custa vidas e sonhos".
O romantismo em torno do mito da democracia racial no Brasil fez com que muitas pessoas não entendessem a profundidade da questão.
"Mas, na atualidade, insistir em continuar não entendendo é uma escolha que tem um preço alto para toda a sociedade."
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