Ex-CBJr veem filho de Chorão como 'grande mentiroso': 'Não honra o legado'
Os guitarristas Marcão Britto e Thiago Castanho, ex-integrantes do Charlie Brown Jr., rebateram as recentes declarações de Alexandre Abrão em conversa com Splash.
O filho de Chorão comentou sobre a dívida da banda e o processo envolvendo as partes em reportagem publicada na última segunda-feira (29). Os músicos apontaram Abrão como um "grande mentiroso" e afirmaram que a ação busca assegurar os direitos da dupla.
Os ex-integrantes do grupo também afirmam que faltou "transparência" por parte do filho do cantor, que morreu em 2013 vítima de uma overdose.
"Ele disse que não aceitaria perfis paralelos (nas redes sociais), e não podemos aceitar este tipo de ameaça. De paralelo só existe ele, que nunca tocou no Charlie Brown Jr.", argumentou Marcão.
'Foram muitas mentiras'
Thiago Castanho e Marcão disseram que Alexandre mentiu quando comentou sobre o processo aberto pela dupla na Justiça. Segundo eles, o filho do cantor não se surpreendeu com a ação por conta de diversas discordâncias anteriores entre as partes.
O Alexandre é um grande mentiroso. Tenta criar situações para confundir as pessoas, mas nunca consegue desmentir o que colocamos. Mas nós só queremos tocar, celebrar os 30 anos da nossa banda. [...] Não queremos vender produtos ou ganhar dinheiro de outras formas. O objetivo é subir no palco e fazer esta celebração. Foram muitas as mentiras contadas durante toda a parceria.
Thiago Castanho e Marcão Britto
Os guitarristas alegam que não se trata de obter os direitos exclusivos do nome da banda, o que, segundo eles, não é oficialmente garantido ao filho de Chorão em registro regularizado no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).
"Ele age como um moleque. Sei que ele tem 31 anos, mas as atitudes são de como se ele tivesse 15. Ele teria uma grande responsabilidade por conta de tudo o que o pai deixou, mas acho que ele não está honrando o legado", analisou Thiago.
Para os artistas, Alexandre "não está bem assessorado" quando comenta sobre o assunto e aponta argumentos "estranhos" ao justificar que é o responsável pela marca.
Splash entrou em contato com a equipe de Alexandre Abrão e ainda não obteve retorno sobre as declarações dos guitarristas.
Dívida 'impagável' não existe
Os músicos afirmaram que o filho de Chorão mentiu sobre as dívidas deixadas pelo Charlie Brown Jr. antes da morte do vocalista. Alexandre chegou a pensar que os valores eram "impagáveis", mas disse que viu a possibilidade de arcar com os custos dentro de 4 anos.
A dívida do CBJr é uma grande mentira. Foram ações e negócios feitos sem o nosso conhecimento, situações em que ele pegou dinheiro e nunca nos explicou, ou combinou anteriormente. Não sei se ele faz isso para aparecer como vítima ou com más intenções, mas isto é muito sério.
Marcão Britto
A dupla também destacou que Alexandre age de forma "estranha" em suas parcerias e terá dificuldades para continuar administrando o legado do Charlie Brown Jr.
"Ele diz que tudo tem relação com o dinheiro, mas muito pelo contrário. Se fosse este o principal motivo, as pessoas nunca teriam deixado a banda na época. Para ele, que diz ter um patrimônio de R$ 20 milhões, é tudo muito fácil. Parece que o mundo gira em torno dele. O Alexandre nunca precisou se esforçar para construir a banda, fazer shows pela estrada e passar pelas dificuldades", completou Marcão.
Por conta dos problemas com jurídicos envolvendo as partes, Marcão Britto lembrou que chegou a ficar 10 anos sem receber pagamentos da gravadora mesmo após o uso das músicas.
Faltou transparência?
Os direitos sobre as músicas com participação de Thiago e Marcão nas composições causaram atritos entre eles e o filho do ex-vocalista — também no DVD inédito lançado pela banda recentemente. Segundo Castanho, Abrão queria lançar o trabalho com total controle sobre os direitos.
Os músicos dizem que, observando estes e outros motivos, entraram com um processo na Justiça tentando assegurar os direitos sobre as músicas compostas com a banda. "Também temos família e vivemos do nosso trabalho", apontaram.
