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OPINIÃO

Sem Gaga no Oscar, fãs de música pop vão torcer por Beyoncé e Billie Eilish

Sem Gaga no Oscar, fãs de música pop vão torcer por Beyoncé e Billie Eilish - Reprodução/Instagram
Sem Gaga no Oscar, fãs de música pop vão torcer por Beyoncé e Billie Eilish Imagem: Reprodução/Instagram

Claudia Assef

Colaboração para Splash

09/02/2022 09h01

"Não é sobre ganhar, é sobre não desistir. Se você tem um sonho, lute por ele. Não é sobre quantas vezes você foi rejeitado, caiu e teve que levantar. É sobre quantas vezes você fica em pé, levanta a cabeça e segue em frente".

A frase acima não foi tirada de um livro de autoajuda, mas de um emocionado discurso da cantora, compositora e atriz Lady Gaga logo depois de receber seu primeiro e único Oscar, em 2019, pela autoria da música "Shallow", que levou o prêmio de melhor canção original pelo filme "Nasce Uma Estrela" - pelo qual ela também recebeu indicação como Melhor Atriz.

Ontem, quando foram anunciadas as indicações ao Oscar, tudo levava a crer que Gaga seria um dos nomes na categoria de Melhor Atriz por sua atuação no filme "Casa Gucci". Foram inúmeras entrevistas em que Gaga contou sobre seu envolvimento ao encarnar Patrizia Reggiani, segundo ela, uma mulher completamente diferente dela, mas alguém em quem ela acabou se transformando ao longo dos 9 meses em que esteve envolvida no longa.

Rodeada de um elenco de estrelas, da envergadura de Al Pacino, Jared Leto, Adam Driver, Salma Hayek e Jeremy Irons, Gaga estava cotadíssima para figurar entre os cinco nomes indicados à estatueta por sua atuação, que rendeu indicações em outras premiações que costumam dar um cheiro do Oscar, como o Globo de Ouro e o BAFTA.

Ela literalmente vestiu a pele de Patrizia. Um trabalho de caracterização primoroso que a deixou parecidíssima com a socialite italiana, conhecida por ter sido ex-esposa e mandante do assassinato de Maurizio Gucci, diretor da grife nos anos 1980 e 1990. Seu sotaque italiano também virou assunto - ainda que muita gente tenha achado exagerado e para alguns ouvidos (como o meu) soe mais como a Red, a personagem russa de "Orange is The New Black".

Para a surpresa de Gaga e infelicidade total de seus milhares de fãs pelo mundo, ela não entrou nas nomeações. A lista final inclui atuações sensacionais, como a personagem Leda, de "A Filha Perdida", interpretada pela inglesa Olivia Colman, que vai da sutileza quase apática a rompantes de violência e desespero em segundos. Além dela, estão entre as finalistas Jessica Chastain ("Os Olhos de Tammy Faye"), Kristen Stewart ("Spencer"), Nicole Kidman ("Apresentando os Ricardos") e Penélope Cruz ("Madres Paralelas").

Sem Gaga, mas com Queen B e Billie Eilish

Se na 94ª edição da cerimônia do Oscar, dia 27 de março, não vai ter look arrasador nem discurso motivacional de Lady Gaga, os fãs de divas pop poderão torcer por uma grande amiga dela, a "rainha" Beyoncé.

Pela primeira vez na carreira, a Queen B real-oficial, como os fãs as chamam (em 2020 Britney Spears quis afanar o apelido para ela), figura entre as indicações pela autoria de "Be Alive", canção original do filme "King Richard", que conta a história de como o pai das gêmeas Venus e Serena Williams as treinou para serem as maiores campeãs do tênis feminino de todos os tempos (ao lado de Steffi Graf).

Beyoncé assina a faixa ao lado do produtor, cantor e compositor Darius Scott Dixson, que já trabalhou com Pharrell Williams e Justin Bieber, entre outros. O filme tem Will Smith no papel do pai e técnico das tenistas, o que rendeu ao ator uma indicação a Melhor Ator (depois de 15 anos). O longa, dirigido pelo americano Reinaldo Marcus Green, levou 6 indicações no total.

Além de Beyoncé, que ao ser indicada foi comparada pelo marido, Jay-Z, ao rei do pop, Michael Jackson, outras duas mulheres concorrem ao prêmio de Melhor Canção, Billie Eilish e Diane Warren.

A jovem hypadíssima Billie Eilish concorre pela música "No Time to Die", trilha do mais recente "007". A faixa, composta em parceria com o irmão de Billie, Finneas, é apenas mais um feito dessa geniazinha de 20 anos que surgiu para o mundo em 2016 e desde então já lançou dois álbuns adorados pela crítica e público, mais de 30 singles e 7 prêmios Grammy.

Também no páreo como compositora numa das categorias que menos premiaram mulheres na história do Oscar está a veterana Diane Warren, que este ano chega à sua 13a indicação da carreira - ela nunca levou uma estatueta. Certamente a frase de Lady Gaga sobre não desistir já deve tê-la impactado. Este ano, ela concorre com a música "Somehow You Do", do filme "Four Good Days".

Se der Beyoncé, Billie Eilish ou Diane Warren, esta será a 15a estatueta dada a uma mulher como compositora no Oscar, seguindo os caminhos de pioneiras como Barbra Streisand, Irene Cara, Annie Lennox, Adele, Gaga e, ano passado, a cantora e compositora H.E.R, que se tornou a 14ª mulher a ser premiada como compositora no Oscar, em 2021.

O Oscar segue um retrato do mercado da música pelo mundo, com números que refletem a baixa equidade entre gêneros. Segundo a organização internacional Keychange, presente em 12 países, em 2020, dos 100 artistas no topo da Billboard, apenas 20 eram mulheres ou pertencentes a gêneros minoritários. No Brasil, relatório anual da UBC (União Brasileira dos Compositores) publicado em 2021 constatou que as mulheres representam apenas 8% das autoras de obras publicadas.

Certamente uma estatueta para Beyoncé ou Billie Eilish vai empolgar muitas meninas a sonhar com o impossível. Afinal, é sobre isso que estamos falando.