Mônica Martelli revela descoberta no 'Saia Justa': 'Acho que fui estuprada'
Eu estava nesse sofá quando virei para Astrid e falei: 'Gente, acho que fui estuprada se isso é considerado estupro!'
Mônica Martelli constatou, em bate papo com Splash, a violência que sofria diariamente nas ruas com a ajuda das conversas no "Saia Justa", programa do GNT que hoje estreia uma edição especial de verão. O pano de fundo era a campanha "Não é Não!", que foi criada por um coletivo de mulheres em 2017 e que ganhou força no Carnaval.
A apresentadora usou a situação que aconteceu com ela como exemplo para mostrar a contribuição do programa de debates, por vezes polêmicos, na própria vida. Mônica faz parte do quadro de apresentadoras do "Saia" há quase nove anos. No sofá, já passaram mulheres como Fernanda Young (1970-2019), Rita Lee, Mônica Waldvogel, Barbara Gancia, entre tantas outras.
A atual formação, com Pitty, Gaby Amarantos, Astrid Fontenelle e Martelli, é a mesma há cinco anos, sendo Gaby a última a entrar no programa. Todas elas, que participaram da conversa com a reportagem, concordam que as discussões as ajudaram a vencer tabus pessoais.
"Essa forma abusiva como tratam o corpo da mulher é normal para a gente, de nos protegermos com um casaco de moletom para o cara não colocar a língua para fora ou para não ouvirmos piadinhas. Sempre foi normal. A partir do momento que a discussão veio, eu falei, acho que fui abusada. Descobri isso aqui", explica Martelli.
Gaby afirma que o "Saia" tem um caráter um tanto terapêutico, tamanho é o seu poder de transformação.
Os abusos sexuais que eu tinha sofrido, eu realizei no sofá do 'Saia Justa' — Gaby Amarantos.
"Eu me sinto em uma sessão de terapia quando estou aqui. Quando vemos que todas nós, de alguma forma, já passamos por isso, a gente tem mais coragem de falar sobre isso para a nossa audiência e para o Brasil", reflete.
Astrid e a revelação que fez aborto
Foi no estúdio do "Saia Justa", em 2015, que Astrid surpreendeu os telespectadores com um depoimento forte sobre um aborto realizado aos 18 anos. Passados sete anos, o tema continua sendo um tabu, mas o programa se aprofundou na questão ao compartilhar uma experiência com o nome e sobrenome de uma pessoa pública.
Eu esperava tomar porrada e fui acolhida - Astrid Fontenelle.
Essa era a reação que a apresentadora esperava ao decidir tornar pública a situação delicada que enfrentou. Neste caso, não foi uma revelação espontânea. O assunto foi debatido entre Astrid e a direção do GNT. "Eu falei, acho ruim quando falamos os números e esses números não têm cara", explica.
Ela diz que sentia a necessidade de se posicionar e como se sentiu abraçada: "A gente se preparou psicologicamente para vir uma enxurrada de cancelamento para cima de mim, e não aconteceu".
"Não sou só eu que fiz aborto. Não foi porque eu queria ou porque naquele dia eu resolvi que não queria mais? Foi uma situação. E eu fui muito acolhida. A gente precisava conversar sobre isso e mudar a lei no Brasil. Por isso eu me coloquei", declara a apresentadora.
Sotaques do Brasil
O "Saia Justa" busca em seu elenco trazer para o sofá a diversidade do público que assiste ao programa de casa. Mesmo assim, o programa levou anos até ter uma apresentadora preta, o que aconteceu com Taís Araújo, em 2017. Mulheres de regiões diversas do Brasil também passaram a fazer parte, como Gaby, do Norte, e Pitty, do Nordeste.
A roqueira nascida em Salvador se recorda que causou um estranhamento ao estrear no "Saia Justa", há cinco anos.
Quando eu entrei, o pessoal escrevia que nunca tinha visto sotaque do nordeste em um programa. Você acredita que escreviam isso para mim? Como assim? — Pitty
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.