"Sex and the City" está de volta e, depois de anos sem notícias de Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), Miranda Hobbes (Cynthia Nixon), Charlotte York (Kristin Davis) e Samantha Jones (Kim Cattrall), a sensação é de reencontro com grandes amigos que não víamos há muito tempo. Os dois primeiros episódios de "And Just Like That", a continuação da série, já chegaram à HBO Max e mostraram, no entanto, que os novos capítulos não serão apenas uma reunião amigável para sanar a saudade dos fãs.
Mesmo com as boas memórias que vem à tona ao ouvirmos a música tema da série, logo na primeira cena, somos lembrados de que Samantha Jones não estará presente na nova temporada, afinal Kim Cattrall tem um desentendimento de longa data com Sarah Jessica Parker e se negou a voltar à produção. Sua ausência é bastante sentida, mas a série não deixa que o elefante branco na sala cresça demais, e logo já explica o porquê da personagem não estar presente. O mérito da explicação é de não fazer o público de bobo ao segurar demais a informação, ou então simplesmente não dizer o porquê de Samantha está sumida.
No entanto, mesmo que seja um motivo "satisfatório", "Sex and the City" sem Samantha não é a mesma. Afinal, ela é tida como a "ninfomaníaca" do quarteto e não tê-la nos novos episódios é como tirar o "sexo" de uma série que leva o ato em seu próprio título: a ausência de Samantha deixa apenas "... And the City".
É triste para os fãs, mas aqueles que desejavam poder assistir a novas histórias da série sabem que esta era a única maneira da produção acontecer, afinal parece mais fácil rolar uma reunião de todos os Beatles do que trazer Kim Cattrall de volta à produção.
A "baixa" no elenco — que claramente se reflete na trama — causa estranhamento por um lado, mas não impede o sentimento de nostalgia que sentimos ao reencontrar o trio principal. Por seis temporadas e dois filmes, acompanhamos o amadurecer dessas mulheres que se estão no auge dos seus 50 anos atualmente, lidando com dilemas comuns, como os filhos, as redes sociais, os cabelos brancos e a maneira como a sociedade moderna encara as coisas.
"And Just Like That" é como uma crônica sobre o envelhecimento que acompanha três mulheres que têm angústias e alegrias, vivendo em uma Nova York fluida e longe de ser conservadora. A série acerta ao mostrar a dificuldade dessa geração que era liberta nos anos 1990 e continua tentando manter a cabeça aberta em 2021.
Assuntos como identidade de gênero, pronomes neutros, drogas e protagonismo negro são apresentados e podem até mesmo chocar o público que não imaginava que alguns destes tópicos fariam parte do universo "Sex and the City", mas a maneira como são apresentados é bastante orgânica.
Há momentos em que a vergonha alheia fala mais alto, como quando Miranda pretende ser antirracista e acaba reproduzindo a ideia de "salvadora branca", mas a própria série, em conjunto com seus novos personagens, mostram como a sociedade de hoje funciona e situa essas mulheres heterossexuais brancas no novo mundo. É aquela máxima: "ninguém nasce sabendo", e pelo jeito elas estão abertas a aprender.
Logo nos dois primeiros episódios, "And Just Like That" apresenta uma sucessão de eventos que mostra ao público que a nova leva de capítulos não se trata de apenas uma visita a essas amigas: vamos acompanhá-las em seus piores momentos e, de maneira chocante, já nos faz querer continuar assistindo e fazendo companhia a elas. Explicar além disso seria spoiler e pode estragar a experiência.
Ainda serão lançados mais oito episódios semanais na HBO Max e, caso a série continue na mesma pegada que apresentou até agora, é possível que este seja um raro caso de revival que tenha dado certo e se adaptou bem aos dias atuais. Afinal, tem sido uma delícia reencontrar essas amigas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.