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Influenciadora Duda Martins relata que foi vítima de abuso sexual em Maceió

A influenciadora alagoana Duda Martins - Reprodução/Instagram
A influenciadora alagoana Duda Martins Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, em São Paulo*

04/01/2022 11h10

A influenciadora Duda Martins contou em uma transmissão ao vivo feita em seu Instagram que foi dopada e abusada sexualmente, em Maceió, no último dia 29 de dezembro. O crime teria ocorrido após um encontro em um bar na Praia da Ponta Verde.

Na transmissão ao vivo, Duda, que ficou conhecida após mostrar seu processo de emagrecimento de 72 kg com reeducação alimentar e exercícios, falou aos seus mais de 200 mil seguidores, ao lado de sua advogada, Julia Nunes, presidente da associação AME, que acolhe mulheres vítimas de violência. Nunes afirmou que Eduarda já conhecia o suposto agressor pela internet. Ela marcou de se encontrar com ele no bar Lopana, um dos mais movimentados da orla de Maceió, local onde ela se sentia segura.

Duda conta que bebeu três copos de gin com energético, e que o encontro teria acontecido às 14h35. Ela havia marcado, às 17h, um treino com um amigo — que expressou preocupação quando ela não apareceu e não dava sinais de receber mensagens em seu celular.

Duda diz também que não se recorda do que teria acontecido a partir das 16h. Quando acordou, cerca de 12h depois do encontro, estava no apartamento do rapaz com quem havia marcado o encontro. Ela relata que estava com hematomas pelo corpo e que ele teria escondido seu celular.

A advogada Julia Nunes e a influenciadora Duda Martins, em transmissão ao vivo - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
A advogada Julia Nunes e a influenciadora Duda Martins, em transmissão ao vivo
Imagem: Reprodução/Instagram

"Eu só tenho a sensação de que eu estou machucada. Tem as fotos que a doutora tirou. Tinha hematomas no peito, tinha um galo na cabeça, tenho um hematoma aqui ainda. Estava com minhas partes íntimas feridas. Então, eu não estava apenas dopada, eu estava totalmente ferida. Quando acordei, estava no sofá dele. Nesse momento, eu nem havia percebido que estava sem calcinha."

Segundo a influenciadora, ela pediu pelo seu celular assim que acordou. Ele disse que ela havia deixado no táxi. Os dois chegaram a voltar no bar para procurar o telefone. "Não sabemos quanto tempo ela passou acordada. Quando ela chegou em casa, foi dormir pois estava cansada", explica a advogada. Só depois disso, de acordo com a advogada, ela lembrou de buscar onde estava o aparelho através do localizador no computador.

"Quando rastreou, bateu que o meu celular estava no apartamento dele, no local onde ele estava hospedado. Foi a partir disso que eu entrei em contato com a polícia."

Acompanhamento do caso

Duda revela que foi atendida no Hospital da Mulher, onde realizou exames de corpo de delito e toxicológico e foi medicada. Ela registrou um boletim de ocorrência e buscou a polícia para tentar reaver os pertences. Segundo ela, a polícia chegou a ir até o apartamento do suposto agressor, mas um amigo atendeu, alegando que ele não estaria em casa e não autorizou a entrada porque não havia um mandado de busca e apreensão.

Duda Martins registrou um boletim de ocorrência contra seu suposto agressor - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Duda Martins registrou um boletim de ocorrência contra seu suposto agressor
Imagem: Reprodução/Instagram

A advogada Julia Nunes conta que, depois disso, ele entrou em contato através de uma amiga para devolver os pertences de Eduarda. Mesmo assim, ela o denunciou por ter sido dopada.

"Ele falou, por exemplo, que eu arranhei ele. Imagina, se uma pessoa está em cima de você. Eu ainda tentei me defender arranhando ele. Porém, por estar dopada, eu não tinha forças o suficiente para tirar um homem que é maior e mais pesado que eu."

A advogada completa:

"Até agora, nada foi feito. No réveillon, ele estava pulando e se divertindo. Quantas outras mulheres podem ter sido vítimas desse agressor? E ele vai embora de Alagoas, como vamos localizá-lo para poder notificar? Se ela estava dopada e tentou se defender, ele também tem marcas. O corpo fala muito, e não podemos esperar."

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, através da 1ª Delegacia Especial de Defesa dos Direitos da Mulher. Hoje, a Degepol (Delegacia Geral de Polícia Civil de Alagoas) designou uma investigadora especial para investigar o caso. Nesta tarde, Duda Martins está sendo ouvida pela delegada Maria Angelita de Lucena, na Degepol, no bairro de Jacarecica.

O homem se apresentou a um distrito policial, ontem, mas não foi preso. O teor do depoimento dele não foi divulgado porque o caso está em segredo de Justiça. Ele deletou até mesmo o perfil que tinha no Instagram.

A advogada criminalista Graciele Queiroz, que faz a defesa do suspeito defende que o cliente é "inocente" e que Duda quer "ganhar seguidores". Ela disse que o cliente ainda está em Maceió passando férias. "A autoridade policial está investigando e toda a verdade será revelada. Todas as provas comprovam a inocência do meu cliente. O terrorismo penal propagado pelos juízes da internet. Esse circo em busca de engajamento tem de cessar", defendeu.

A Splash, o bar Lopana informou que não irá se pronunciar porque o caso está em segredo de Justiça. Porém, o estabelecimento disse que está dando todo suporte às investigações policiais e aos pedidos judiciais, como também o que foi solicitado oficialmente entre as partes envolvidas. O Lopana destacou ainda que "como empresa conceituada, depois poderá se posicionar para esclarecimentos aos clientes."

Splash entrou em contato com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de Alagoas para mais esclarecimentos sobre a condução do caso, mas o órgão disse que não comentaria. Também preferiu não se manifestar sobre as críticas de que providências só teriam sido tomadas após a transmissão ao vivo nas redes sociais.

Como denunciar violência contra a mulher

Mulheres que passaram ou estejam passando por situação de violência, seja física, psicológica ou sexual, podem ligar para o número 180, a Central de Atendimento à Mulher. Funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo Whatsapp no número (61) 99656-5008.

Também é possível realizar denúncias de violência contra a mulher pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH), do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).

*Com colaboração de Aliny Gama