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Demissão de Batoré do SBT causou rixa de 13 anos e vergonha ao humorista

De Splash, em São Paulo

11/01/2022 04h00

A saída de Batoré do SBT foi uma mágoa duradoura na vida do humorista, que morreu ontem aos 61 anos, mas uma questão resolvida com louvor antes de sua morte. A demissão do personagem de "A Praça É Nossa", em 2003, pegou não só o público, mas também o artista de surpresa. Na época, ele entendeu que havia sido cortado por Carlos Alberto de Nóbrega, saiu magoado e ficou 13 anos sem falar com o apresentador.

A rixa, resolvida apenas mais de uma década depois, causou constrangimento e vergonha a Batoré. "Eu me envergonho de ter chegado a esse ponto", admitiu o humorista em entrevista ao UOL em 2017, depois de ter participado da novela da Globo "Velho Chico".

Durante mais de uma década, Batoré acreditou que foi vítima de uma "traição" após ter integrado o elenco da "Praça" por mais de uma década.

"Foi ele que colocou meu nome na lista [de demissões]. Quando fui falar com ele, ele só abaixou a cabeça. Não discuti nem nada, até porque tenho um respeito muito grande por ele, faz parte da minha história, mas ficamos 13 anos sem nos falar porque achei covardia", falou Batoré em entrevista a Luciana Gimenez, em 2018.

A desavença só foi rompida quando o ator soube que sua saída do programa havia sido determinada por Silvio Santos para cortar despesas, revelação feita por Carlos Alberto de Nóbrega em 2016 em entrevista ao programa UOL Vê TV, de Mauricio Stycer.

Desfeito o mal-entendido, Batoré aceitou até mesmo voltar ao banco da "Praça" para uma participação especial, em 2019. O UOL acompanhou os bastidores do reencontro com Carlos Alberto e a equipe 16 anos após a polêmica demissão. O clima foi de nervosismo, mas rolou até torcida do público para que ele voltasse ao lugar onde ficou 11 dos 18 anos em que trabalhou no SBT.

Em nota, a emissora de Silvio Santos lamentou a morte do humorista.

"É com profundo pesar que o SBT lamenta o falecimento de Ivan Gomes, o Batoré, nesta segunda-feira (10), em decorrência de complicações causadas por um câncer. Ele estava internado na Unidade de Pronto Atendimento de Pirituba, zona oeste de São Paulo.

Pernambucano da cidade de Serra Talhada, Ivan sonhava em ser jogador de futebol, mas a veia cômica falou mais alto e com o talento nato, fazia sucesso em pequenas apresentações na cidade de São Paulo.

A oportunidade na televisão veio com um número criado por ele: "Gol em Câmera Lenta", que apresentou nos programas Viva a Noite e Show de Calouros. Logo, encontrou uma oportunidade para fazer figuração em A Praça é Nossa, no final dos anos 80, como o garçom do bar lateral que compunha o cenário do humorístico.
Em 1993, mostrou para Carlos Alberto de Nóbrega um personagem criado por ele, o Batoré, um singelo e pacato sertanejo, que contava causos de sua vida em São Paulo, com sua peculiar camisa florida, o tênis azul e cabelos bem penteados. O bordão "ah para, ô" exaltava o momento mais divertido de suas histórias.

O sucesso veio a partir das primeiras aparições, e quase 30 anos depois, continuava em alta fazendo shows e participações em todo o país. O personagem também gravou um disco com a música-tema: Você Pensa que é Bonito ser Feio?

Como ator, Ivan também esteve na primeira temporada de Cine Hólliudy e na novela Velho Chico, ambas da TV Globo, fez humorísticos na RecordTV e participou da série Os Exterminadores do Além, ao lado de Danilo Gentili, veiculado pelo SBT em 2021, tendo sido este seu último trabalho na TV.

O SBT se solidariza com a família de Ivan, que deixa os filhos Ivann e Alexandra, com todo o público que sempre aplaudiu Batoré, e com seus colegas e amigos de A Praça é Nossa, e pede a Deus que os conforte neste momento difícil".