Encanto: animação da Disney abraça os excluídos com o melhor do amor latino
Se "Coco - A Vida é uma Festa" abriu um caminho para as animações explorarem a latinidade em suas histórias, "A Jornada de Vivo" e "Maya e os 3 Guerreiros" seguiram expandindo esse universo, que agora avança uma nova etapa com "Encanto", da Disney.
Dos diretores Byron Howard ("Zootopia", "Enrolados") e Jared Bush ("Zootopia", "Moana"), o filme que chega hoje aos cinemas brasileiros conta a história da família Madrigal, que vive nas montanhas da Colômbia em uma casa mágica, na charmosa cidade que dá nome ao longa.
A magia deu a cada Madrigal um dom, exceto a Mirabel (voz de Stephanie Beatriz, de "Brooklyn Nine-Nine"). Embora ela tente dar o melhor de si em não se sentir excluída, às vezes acredita que ser diferente não é tão bom assim — até que descobre que a magia está em perigo e assume a missão de salvar a família.
"Finalmente! Isso não acontecia antes", comemora John Leguizamo ("Moulin Rouge", "Olhos que Condenam"), que dá voz ao enigmático Bruno, um tio de Mirabel, em entrevista a Splash. "Passou da hora de vermos mais personagens latinos nas telas."
É incrível compartilharmos este espaço, e não apenas estarmos nesse filme juntos, mas ele ser especificamente latino, com pessoas latinas de todas as formas e com todas as cores que podemos ter. Stephanie Beatriz.
Representatividade e política
Nos Estados Unidos do governo Trump, em meio a protestos por maior representatividade e a eclosão do movimento #MeToo, abraçar pautas sociais tornou-se uma questão relevante para a indústria do cinema e da TV. Neste tempo, filmes e séries que denunciam abusos sexuais ou psicológicos ("A Assistente", "O Escândalo") e histórias de personagens latinos ("Vida", "One Day at a Time", "On My Block") tornaram-se recorrentes.
O momento, portanto, é de celebração, mas também de mostrar que não deve ser apenas uma moda passageira. Neste sentido, "Encanto" abraça as referências colombianas para criar um ambiente que ressoe com a audiência local.
"É algo muito bonito de se ver, a Disney dizendo que quer explorar a magia desse país", reflete Beatriz, nascida na Argentina e filha de pai colombiano e mãe boliviana.
"Não é apenas um filme que representa a comunidade latina, mas que conversa com toda a gama de cores que nós temos", reflete Leguizamo. "Tudo está representado no filme e, especificamente, os elementos colombianos. Sabe, temos arepas con queso, o vallenato [um ritmo musical colombiano]. Está tudo ali."
Família e pertencimento
Por meio da sensação de deslocamento de Mirabel dentro da família, "Encanto" faz uma reflexão sobre o quanto os laços afetivos informam como entendemos nosso próprio lugar no mundo.
Acho que todo mundo conhece aquela sensação de ser um intruso, de não pertencer. Não importa o que aconteça, sempre existem aqueles momentos em que você sente que não pertence àquele lugar, não importa o quanto se esforce. Stephanie Beatriz
Hoje com 40 anos, Stephanie Beatriz chegou aos Estados Unidos aos 2, e cresceu no Texas. Ela começou a se interessar pela atuação após cursar uma matéria eletiva de debate e oratória no período colegial e conseguiu a cidadania estadunidense aos 18 anos.
"Parte da condição humana é fazer parte, estar imerso", continua a atriz, que justamente por sua história se conecta bastante com a personagem que dubla. "Qualquer pessoa que veja o filme vai se identificar com o sentimento e com a tentativa de se encontrar, entender como se encaixa, qual é o seu pior e como você faz alguma diferença no mundo."
Não falamos sobre o Bruno
Embora a família seja, a princípio, muito unida, um dos membros é um grande mistério, e não se fala sobre ele.
Bruno, terceiro filho da avó Alma, recebeu a habilidade de enxergar o futuro. Suas previsões honestas, mas inevitavelmente apocalípticas, costumavam afastar as pessoas e se tornaram um problema para a Abuela e para os Madrigal, o que levou ao seu desaparecimento. Quando Bruno teve uma visão particularmente terrível, acabou sendo isolado da família e nunca mais visto.
Ou será que não?
"O Bruno é um personagem fora da caixinha, peculiar", explica Leguizamo. "Não é exatamente quem eu sou, mas os diretores me deixaram criar esse cara meio estranho, sem muito trato social, desorientado. E acho que muitas pessoas se sentem assim. Estou feliz por isso. Representação para os esquisitos!", brinca.
Apesar do humor, sempre presente nas animações infantis da Disney e essencial para que as histórias captem a audiência mais jovem, existe uma lição a ser aprendida com a história e, para o elenco, a de "Encanto" é de união e aceitação.
Como você adiciona valor a esta família quando está condenado ao ostracismo por não ter um dom? Eu fui excluído pelos dois lados, e nós nos encontramos no meio do caminho e ficamos mais fortes.
John Leguizamo.
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