Pai defende Tiago Leifert: 'Não se preocupe com quem nega nossos méritos'
Gilberto Leifert postou um texto nos comentários de uma publicação do filho, Tiago Leifert, para defendê-lo dos comentários de Ícaro Silva insinuando que o ex-apresentador do BBB teve privilégios na Globo por ser filho de um diretor da área comercial.
O publicitário, que ocupou cargo de chefia na emissora por 30 anos, disparou: "O esporte preferido dos brasileiros não é o futebol. É o falar mal dos outros".
Ele começa o texto dizendo que Tiago "talvez não goste de ver seu pai tratando deste tema em público, mas estava na hora". Em seguida, diz que nunca interferiu no trabalho do filho — mas reconhece que os chefes de Tiago eram seus colegas.
Jamais me meti nos assuntos que diziam respeito ao seu trabalho. Essa era a nossa regra do jogo (minha e sua) e meus pares a presumiam. Gilberto Leifert
"Colocar o filho na telinha e expô-lo ao escrutínio diário da diretoria, do público, do mercado publicitário e da crítica não é o jeito mais suave e menos chamativo de nepotismo", argumenta Gilberto.
O publicitário afirma que "já enxergava o potencial" do filho quando o apresentou à TV Gazeta aos 16 anos, quando Tiago teve sua primeira experiência como repórter (sem remuneração, ressalta). Gilberto relembra a passagem do filho na faculdade nos Estados Unidos e finaliza: "Não se preocupe com quem nega nossos méritos e desmerece nossas conquistas".
Confira a íntegra do texto:
Tiago: Você talvez não goste de ver seu pai tratando deste tema em público. Mas estava na hora. Tenho setenta anos e cresci vendo a nação brasileira conviver com impunidade; negar o mérito das pessoas, suspeitar da honestidade e da integridade de quem alcança sucesso. O esporte preferido dos brasileiros não é o futebol. É o falar mal dos outros.
Por isso, foi tocante e merecida a linda homenagem que lhe foi prestada ontem pela Globo e por seus colegas do The Voice Brasil. O clip recordou sua trajetória e me senti muito feliz. Não apenas porque sou seu pai, mas porque fui seu colega. Nunca trabalhamos na mesma área. Você inicialmente numa emissora afiliada, depois no SporTV, no Jornalismo/Esporte e depois no Entretenimento. Eu no Comercial. Meus ex-colegas, que foram seus chefes, reconheceram desde logo seu talento, seu preparo e dedicação.
Na estrutura da Globo em que trabalhei por longos trinta anos os diretores sempre tiveram autonomia para contratar e demitir... na própria área. Aliás, jamais me meti nos assuntos que diziam respeito ao seu trabalho. Essa era a nossa regra do jogo (minha e sua) e meus pares a presumiam. Eu jamais poderia contratar alguém para o Jornalismo, por exemplo. Foram as suas qualidades que impulsionaram e sustentaram sua carreira na Globo.
Colocar o filho na telinha e expô-lo ao escrutínio diário da diretoria, do público, do mercado publicitário e da crítica não é o jeito mais suave e menos chamativo de nepotismo. Aliás, quem conhece a Globo sabe que nenhum jovem jornalista, com apenas 28 anos, "ganha" a responsabilidade e o desafio de editar o Globo Esporte de São Paulo porque é filho de um funcionário graduado. E nenhum funcionário (na ocasião eram mais de oito mil), apenas por ser filho de um diretor, "merece" a confiança de poder dizer o que bem entender ? seus chistes, suas broncas, seus discursos ? em programas líderes de audiência, transmitidos ao vivo, como o Big Brother Brasil ou substituindo o gigante Fausto Silva.
Olhando para trás, tenho certeza de ter agido corretamente ao apresentá-lo à televisão em 1996 para atuar como repórter de campo do Desafio ao Galo, sem remuneração, na TV Gazeta/SP. Você tinha dezesseis anos e eu já enxergava seu potencial, que foi desenvolvido e lapidado nos Estados Unidos. Lá, você não era "o filho do diretor da Globo" quando, por algumas vezes, seu nome foi inscrito na "Dean List" — a lista do reitor, na qual figuram os melhores alunos da Universidade de Miami.
E porque era um excelente aluno e tinha vocação, você foi estagiar no Jornalismo da National Broadcasting Company, a NBC, uma das maiores redes do mundo, onde ninguém jamais ouvira meu nome. Não é mole para um jovem brasileiro pensar, redigir e se expressar profissionalmente em outra cultura, e você tinha conseguido e da NBC veio o primeiro convite para trabalhar nos Estados Unidos, mas você preferiu voltar.
Sua mãe, sua irmã e eu também achamos ótimo tê-lo de volta, mesmo sem ter emprego em vista, mas você nos deixou novamente e foi trabalhar no interior de São Paulo, onde revelou a que tinha vindo no inesquecível [programa] VanguardaMix. Sei que não foi fácil para você chegar até aqui e que sua decisão de deixar a Globo que amamos é parte de um projeto de realização pessoal e profissional que está em pleno desenvolvimento, e que certamente será bem-sucedido.
Não se preocupe com quem nega nossos méritos e desmerece nossas conquistas. Preocupe-se, sim, defender suas crenças, ser honesto, leal, decente, generoso; bom patrão, bom amigo, bom filho, bom marido e bom pai, como, aliás, tem sido. Nossa família sente muito orgulho de você e ontem, assistindo o The Voice, me senti realizado ao ver na Globo o sobrenome Leifert associado a tantos conteúdos tratados com sensibilidade e ética. Beijo do seu admirador Gilberto.
Em tempo: sei que você tem especial fascínio pelo espaço sideral. Outro dia mandei meu currículo para o Jeff Bessos e para o Elon Musk. Se eu for contratado, vou arrumar uma boquinha de comandante de nave pra você.
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