Anjo da morte em novela da Globo especula volta de Jesus: 'Deus é travesti'
Intérprete de um anjo da morte na novela "Quanto Mais Vida, Melhor!", que estreou nesta semana na faixa das 19h na Globo, Maia — ela mudou o nome artístico, antes era chamada de Marcella Maia —, acredita no princípio da reencarnação, que é ensinado por religiões como o espiritismo e o budismo.
Ela, que é uma mulher transgênero, se define como espiritualista e imagina que Jesus Cristo voltaria de uma maneira controversa em relação ao que pregam as religiões mais tradicionais. Para a atriz, há uma quebra de paradigmas até pelo fato da morte na novela ser representada por uma figura feminina.
A mulher foi castrada, foi limada da história. Agora começamos a ter voz no sentido de estarmos aqui e podermos fazer o mesmo trabalho. Para mim Deus é travesti. Deus é mulher. Deus é bondade. Acredito muito em Jesus, que foi um homem maravilhoso. Se voltasse, ele seria escorraçado como são as pessoas marginalizadas.
A atriz possui o corpo tatuado e teve de passar por uma preparação de duas horas para esconder os desenhos com maquiagem. A inspiração para interpretar o Anjo da Morte foi em personagens como Malévola e Elvira, a Rainha das Trevas. O maior desafio, entretanto, foi psicológico.
"Precisei de três terapeutas para fazer a morte no país que mais mata travestis. Depois entendi que é uma comédia, que tudo é muito leve e que ela vem como uma personagem da Disney. A morte não é algo ruim. Acredito no renascimento, reencarnação e em Chico Xavier", diz ela, que também acredita não haver mais sofrimento depois que se perde a vida. "Eu acho que o inferno é aqui. A gente paga os nossos pecados aqui".
Se acredita em segunda chance, assim como os personagens de "Quanto Mais Vida, Melhor!"? Ela garante que sim. "Acredito que todo mundo merece uma segunda chance. Vivemos uma cultura de cancelamento absurdo. Eu erro, você erra e todo mundo erra. A novela traz esse lugar leve".
Atriz diz que semelhança com Juliana Paes a fez perder papel
Maia é atriz, cantora e diretora. No currículo, tem um trabalho que fez em Hollywood — como uma amazona no filme "Mulher Maravilha" —, a participação em um disco de Fergie e no elenco da peça "Roda Viva", dirigida por Zé Celso.
Até brilhar como Anjo da Morte na novela das 19h, Maia foi recusada quatro vezes em testes na Globo. "Quase fiz 'A Dona do Pedaço', mas eu era muito parecida com a Juliana Paes e por isso dava conflito nos núcleos. Fazia 16 anos que eu não cortava o cabelo".
"Gênero não deveria ser pauta"
Maia não gosta de ser definida como "mulher trans", mas acredita que é importante falar a respeito para levar informação. Ela prefere ser tratada como mulher.
Hoje as pessoas usam o título trans para desvalidar a minha luta. Em 11 anos que venho lutando no mercado, isso vem em um lugar escandaloso, para chamar atenção. Sou mulher, conquistei esse lugar que é meu por direito. Só quero que o meu artístico fale mais alto que o meu gênero. Gênero não deveria ser pauta para nada. As pessoas nem deveriam falar sobre isso porque é muito íntimo, mas a gente precisa falar.
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