Como 'Turma da Mônica: Lições' usou seu maior problema a favor da história
Dois anos e meio e uma pandemia separam "Turma da Mônica - Laços" de sua sequência, "Lições". O filme que já chegou aos cinemas brasileiros para aproveitar o recesso de fim de ano traz de volta Mônica (Giulia Benite), Magali (Laura Rauseo), Cascão (Gabriel Moreira) e Cebolinha (Kevin Vechiatto), e adapta para as telonas o segundo volume das Graphic Novels escritas por Lu e Vitor Cafaggi.
Dessa vez, no entanto, com uma diferença crucial: o amadurecimento dos personagens (e também dos atores) está irremediavelmente ligado à história.
Com Daniel Rezende novamente a cargo da direção, o filme se inicia quando Mônica é transferida para outra escola, e isso desencadeia uma separação do grupo —influenciada pelos pais dos quatro amigos, que acham que eles estão passando tempo demais juntos e que isso pode prejudicá-los. Assim, eles são forçados a encontrarem novos amigos e enfrentarem seus próprios medos e inseguranças.
Para o cineasta, a grande sacada foi usar o maior problema que a equipe de produção tinha em mãos a favor do filme.
"A história da segunda Graphic Novel era mais difícil de se adaptar para o cinema, e começamos a fazer várias versões de roteiro. Eu estava desesperado porque a data das filmagens estava chegando, e não podíamos adiar porque eles estavam crescendo", conta.
Então, um dia eu simplesmente pensei: por que a gente não joga para dentro o nosso maior problema? Por isso, resolvemos trazer o grande problema que tínhamos para dentro da história, e fazer um roteiro sobre crescimento. Quando entendemos isso, e passamos para a Maurício de Sousa Produções, paramos de sofrer.
Justamente por isso, o filme é a porta de entrada para outros personagens da turminha aparecerem pela primeira vez nas telonas. Milena, Do Contra, Marina, Rolo, Franjinha, Humberto e Nimbus, por exemplo, engrossam o elenco e ajudam a contar uma história com uma mensagem mais sutil que a do primeiro filme: "é possível crescer sem deixar de ser criança".
Esse crescimento é notório não apenas em como os atores mirins estão maiores, mas também na forma como eles dominam com mais segurança as cenas de emoção e os momentos mais exigentes em questão de técnica.
Em "Laços", Daniel não queria que eles decorassem falas para que o resultado final soasse o mais orgânico possível. Aqui, embora a técnica ainda seja usada, algumas cenas exigem um texto mais alinhado, o que só é possível graças à transformação e à evolução do quadrado principal.
Magali, por exemplo, lida com o seu apetite e o fato de ele poder ser sintoma de um transtorno de ansiedade. Para Laura, tratar o tema no filme foi uma oportunidade de aprender melhor sobre si mesma, e descobrir que algumas características que considerava hábitos comuns também podem decorrer de ansiedade ou estresse.
"Eu falo muito sobre sermos verdadeiros e presentes nos projetos em que estamos", explica o diretor. "Então, vamos falar sobre ansiedade com as crianças? Vamos falar sobre ansiedade e não ter medo, porque elas, muitas vezes, são mais inteligentes e sensíveis que a gente."
É com esta lógica que Daniel Rezende e os roteiristas Thiago Dottori e Mariana Zatz criaram um filme que se comunica com todas as idades sem se render com facilidade a diálogos explicativos ou expositivos.
A trama sobre o amadurecimento da turminha em nenhum momento compromete o teor infantil da narrativa. Na verdade, faz justamente o contrário: é através das dores do crescimento e da transformação que Mônica, Magali, Cebolinha e Cascão redescobrem o valor da amizade e entendem que ter outras referências (ou até outros amigos) não quer dizer que eles precisam deixar de ser as pessoas que são.
"Turma da Mônica - Lições" já está em cartaz.
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