Filha de Iansã: qual era a relação de Elza Soares com o candomblé
O candomblé teve lugar especial na vida de Elza Soares, que morreu ontem aos 91 anos, no Rio de Janeiro. Em seu penúltimo álbum, "Deus é Mulher", o nome de um Orixá aparece até no título de uma das canções: "Exu nas Escolas".
Mas, afinal, qual era a relação da cantora com a religião de matriz africana?
"Pra mim o candomblé é uma coisa muito linda. Eu tive minha mãe (de santo) que partiu há pouco tempo (Mãe Stella de Oxóssi), que morava aí na Bahia, que era minha referência mesmo. Eu tinha ela como tudo para mim", contou Elza em entrevista ao site iBahia em 2019
Dentro do candomblé, a cantora era filha de Iansã, considerada senhora dos raios e das tempestades, uma divindade guerreira que também consegue se comunicar com o mundo dos mortos.
No livro "Cantando para Não Enlouquecer", de 1997, Elza conta sobre sua experiência com as mais diversas religiões, após o término de seu conturbado relacionamento com Garrincha.
"A ex-devota de Santa Rita de Cássia percorreu os mais diferentes caminhos da fé. Entre 1983 e 1990, passei por templos e terreiros, tentei ser espírita, raspei e bati cabeça na umbanda e no candomblé, envolvi-me com a seita hare krishna. Acreditei em tudo, desacreditei de todos e de mim mesma", relembrou a cantora na obra.
Na faixa que evoca Exu de um de seus últimos trabalhos, Elza discute o racismo e a intolerância religiosa diante de religiões como o candomblé.
"Você não pode ter um caminho religioso, você é o que você é, o que você quer ser. Você não tem que ser católica, você tem que ser o que tem que ser. Você tem liberdade. Eu busco a liberdade também na música", concluiu, no papo com o iBahia.
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