"Ele pegava dinheiro prometendo shows sem combinar com a banda e deixava de prestar contas. Também demorava meses para mostrar o que estava fazendo. Faltou transparência com o nosso trabalho", reforçou Thiago na sequência.
Eles também destacaram que não insistiram na participação de um antigo empresário da banda, identificado como "Branco" por Alexandre, na divisão de arrecadações. "Quem ofereceu uma sociedade foi o próprio Abrão, com os pontos que o favoreciam. Ele veio até a minha casa pedindo para falar sobre isso", lembrou Castanho.
Por conta da situação, os dois afirmaram não existir a possibilidade de reconciliação. "Não vamos voltar a trabalhar com ele em nenhum projeto", disse Marcão.
Desentendimentos com Chorão
Thiago Castanho e Marcão não negaram desentendimentos com Chorão durante o período em que o cantor esteve vivo. Porém, afirmam que o dinheiro não era o principal tema discutido entre as partes.
O Alexandre só nos acompanhou nos últimos 3, 4 meses de banda com o Chorão vivo. Ele fala de coisas que aconteceram há anos e que ele não possui nenhum conhecimento. [...] Ele aparece muito para quem não gosta de aparecer. Sempre falei para ele pegar um vocal, uma guitarra e ver como é difícil.
Thiago Castanho
Relação entre Alexandre e Thiago
Em conversa com Splash, Alexandre Abrão destacou ainda que a relação com Thiago Castanho era "complicada" e afirmou ter sido ameaçado pelo músico. O guitarrista afirmou que, apesar dos desentendimentos, a relação era de muito respeito.
"Nunca aconteceu uma discussão mais ríspida, com xingamentos. Sempre nos respeitamos muito, principalmente pela história que temos com o pai dele. O episódio do banheiro aconteceu, conversamos lá porque estávamos em um show e ele não queria que músicas da banda fossem tocadas no evento. Eu pedi para ele parar de dar 'chilique', fui para o palco e toquei a nossa obra".
Turnê paralela sem filho de Chorão
Os guitarristas afirmaram que continuam buscando uma forma de realizar a turnê dos 30 anos do Charlie Brown Jr., mas sem a participação de Alexandre Abrão. Eles defendem que, como integrantes da banda, possuem o direito de usar o repertório do grupo.
"Não somos obrigados a fazer essa celebração em parceria com ele. Tudo o que queremos é comemorar este momento importante com os fãs da banda. Eles nos apoiam neste momento", disse Thiago Castanho.
O que Alexandre diz?
Em contato com Splash, Alexandre divulgou o seguinte posicionamento sobre as acusações dos ex-integrantes da banda:
Esse jeito com o qual o Thiago se refere a mim é super negativo e até abusivo. Tenho 31 anos, sou pai de família e não sou moleque. O fato de discordarmos em relação a alguns assuntos não significa que não tenho maturidade. Do meu jeito, eu estou lutando para manter o legado do CBJR a duras penas.
Independentemente de haver envolvimento financeiro ou não. O maior exemplo disso foi o lançamento do show inédito que fizemos esse ano. Diferente dele, eu trabalhei no projeto inteiramente de graça. Toda receita foi repassada para os músicos envolvidos, inclusive para o Thiago, que exigiu a maior fatia. Se eu não tivesse um interesse genuíno na preservação do legado do meu pai e da banda, eu jamais teria lançado o projeto. Tão pouco me renderia ao capricho dele de exigir receber mais que os outros músicos.
Acho curioso como o Thiago e o Marcão fazem todo esse barulho à toa e, depois, dizem que sou eu quem "tenta criar situações para confundir as pessoas". Nada impede alguém de subir num palco e tocar a música que quiser. Aliás, é muito comum artistas que saíram de grupos musicais organizarem apresentações em tributo à banda na qual tocaram. O próprio Thiago fez isso quando montou A Banca em 2013. Isso não tem problema.
Se essa fosse a verdadeira vontade dos dois, não estariam orquestrando ações judiciais e pedidos no INPI para tentar explorar os nomes e as marcas do Charlie Brown Jr. Quem parece querer "ganhar dinheiro de outras formas", infelizmente, são eles ou, então, seus empresários. Basta respeitar os direitos que cada um possui.
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