Iozzi diz que tentava denunciar Bolsonaro no 'CQC' e não percebia 'perigo'
Quando Monica Iozzi (40) foi repórter do programa "CQC", da Band, o programa humorístico era destaque no cenário brasileiro por abordar pautas que eram consideradas polêmicas. A atriz fazia reportagens em Brasília, conversando com políticos nos corredores do Congresso.
Na época, Jair Bolsonaro era deputado federal, com pouca projeção no cenário nacional —algo que mudou após o programa.
Em entrevista concedida a Splash nos bastidores de "Novela", sua nova série da Amazon, Iozzi falou sobre o período em que participou do programa. Ela explicou que, na época, considerava que fazia uma "denúncia". Hoje, ela enxerga seu papel de forma diferente.
Eu fui a pessoa que mais entrevistou o Bolsonaro [no programa]. O que eu posso dizer é que toda vez que a gente mostrava o Bolsonaro, era no intuito de fazer uma denúncia. Queríamos denunciar e questionar como era possível termos parlamentares daquele nível.
Em discussões mais recentes na mídia, o papel do "CQC" ao dar visibilidade ao presidente foi bastante debatido. Iozzi, no entanto, explica que as intenções editoriais eram sempre no sentido de prestar um serviço.
"O que eu quero dizer é: como uma pessoa com tamanho despreparo para qualquer tipo de cargo público, e com um discurso que propaga tanto ódio, poderia chegar lá?", desabafa.
Não era nem para ele ter sido deputado, muito menos presidente. Então, mostrávamos o Bolsonaro para fazer uma denúncia.
Arrependimento?
Questionada sobre um possível arrependimento sobre a visibilidade empregada pelo "CQC", ela explica que não tinha como imaginar o que aconteceria:
"Não dava para saber que mostrar o Bolsonaro pudesse ser uma coisa tão perigosa. Não dá para imaginar que daria [nisso]. Eu achava que estava fazendo um bom trabalho, prestando um serviço."
Ela continua:
Eu não sei se tenho uma resposta para isso. Você quer denunciar. Mas, ao mesmo tempo, você daria espaço para uma pessoa falar coisas absurdas? [...] Sempre o mostrei de maneira séria e muito crítica, mas talvez o melhor seja não dar voz para essas pessoas.
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