Chay Suede fala do medo do rótulo de galã: 'Artista e não um corpo bonito'
Chay Suede, de 29 anos, desabafou que sempre precisou buscar ser um artista e não um corpo e um rosto bonito, para ser ser um "gatinho do filme". O ator contou que teve medo de ficar preso no lugar de galã de novela.
Em entrevista ao jornal "O Globo", Chay revelou sobre o medo do rótulo de galã depois fazer "Rebelde" (TV Record). Segundo ele, essa preocupação o fez querer interromper a carreira de ator.
"E era inevitável que ficasse [medo]. Precisava de mais profundidade de dentro para fora e achei que as oportunidades que teria como ator não me trariam isso. Recorri à música, quis voltar a compor e fazer coisas que me fizessem me sentir um artista e não um rosto, um corpo, um possível gatinho do filme tal", disse ele.
O ator contou que o tempo passou e seu contrato com a Record chegou ao fim, e ele foi ficando sem dinheiro. Com isso, ele se viu em uma situação complicada pois sempre ajudou sua família financeiramente, e o fato de ficar apertado afetava muita gente que contava com ele.
"Quando já estava sem saber o que fazer e sem coragem de contar aos meus pais que estava passando aquele aperto, já que eles não poderiam me ajudar naquele momento, recebi o convite para fazer um teste na Globo. Um amigo comprou uma passagem de ônibus para mim e fui para o Rio", lembrou ele.
O teste era para ser o filho do protagonista em "Império". "Me preparei para esse teste como se fosse a última coisa que faria na minha vida. Gostaram do teste, mas sugeriram que eu fizesse o comendador na primeira fase. Eram só três capítulos e só pensava no sálario. Se fizesse o outro personagem, ganharia por nove meses. Mas o que vivi nos bastidores... Ali tive meu primeiro professor", contou Chay.
Em "Império", o ator começou a ver qual a graça, o prazer de ser ator e de viver a contracena. Ali, ele aprendeu e ao fazer a novela das nove já não tinha mais a sensação de que estava ali porque era bonitinho.
"Até porque não me sentia bonitinho, já que em muitos momentos ele dizia 'está vendo, o Chay não tem morfologia de ator, o rosto dele não tem profundidade'. E eu ficava, "é, eu não tenho a cara do Javier Bardem, nem bonito eu me sentia. 'Império' fez o maior sucesso e transformou a minha vida", disse.
Porém, a preocupação de o colocarem dentro de uma caixa veio à tona novamente, mas ele já tinha ferramentas para lidar com isso. "Para entender: 'Agora eu faço isso, vão dizer aquilo, mas eu ganho dinheiro, compro uma casa, ajudo a minha mãe, faço o que der, até onde der para não me atrapalhar a ser o ator que eu quero ser'", disse.
Hoje, o ator lida com o rótulo com naturalidade e até tira proveito em algum nível. "Mas sempre vou correr atrás para ser visto para além do galã, como nesse filme, para ser cogitado para qualquer personagem", afirmou.
Na escola, o ator lembra que nunca foi gatinho. Ele não era do grupo dos meninos que jogava bola e que, segundo ele, geralmente, são os gatinhos. Ele também nunca foi da turma dos nerds. "Sempre fui dos artistas. Com 5 anos, conheci meu melhor amigo, que é artista, e a gente se fortaleceu. Dizíamos: 'Não é que estão excluindo a gente, nós é que queremos fazer outra coisa. Não é que ninguém nos chama, os caras é que não têm cabeça para conversar com a gente'", contou.
O ator continuou e disse: "Íamos por esse caminho para nos proteger de não sermos populares. Autoestima mesmo. A gente dizia: "Eles jogam bola, mas não sabem escrever uma música, nem entreter a plateia contando uma história engraçada", afirmou.
Paternidade
Questionado sobre o fato de ser muito próximo do pai o fez querer ser pai cedo, o ator admitiu que a vontade veio desde criança. No entanto, Chay também afirmou que sempre foi colado também com sua mãe.
"Ele [pai] sempre me incentivou mais artisticamente. Minha mãe tinha mais medo, mas depois me apoiou loucamente. O fato de ele ter sido o pai que foi me deu vontade de ser pai desde criança. Sempre amei outras criancinhas menores, me disponibilizei a cuidar. Na igreja, deixavam os bebezinhos comigo", disse.
Ele contou quando conheceu e se apaixonou pela Laura [Neiva, atriz e modelo], 28, com duas semanas de namoro ele propôs de ela ser mãe dos seus filhos. "Eu falava: 'Já encontrei a mulher da minha vida, quero realizar meu sonho de vida, que é ser pai'. Só que a gente namorou bastante e o tempo acabou sendo 2019. E a gente quer ter mais filhos", afirmou o ator.
Chay aproveitou para falar o que admira na maternidade de Laura. Segundo o ator, ela é como uma "dança", uma "coreografia perfeita" e que ela não precisou aprender de um jeito escolar.
"Em algum lugar, já sabia como resolver, como movimentar. Pude presenciar esse último parto... O outro também, mas precisou ser cesárea... Agora, vi algo na Laura que jamais pude imaginar num ser humano. Ela passou a ocupar um lugar na minha imaginação, na minha memória, de super humana, super-heroína, super mulher", disse ele.
Ele contou que foram 60 horas de trabalho de parto, metade em casa, metade no hospital, e com muita dor. Entre uma contração e outra, ele disse que ela dançava, ria, beijava e abraçava, pois estava feliz porque estava tendo um parto como queria. "Isso é uma lição de tudo, de como eu sou fraco, como não aguentaria aquilo. Toda hora eu pensava: 'Se estivesse no lugar dela, era nessa contração que eu ia desistir'. E ela não desistia nunca", contou.
O ator continuou e disse: "É muito emocionante ver uma mulher parindo. Fui o primeiro a tirar meu filho de dentro dela, a primeira mão que ele sentiu. Participar disso é uma experiência imperdível e espetacular. E Laura, por ser protagonista dessa experiência, hoje ocupa um lugar intangível na minha cabeça", disse.
Sobre o sexo depois que tem filho, o ator afirmou que cada casal tem uma vivência. Para ele, tem gente que fica super sexual, outros que vão para um lugar quase de castração, de achar errado. "E, aí, é terapia, né, galera? Aqui em casa a gente veio bem, não interrompeu, não. Claro que tem que esperar ali uma semaninha. No da Maria a gente quebrou [o resguardo]; nesse também, mas tudo dentro da segurança", contou o ator.
Ele também falou sobre religião. Criança, ele vivia dentro de um mundo cristão, com uma realidade de família evangélica, além de estudar em uma escola batista.
"Hoje, não digo que sou evangélico justamente porque essa palavra isolada traz consigo muitas coisas que eu não gostaria que fossem uma primeira impressão sobre mim. Não estou falando sobre o Evangelho de Cristo, porque esse eu gostaria que estivesse em primeiro plano na minha vida e que, quando as pessoas me conhecessem, tivessem contato com o ele fez e ensinou", disse ele.
O ator disse que não usa o rótulo evangélico "justamente pelos fatores estéticos", pelo sentido que traz e por causa do trabalho que dá para desfazer a confusão. "Prefiro dizer que sou cristão, que busco aprender com o Evangelho de Cristo. É isso que me movimenta no mundo espiritual. É a partir da ótica de Cristo que enxergo as outras pessoas. Não tem nada a ver com o que essa denominação acabou significando nos últimos anos", concluiu.
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