Indira Nascimento estreia às 21h e pede mais atores pretos: 'Um não basta'
Ela cresceu assistindo a novelas, mas foi no jornalismo que se encantou pela primeira vez ao se reconhecer na TV. Ver Glória Maria na telinha a inspirou a ser repórter, só que a atuação falou mais alto.
Depois de estrelar produções da Netflix e da HBO e quase 10 anos após trocar São Paulo pelo Rio de Janeiro, Indira Nascimento estreia em grande estilo na Globo, direto na novela das 21h, "Um Lugar ao Sol", e compartilha com Splash as emoções que está vivendo.
Não queria passar pela vida de qualquer maneira. Queria assumir meus sonhos. Deixei o jornalismo de lado e fui atrás desse desconhecido de ser artista. Quando eu recebi o convite [para a novela], foi inesperado. Fico muito feliz de fazer uma personagem complexa, que vai dar oportunidade de pensarmos sobre assuntos relevantes. É um presente.
Indira Nascimento
Apropriação cultural
Na trama das 21h, Indira vive Janine, amiga de Bárbara (Alinne Moraes). As duas fazem um curso de escrita, mas, diferentemente da colega ricaça, Janine precisa trabalhar no café do curso em troca de uma bolsa.
O encontro entre elas mudará a trajetória de Janine para sempre, quando um de seus textos é roubado por Bárbara, que assume a autoria indevidamente. A história não é novidade: faz referência ao que ficou conhecido como apropriação cultural. Indira festeja que o tema seja debatido.
"É de extrema importância discutir esse assunto numa escala tão ampla como a da novela. A Janine se vê numa situação onde ela é silenciada e oprimida. Esse roubo é uma constante na nossa história. Muitos brancos roubaram a propriedade intelectual de artistas negros, invisibilizaram esse trabalho", discute Indira.
"A Janine é muito solar, ela tem uma certa ingenuidade, tem um coração muito bom e será desafiada nos seus valores. É uma das coisas mais interessantes da escrita da Lícia [Manzo]: trabalhar bem as dualidades, mostrar que ninguém é 100% bom ou mau", pontua.
Mais negros na tela
Indira é autora e diretora do solo "Ensaio Sobre Ter Voz", que discute a invisibilidade da mulher negra e terá apresentações especiais no SESC Bom Retiro neste fim de semana. Em um país com a maioria da população negra, é importante que essas pessoas se enxerguem em todas as produções. Mas a discussão vai muito além da representatividade.
Precisamos da proporcionalidade. Por que uma produção tem um elenco de 30 pessoas e só 5 atores negros? Isso não é suficiente. Um ator preto não dá conta de representar uma comunidade. Acaba sendo um desafio maior do que podemos aguentar. É o desejo de ser visto nas suas mais variadas formas. Já passou da hora de o Brasil olhar para isso. Se temos um elenco de 40 pessoas, o normal é que 15 ou 20 sejam pretas.
"O meu trabalho surgiu desse desejo. Quando entendi que queria ser atriz, queria criar para mim uma autonomia, fugir de estereótipos. Criar meu solo foi uma oportunidade de realizar esse desejo. Falar de assuntos que eram relevantes, da forma que eu queria que fossem ditos e me colocar no protagonismo", conclui.
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