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Morre aos 72 anos Dona Nicinha do Samba, célebre sambadeira do Brasil

Dona Nicinha do Samba morreu nesta quinta-feira (17) aos 72 anos - Reprodução/ Instagram @santoamarodapurificacao
Dona Nicinha do Samba morreu nesta quinta-feira (17) aos 72 anos Imagem: Reprodução/ Instagram @santoamarodapurificacao

Caio Santana

De Splash, em São Paulo

17/02/2022 13h44Atualizada em 17/02/2022 16h49

Maria Eunice Martins Luz, conhecida mundialmente como Dona Nicinha do Samba e uma das mais célebres sambadeiras do Brasil, morreu aos 72 anos em casa nesta madrugada, em Santo Amaro (BA), enquanto dormia. A informação foi confirmada por Splash com familiares.

"Nicinha era um ícone, um símbolo para todos nós santoamarenses, todos nós brasileiros. Era uma pessoa espetacular. Quando ela chegava irradiava alegria, não deixava ninguém parado. Ela representava a nossa cultura: levou o samba de roda para os quatro cantos do planeta, era uma pessoa ímpar", afirma a Splash Moysés Neto, secretário municipal de cultura de Santo Amaro.

Considerada um ícone do samba de roda e sendo referência na Bahia e no Brasil, Dona Nicinha era símbolo da cultura baiana e nasceu e morou por toda vida em Santo Amaro, um dos berços do samba de roda da Bahia. O município decretou luto por três dias.

"A gente dizia que Nicinha era substituta de Tia Ciata, que levou essa ideia de roda de samba, a rainha do samba. É uma perda inestimável, irreparável. A cidade está triste, cada santoamarense postou uma foto com Nicinha", declara Neto. Em sua despedida nas redes sociais, ele disse que "fica na nossa memória a alegria contagiante, a irreverência e a eterna saudade".

Um dos filhos de Dona Nicinha, Valmir, confirmou a Splash que a morte da mãe se deu em decorrência de problemas cardíacos.

A Secult-BA (Secretaria de Cultura do Estado da Bahia) divulgou nota de pesar sobre a perda da sambadeira. "Ela foi e será sempre lembrada como uma das personagens contemporâneas mais extraordinárias, quando o assunto é samba de roda. Nascida numa família de sambadeiras e sambadores, foi nas festas de caruru de São Cosme, de Santa Bárbara e reza de São Roque e Santo Antônio que ela aprendeu a sambar, com suas mais velhas", disse a pasta.

"Quem a conhece, ou teve oportunidade de conversar um pouco, sabe que ela sempre dizia: 'Eu sou o samba e o samba sou eu, eu não posso viver sem o samba. O samba é meu marido, meu amante, meu filho, meu compadre, meu companheiro, meu advogado. Pra mim o samba é tudo'", diz a nota.

A sambadeira teve sua história ainda em vida contada em diversas produções audiovisuais e literárias, como por exemplo no documentário lançado em março de 2021: "O mundo aos pés de Nicinha", disponível no YouTube, com imagens inéditas de dois workshops oferecidos por dona Nicinha a estrangeiros.

Sua neta Evelyn Sacramento também já escreveu sobre a avó, e conta de forma lúdica as lembranças de infâncias relatadas por Dona Nicinha no livro "Menina Nicinha". Dona Nicinha ainda teve sua voz eternizada no álbum musical "Mulheres sambadeiras: por cima do medo, coragem".

O corpo de Dona Nicinha está sendo velado neste momento em sua residência. Ela vai ser sepultada no cemitério Campo de Caridade, em Santo Amaro, às 17 horas.