'Elvis': ator passou um ano treinando para imitar voz do Rei; veja trailer

Um dos filmes mais aguardados do verão americano, a cinebiografia do cantor Elvis Presley acaba de ganhar seu primeiro trailer. Dirigido por Baz Luhrmann ("Moulin Rouge", "O Grande Gatsby", o longa traz Austin Butler interpretando o Rei do Rock, e já surpreende pela caracterização.
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O filme promete explorar toda a vida do astro, dos seus dias na carreira militar ao quanto ele navegou entre gêneros musicais, do pop ao country e ao rock.

Além de Butler, Tom Hanks interpreta o empresário artístico de Presley, o "coronel" Tom Parker, que controlava com mãos de ferro a carreira do cantor, e mantinha com ele uma espécie de relação abusiva.

Parker, que na verdade havia migrado ilegalmente para os Estados Unidos, da Holanda (e trocado de nome), decidia quais músicas Elvis gravaria, aprovava os argumentos de seus filmes em Hollywood e chegou a tirar 50% de tudo o que o artista ganhava. Isso tudo sem ter ouvido musical ou saber ler. No exército, havia sido diagnosticado com "depressão aguda e estado de psicopatia constitucional".

Luhrmann, que está atrelado ao projeto desde 2014 —muito antes de o filme de fato ganhar tração em 2019— contou em um bate-papo com a participação de Splash por que escolheu contar a história de Elvis.

Grandes contadores de histórias, como Shakespeare, nunca contaram biografias. O que eles faziam era pegar uma vida e usá-la como uma tela em branco para explorar uma ideia maior.
Baz Luhrmann, cineasta

Esse é exatamente o caminho que o diretor australiano promete seguir com "Elvis".

"Então, ótimas biografias são incríveis, mas algo como 'Amadeus', por exemplo, não é exatamente sobre Mozart, é sobre inveja. Eu, enquanto jovem, era um fã de Elvis, mas não sei se isso faz parte do motivo por que eu quis fazer este filme. A verdade é que, nos tempos atuais, não há uma tela em branco melhor que a vida de Elvis Presley para explorar como eram os Estados Unidos nas décadas de 50, 60 e 70."

Coronel Tom Parker

"Nunca foi Coronel, nunca foi Tom e nunca foi Parker." É assim que Luhrmann define o homem interpretado por Tom Hanks no filme.

"Acho que Tom correu até esse papel", segue o diretor. "Acho que não estou revelando nenhum spoiler, porque o trailer já diz que, para alguns, ele é o vilão desta história. E ele conta essa história. Sob seu ponto de vista, ele defende seu lado. E isso é um artifício porque, quando estamos falando de personagens históricos, tudo o que temos são as versões de alguém sobre aquela pessoa."

Ícone, superstar, tragédia americana

Para Butler (30), poder explorar a humanidade de uma pessoa que se tornou uma espécie de "retrato da sociedade" foi um dos motivos que o atraiu para o papel -que disputou com Harry Styles, Ansel Elgort, Aaron Taylor-Johnson e Miles Teller, por exemplo."Tem sido um presente encontrar o homem por trás do ícone. Eu tinha 27 anos quando fui escalado, e agora tenho 30. Estou com este personagem há um tempo, vivendo dentro da pele dele."

Como interpretar a voz do Rei?

O ator conta que, no início do projeto, tentou imitar a voz de Elvis, deixar sua voz idêntica à dele.

Eu fiquei nessa por muito tempo, mas o que isso provoca também é medo. Um medo de não conseguir alcançar aquele ponto, então isso me fez querer trabalhar muito mais. Durante um ano, antes de começarmos a gravar, eu trabalhava com professores de voz seis ou sete dias por semana.
Austin Butler, ator

"No fim, o que importa é a vida. Você pode interpretar alguém, mas encontrar a humanidade e a vida dentro daquilo é o que vale. No fim, eu tive que me libertar dessas amarras e tentar entender a vida dele da maneira mais verdadeira possível."

Quanto à voz, Luhrmann conta que existe um "truque" no filme: as gravações mais antigas da voz de Elvis não poderiam ser utilizadas, pois elas apenas existem em formato monofônico -o que significa que, no filme, soariam "nostálgicas". Então, todas as canções de Elvis mais novo são ouvidas apenas na voz de Austin. Já as gravações a partir da década de 1960 são um misto das duas.

"Ao invés de olharmos para o exterior, para como ele tocava o próprio rosto, movia as pernas no palco ou qualquer outra característica física que possa parecer muito importante, perguntamos a nós mesmos por que ele fazia aquilo e o que estava acontecendo dentro da mente dele", continua Austin.

Descobri que, quando fazemos isso o suficiente, aquilo começa a fazer parte de você. Sinto uma responsabilidade não apenas com Elvis e sua vida, mas sua família e todas as pessoas ao redor do mundo que o amam tanto.
Austin Butler