Influenciadora paraense é vítima de injúria racial em SP
A influenciadora digital paraense, Palloma Corrêa, 25 anos, usou o stories da sua conta no Instagram para desabafar sobre uma situação de injúria racial a qual conta ter sido vítima em São Paulo.
Palloma e uma amiga estavam na capital paulista a trabalho, onde fizeram desfiles e fotos para uma marca nacional. As duas foram selecionadas em um concurso para representar o Pará no evento.
O trabalho era no final de semana e elas decidiram estender a estadia por mais dois dias para conhecer a cidade e fazer compras quando tudo aconteceu.
A jovem conta que a situação ocorreu dentro de uma loja, na rua Oscar Freire, bairro dos Jardins, por volta das 16h de terça-feira, 30. Uma mulher, que estava com as duas filhas adolescentes, agiu como se estivesse com medo ao ver a influenciadora se aproximar.
"Ela estava no caixa e do lado havia umas prateleiras com artigos. Eu me abaixei para olhar e percebi que ela me olhou dos pés à cabeça, um olhar de nojo, e saiu apressada, quase correndo e puxando as filhas. Foi tão rápido que as vendedoras foram atrás dela para entregar o troco", afirmou.
No primeiro momento, Palloma conta que não desconfiou do motivo da reação da mulher, mas para tirar a dúvida chamou a amiga, que estava no início da loja, para observar a situação.
"A minha amiga ficou chocada ao perceber o jeito que a mulher olhava e o comportamento dela, porque a mulher nem disfarçou que estava incomodada com a minha presença".
Nesse momento, a amiga de Palloma começou a filmar a mulher e a questionou sobre o fato. "Você está com medo dela? Saiu puxando o povo? Não entendi", disse. Ao fundo é possível ouvir a vendedora informando que a cliente esqueceu o troco.
A mulher então responde. "Não. Vocês estão toda hora, todo mundo observando, eu tive que sair, né (sic), respondeu a mulher.
"Na hora eu travei. Não consegui falar nada. Durante toda a situação, em nenhum momento ela (a mulher) passou perto de mim. Ela dava a volta para não passar perto e eu não conseguia imaginar nada que eu tivesse que pudesse ameaçá-la. Nenhum motivo para isso, a não ser o preconceito, por que eu não tenho nenhuma doença alérgica que ela pudesse pegar", desabafou a influenciadora.
Dúvida e medo de vitimização
Palloma Corrêa trabalha como influenciadora digital há três anos e sua conta no Instagram tem mais de 98 mil seguidores. Ela revelou que nunca passou por uma situação assim. "Passar a gente até passa por situações de racismo, mas quase sempre as que eu passei foram veladas. As pessoas se incomodam com a nossa presença, disfarçam e saem, mas nesse caso foi declarado".
A influenciadora acredita que talvez por isso não tenha identificado logo o que estava acontecendo. "A gente fica até em dúvida, a pessoa pode estar olhando por qualquer motivo. Por isso chamei a minha amiga para me certificar".
A jovem diz que sempre evitou falar sobre esses assuntos em suas redes para evitar ser taxada de vitimista. "Eu sempre quis que as pessoas me reconhecessem pelo meu talento, não pela cor da minha pele, não como a que entrou pela cota, porque somos mais do que isso".
Mas depois que passou pela injúria racial mudou sua forma de ver o tema. "Isso me acendeu um alerta. Fez com que eu mudasse o meu ponto de vista. Resolvi denunciar para incentivar as outras pessoas que passam pelo mesmo a não se acostumarem com essas situações. A gente tem que gritar, falar. Racismo dói e é crime!"
Palloma registrou ocorrência policial na 78ª delegacia de Polícia Civil de São Paulo. A mulher apontada como a autora da injúria racial ainda não foi identificada.
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