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Fiorella Mattheis diz que colocou silicone aos 17 por pressão do mercado

Fiorella Mattheis falou abertamente sobre os problemas que teve com as próteses - Reprodução/Instagram @fiorellamattheis
Fiorella Mattheis falou abertamente sobre os problemas que teve com as próteses Imagem: Reprodução/Instagram @fiorellamattheis

Colaboração para Splash, em São Paulo

23/11/2021 13h38Atualizada em 23/11/2021 13h39

Fiorella Mattheis revelou que tomou a decisão de colocar próteses de silicone nos seios aos 17 anos devido ao mercado de trabalho, e detalhou o procedimento de explante que fez recentemente, e a sua decisão de não colocar outras próteses no lugar.

A atriz deu um depoimento para a "Vogue" onde explicou que, pouco tempo depois de sua carreira como modelo começar, quando ela tinha 14 anos, sentiu a pressão do mercado da moda para colocar as próteses.

"Tudo começou por incentivo da agência, na época, que relacionou o número do meu sutiã com a possibilidade de conseguir mais trabalhos. E assim foi. Fiz a cirurgia em abril, fui morar em Milão em maio e em junho eu voltei ao Brasil para uma grande campanha de lingerie substituindo ninguém menos que Gisele Bündchen. A partir dali uma nova porta se abriu apenas porque passei a ter seios maiores", disse ela.

No entanto, a experiência não foi boa para Fiorella. "Eu só tinha 17 anos. Hoje sei que meu corpo ainda estava se desenvolvendo — menstruei pela primeira vez aos 15 anos — e não tinha uma silhueta formada. Aquela referência que estavam projetando em mim sucedeu por conta do mercado, da moda de 2005, das referências da época. Me fizeram passar pelo procedimento sem a menor necessidade, pautada por uma decisão inconsciente de uma adolescente".

Nunca tive problemas com o tamanho dos meus seios, nunca sofri bullying, não me sentia mais ou menos segura, mais ou menos sexy? era completamente feliz com o corpo que eu tinha. Coloquei a prótese de silicone apenas porque o mercado de trabalho pedia esse tipo de silhueta.

Ela prosseguiu: "De toda forma, fiquei muito feliz com o resultado até o momento que comecei a ter problemas, de uma forma muito mascarada. Três anos depois, aos 20, passei a sofrer com episódios de displasia mamária aguda que ocasionavam febre, inchaço da mama, dores incessantes e problemas no sono. Fiz inúmeros exames que não mostravam alterações. Os médicos então passaram relacionar esses episódios com a menstruação (devido ao inchaço das mamas), alimentação e disfunção hormonal. A partir daí passei a tratar essa síndrome, mas após alguns dias as reações cessavam o que tornou muito difícil chegar a um diagnóstico por quase dez anos".

Em 2020 tive um episódio de displasia que se transformou em uma grande inflamação onde eu tive uma contratura capsular — meu organismo fez uma cápsula em volta da prótese de silicone que mudou de forma e ficou super rígida. Coincidentemente, isso aconteceu 15 dias antes da pandemia começar e precisei me medicar com injeções de cortisona até que minha dor acabasse. Quando a possibilidade de uma cirurgia surgiu, decidi durante as consultas que meu desejo era apenas extrair a prótese e não colocar outra no lugar.

Na sequência, Fiorella pontuou que não tem a intenção de incentivar o uso indiscriminado do procedimento. "O explante de silicone não pode ser um produto. A necessidade de passar por esse procedimento deve ser relacionada à saúde e indicada por um médico. Não passe por nenhum tipo de procedimento, principalmente estético, porque o mundo está dizendo: 'faça'", destacou.

"O explante de silicone das mamas é uma cirurgia séria, que exige anestesia geral, com uma recuperação difícil e resultados que podem não ser os esperados. Muita calma nessa hora. Ouça o seu médico. Tenha essa decisão pautada em sua saúde e não na estética", salientou a atriz.

Rompimento e recuperação

Fiorella então detalhou o rompimento da prótese, que aconteceu no começo do ano. "Cheguei a marcar minha cirurgia de explante para janeiro, mas peguei covid-19. Precisei postergar a data e na primeira semana do ano de 2021 minha prótese rompeu. Durante um mês e meio tive sintomas — mal-estar, inchaço nos olhos — cujos estudos estão começando a relacionar com a síndrome do silicone".

Em fevereiro consegui passar pela operação. Assinei um termo me responsabilizando pelo resultado e assumi alguns riscos. Meu explante foi complicado pois eu tinha uma prótese rompida e muita inflamação. Meu médico precisou fazer uma lavagem com antibiótico e retirar bastante tecido da minha mama para poder eliminar possíveis células doentes. Entretanto dei muita sorte e o resultado não poderia ser melhor. Tive uma recuperação maravilhosa, fiz fisioterapia pós-explante e usei um adesivo para melhorar a minha cicatriz. Me livrei de um problema, ganhei duas marcas embaixo do peito, mas com o tempo elas vão embora. Atualmente meu peito é exatamente o que era, porém, menor.

Então, a atriz e modelo aconselhou: "Se eu pudesse dar uma dica para as meninas e adolescentes que estão achando que precisam colocar silicone seria que com essa idade ainda não sabemos direito quem somos, o que de fato gostamos, o que não gostamos. Há tanto para se viver e quanto mais trabalharmos nossa autoestima, mais vamos nos amar e aceitar do jeito que somos".

"Com 33 anos, resumo que a nossa melhor versão é a que a gente tem. Obviamente precisamos cuidar da nossa alma, do nosso físico, da nossa cabeça, trabalhando para nos tornamos pessoas melhores, mas olhando sempre para o interno, para sua saúde, para suas vontades e não para satisfazer o outro", frisou.

Em seguida, refletiu: "Fico feliz em ver que cada vez mais o mercado publicitário tem espaço para todos os corpos — masculinos, femininos, trans, todos os jeitos possíveis que podemos ser — e acho que essa atitude deve diminuir a pressão por procedimentos estéticos. Provavelmente se minha carreira começasse hoje, eu não teria colocado implante mamário. Que bom que estamos evoluindo".

Importante respeitar-se a decisão de quem queira passar pelo procedimento desde que essa decisão seja tomada em relação a sua vontade. Na minha história o externo mudou, a opinião do outro mudou, o mercado não precisa mais dessa silhueta.