Caetano defende uso do termo 'mulato': 'Não vejo qual o problema'
Colaboração para Splash
21/12/2021 00h01Atualizada em 21/12/2021 06h40
Convidado do "Roda Viva" de hoje, o cantor Caetano Veloso, 79 anos, defendeu o uso do termo "mulato", que tem sido criticado por ativistas raciais nos últimos anos.
"A primeira palavra que aparece no meu disco sobre isso é mulato. Até dediquei essa musica ao Jorge Mautner, eterno defensor da miscigenação brasileiro. Ela virou um mito de beleza brasileira, que atrapalha certas coisas, certas estatísticas que precisam ser enfrentadas e atos do cotidiano. Tem muita gente que decide modificar a terminologia, o que pode ou não usar", declarou Caetano durante o "Roda Viva" de hoje.
Eu não sou obrigado a concordar com tudo, acho que esse movimento (revisionista) é uma movimentação muito útil se o Brasil souber aproveitar e não se deixar dominar por isso. Não vejo qual o problema de mulato, meu pai era mulato, a pessoa que eu mais adorava e respeitava. Tem gente que dizia que é tirado de mula? Qual o problema, não tenho nada contra as mulas, mas nem acho que venha de mulas",
"Eu aprendi muito ao longo dos anos, sobretudo com o movimento relativo a raça, por causa de eu achar que a gente não pode se satisfazer com o que o Brasil chegou a fazer no trato da questão, que é uma questão colonial. As Américas todas foram colonizadas pro europeus pra onde foram trazidos negros escravizados, cujas sociedades nativas foram dizimadas e oprimidas. Acho que essa experiência colonial, a gente tem que ter coragem de superar", completou.
No Twitter, a frase de Caetano dividiu opiniões:
Na entrevista, Caetano falou ainda sobre masculinidade, religiosidade e Bolsonaro.