Projota desabafa sobre Big Brother Brasil: 'O que é que eu fui fazer lá?'
Em entrevista ao jornal O Globo, o rapper Projota desabafou sobre sua participação no BBB 21 e revelou as consequências para sua imagem. Sua passagem pelo reality foi marcada por polêmicas e brigas o que o levou a ser eliminado com um dos recordes de rejeição do programa: 91,89%.
Para quem não se lembra, Projota se envolveu em diversas discussões com o colega de confinamento Lukas Penteado, o que lhe rendeu uma enxurrada de críticas aqui fora. Ao sair, o rapper percebeu que sua passagem trouxera sérios danos à sua imagem e à sua carreira. Ele contou que perdeu fãs, contratos e o prestígio que levou anos para conquistar. Mesmo já tendo enfrentado perdas significativas em sua vida, Projota disse que nunca havia perdido tanto, em tão pouco tempo.
— Eu sabia que o "Big Brother" era assim, e não culpo ninguém além de mim. Não consegui entender que o tempo ali não seria suficiente para as pessoas verem que não existem anjos e demônios lá dentro, mas seres humanos. E sou impulsivo demais — admitiu, em entrevista por Zoom ao jornal O Globo. — Já perdi muito jogo na vida, mas ali veio tudo de uma vez. Perdi a avó por quem fui criado [ela morreu em junho], um cachorro e um gato. Perdi amizades, fãs, contratos e prestígio, perdi boa parte do alicerce que levei 20 anos para construir. Você se sente injustiçado, é como se tivesse passado um furacão.
Concentrado em tentar reparar os danos causados pelo programa, Projota divulgou o single "Volta", primeira faixa de seu novo álbum "A saída está dentro", lançado ontem em todas as plataformas digitais. Nela, ele cita que seu ego o atrapalhou, mas sua humildade fez com que ele pedisse perdão.
— Quando saí da casa, estava ainda com uma energia muito negativa. Eu escrevia e ficava uma coisa meio raivosa, ou muito de coitadinho. Tive que esperar o tempo passar — contou. — Eu estava me sentindo totalmente derrotado. Já tive depressão e posso falar: se não fosse pela minha esposa e pela minha filha, talvez eu não estivesse aqui agora. Mas, depois de tudo, ganhei seguidores, contratos, publicidade, coisas que não aconteciam para mim no rap. Consegui humanizar minha imagem. Dancei axé, me maquiei, brinquei, fiz de tudo e muita gente viu isso. Hoje consigo valorizar o "BBB". Quando saí da casa, eu só pensava: "Mano, o que é que eu fui fazer lá?"
Sobre a doença, ele destaca que é importante que as figuras públicas ajam de forma melhor e ressalta que foi para o Big Brother no momento errado.
— A depressão é o grande mal que assola a Humanidade, desde antes da pandemia. Ela é um lugar que não tem portas, não tem janelas, não tem um sofá. E como é que você sai dali, desse lugar em que você muitas vezes não sabe que está? A saída está mais para dentro, é quando você olha para o interior de si mesmo — ensinou o rapper. — Isso tem a ver com reality, com internet, com intolerância e com desigualdade social. É importante, por exemplo, que as pessoas cobrem das figuras públicas que elas ajam de uma forma melhor, mas existe um exagero. Eu acho que fui para o "Big Brother" no momento errado.
Com participação especial de Nando Reis, Lourena, Fernandinho Beat Box e Melim, "A saída está dentro" foi muito aguardado pelos fãs. São 11 faixas, incluindo "Volta", de onde Projota tirou o título do disco, sendo o álbum mais orgânico de sua carreira. As músicas se dividem entre romantismo e indignação, passando por machismo, violência e falso moralismo. Em "Homens de bem", Projota revela que a canção fala sobre ele mesmo.
— Quando comecei a escrevê-la, eu estava falando de mim. Foi uma evolução que me permitiu enxergar que, se não cuidar de mim mesmo, eu posso me tornar o cara no bordel em Paris — ilustrou. — A sociedade te dá dois caminhos: ou você não cresce, ou cresce e se torna um lixo. A gente tem que encontrar o equilíbrio.
Na icônica "O hype", Projota discute o que ele chama de "rap fascista", mostrando que não faz sentido "ouvir rap e votar no Bolsonaro", que a música vai contra o que o governo prega.
— As pessoas querem ter direto à opinião mesmo que essa opinião tire a vida e a liberdade de outras pessoas. A gente vive num país extremamente polarizado e era difícil imaginar que dentro do rap a gente ia passar isso. Mas isso existe também — disse. — A gente enxerga isso com muita estranheza. Para mim, não faz qualquer sentido o cara ouvir rap e votar no Bolsonaro. Você ouviu esse bagulho a vida toda e depois vota em alguém que não tem nada a ver com o nosso corre? Isso é o absurdo!
Casado com a atriz Tâmara Contro e com uma filha de 2 anos, Marieva, Projota conta que está mais caseiro, recluso e menos presente nas redes sociais
— Estou tentando ficar mais equilibrado nesse sentido, porque não dá para não estar nas redes, é o meu trabalho. Hoje eu tenho que me esforçar para estar on-line, para fazer os stories, para mostrar conteúdo à galera, os fãs anseiam por isso. Eles querem muito o dia a dia, tipo eu aqui em casa fritando ovo — disse ele.
Sobre o Big Brother Brasil 22, que estreia na próxima segunda (17), o rapper diz que não gostaria que os outros participantes seguisse seu caminho no programa.
— Sou do tipo que acompanha o programa pelo Instagram. Não posso dizer que quando começar o "BBB 22" eu não vou me empolgar e assistir, mas eu acho difícil. Agora tenho uma outra perspectiva de tudo isso, é impossível julgar alguém.
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