'Pegamos João no colo, sem vida': Whindersson conta como foi perder o filho
"Meu filho será meu filho para sempre. Enquanto eu viver, ele viverá. Se eu tiver outros filhos, ele terá sido sempre o primogênito." Assim Whindersson Nunes começa o capítulo "Meu filho, João", que abre seu livro de memórias "Vivendo como um Guerreiro" (editora Serena). No mais longo dos 18 capítulos do livro, o youtuber detalha a expectativa pela chegada do bebê e a dor de sua perda precoce.
Entre alegrias e sofrimento, Whindersson também conta como conheceu Maria Lina Deggan, sua ex-noiva e mãe de João Miguel. O relacionamento deles, que começou na pandemia, surgiu de uma DM (mensagem direta) que a garota enviou para ele no Instagram. "Dizia que havia assistido aos meus vídeos, todos, e não havia mais nada para assistir. [...] Gostei da abordagem. Da cobrança bonita e da moça bonita. E me interessei por ela."
Depois que se conheceram pessoalmente, Maria Lina passou a acompanhar Whindersson em seus trabalhos pelo Brasil. Era um mundo novo para ela. No fim do ano, ainda em pandemia, o humorista levou a então namorada para o México. Lá que Maria teria engravidado de João Miguel. "Decidimos juntos ter um filho. Planejamos juntos ter um filho."
Whindersson conta que a gestação não foi fácil. "Maria passou muito mal, sofreu muito durante a gravidez, e aguentou firme como em sua vida toda." O casal já havia comprado roupinhas antes mesmo de ter a confirmação de que ela estava grávida. O quartinho do bebê, que nasceu com 22 semanas de gestação, também já estava sendo montado.
"Foi quando, na 22ª semana, ela foi ao banheiro e sentiu que algo estava errado. Ela sempre sentia as coisas antes e sabia das coisas. E, então, um barulho começou a sujar nossa paz. Corremos para o hospital." O próprio Whindersson foi dirigindo enquanto Maria se contorcia de dor no banco do passageiro.
Segundo Whindersson, Maria já estava com dilatação para ter o parto e nem a medicação para inibir as contrações funcionou. O médico dela deixou uma palestra e foi para o hospital. "Tivemos todo o cuidado, todos os recursos necessários. Sou grato a todos eles. E o João, então, nasceu, para ficar um dia comigo."
No momento do nascimento, ainda que prematuro e não planejado, Whindersson se lembrou de colocar para tocar "Anunciação", a canção que Maria havia escolhido para receber o bebê. João Miguel partiu 24 horas depois. "Eu pude vê-lo por um dia apenas, mas o amei e amo pela vida inteira."
O relato comovente ainda traz detalhes das poucas horas de vida de João Miguel. "Ele precisava de oxigênio. Ele saiu rápido e foi entubado. Com 22 semanas, não chora, não respira. Teve que correr para a UTI. Eu corri junto. Chorando todo o tempo."
A despedida dos pais e do bebê aconteceu de madrugada. "O telefone tocou no quarto e pediram para que eu fosse lá. A voz ao telefone dizia que ele não estava bem, que ele havia tido uma parada cardiorrespiratória e estava com alguma coisa no pulmão." Coube a Whindersson acordar a sua noiva para que eles pudessem se despedir do bebê.
"Ela pegou no colo, eu também. Eu coloquei a música para ele ouvir. Ficamos esperando lá fora e nada mais havia para fazer. Pegamos João no colo, sem vida. Foi o momento em que eu mais chorei em toda a minha vida, e esse momento dura até hoje."
Whindersson finaliza o relato contando que o bebê foi cremado. "Uma dor muito grande. Antes de ser pai, eu conheci a dor de perder um filho. Um pedaço de mim. Um alguém igual a mim."
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