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OPINIÃO

Por que 'Deserto Particular' é a melhor opção do Brasil para o Oscar 2022?

Fernanda Talarico

De Splash, em São Paulo

25/11/2021 04h00

Todos os anos, os brasileiros apaixonados por cinema ficam atentos para o anúncio de qual filme representará o Brasil na categoria Melhor Filme Internacional no Oscar. Em 2021 não foi diferente, com a comunidade cinéfila vidrada para saber o título escolhido para tentar uma vaga e, quem sabe, finalmente trazer o prêmio do careca dourado para o país.

Entre as apostas, um nome era o mais cotado para os amantes das arte visuais: "7 Prisioneiros". Estrelado por Christian Malheiros e Rodrigo Santoro, o filme da Netflix parecia ser a escolha certa. No entanto, o público foi pego de surpresa quando "Deserto Particular" foi revelado como a aposta da Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais para a maior premiação do cinema mundial. O longa chega hoje aos cinemas do Brasil.

Dirigido por Aly Muritiba, o filme subverte o imaginário popular sobre o que é um "filme nacional" e mostrou ser uma ótima escolha brasileira.

Por quê?

Há a falsa ideia de que filmes feitos no Brasil são ou comédias — como "Minha Mãe É Uma Peça" — ou filmes que esfregam na nossa cara a dura realidade do país — caso de "Tropa de Elite" e muitos outros. "Deserto Particular" mostra ao público que temos várias outras histórias a serem contadas por aqui.

O cinema como ferramenta de denúncia é algo necessário, mas não é apenas deste tipo de filmes que vive o Brasil. O longa de Muritiba enaltece locais do país que nem sempre são mostrados, pois a produção foge do eixo Rio - São Paulo e apresenta Curitiba, no Paraná, e as cidades de Sobradinho e Juazeiro, na Bahia.

Além disso, a trama aborda assuntos importantes — como violência policial e questões LGBTQIAP+ — de maneira leve e doce, fazendo com que o espectador tenha uma experiência bastante prazerosa.

Deserto Particular - Divulgação - Divulgação
A misteriosa Sara de 'Deserto Particular'
Imagem: Divulgação

Do que se trata?

Com roteiro de Aly Muritiba e Henrique dos Santos, "Deserto Particular" acompanha o policial Daniel (Antonio Saboia), que perde o prestígio e a possibilidade de trabalhar ao cometer um erro grave durante uma operação. Ao perceber que nada mais faz sentido para ele, Daniel resolve deixar sua cidade natal, Curitiba, e ir atrás de Sara, uma mulher misteriosa que conheceu online e mora em Sobradinho.

Contar muito além da sinopse pode estragar o filme para alguns, mesmo que as viradas surpreendentes da história não sejam os únicos pontos positivos da trama.

Com a trilha sonora que vai de Bonnie Tyler até Barões da Pisadinha, "Deserto Particular" envolve o público em uma história de amor misturada com "road trip".

Não foi a primeira vez

Em 2020, o anúncio do título escolhido pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais também chocou o público, pois quem esteve na disputa do Oscar foi "Babenco - Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou".

Dirigido por Bárbara Paz, o título foi o primeiro documentário a ser escolhido para representar o Brasil na premiação.

Bárbara Paz cruza o tapete vermelho do Festival de Veneza, onde ela apresenta o documentário Babenco: Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer Parou - Daniele Venturelli/WireImage - Daniele Venturelli/WireImage
Bárbara Paz no tapete vermelho do Festival de Veneza, onde apresentou o documentário 'Babenco: Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer Parou'
Imagem: Daniele Venturelli/WireImage

Temos chances?

"Deserto Particular" está na disputa para figurar entre os cinco concorrentes finais na categoria Melhor Filme Internacional do Oscar 2022. Agora, a Academia responsável pela premiação é quem decidirá.

Se depender do sucesso que tem feito, é possível que a produção consiga chegar aos finalistas. Ela foi vencedora do Prêmio do Público no festival de Veneza, onde foi ovacionada por dez minutos.

Agora só nos basta torcer por "Deserto Particular"!

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado na primeira versão do texto, o filme 'Deserto Particular' representará o Brasil no Oscar 2022, não no Oscar 2021.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL