Alexandre Nero pensa em Brasil pós-Bolsonaro: 'Qualquer poodle será melhor'
Quando um médico decide torturar alguém que tentou roubar seu carro, quem se torna a vítima daquela situação? Esse é o debate proposto em "A Jaula", primeiro longa de ficção de João Wainer, estrelado por Chay Suede e Alexandre Nero.
Em um país que cada vez mais intensifica os discursos de ódio e violência, o filme acaba sendo um espelho dos próprios brasileiros e seus dilemas morais.
A violência está dentro do ser humano em geral. Tem a ver com escolhas, com quem vai ser punido ou não vai ser. O branco, rico pode ser violento, pode ter arma, o policial não fará nada.
opina Alexandre Nero que dá viva ao médico torturador do filme
"Hoje, as pessoas se sentem autorizadas a fazer o que o personagem do Nero faz no filme. Ao mesmo tempo, a gente sabe que isso não é só do Bolsonaro, é uma energia que existe no Brasil desde a ditadura militar. É como se essa galera entrasse no esgoto e saísse de vez em quando", completa o diretor João Wainer.
Diante de um cenário de crise no país e em ano de eleição, é possível pensar em um futuro melhor? Nero acredita que sim, mas não nutre grandes esperanças.
Melhor que isso aí com certeza será. Qualquer poodle substituindo aquilo será. O que não significa que teremos um paraíso pela frente, mas vamos para um caminho melhor sem dúvida
O ator, porém, acredita que muitos ainda vão se identificar com as ações do médico no longa, mas espera que o filme sirva como ponto de partido para discussões mais profundas sobre o cenário do Brasil.
"Antes de tudo, queremos fazer um grande entretenimento. Acho que vai ter muita gente a favor do doutor, não tenho essa inocência. Se você colocar em um programa sensacionalista, sabemos muito bem quem vai para cadeira elétrica. Esse é o país que a gente conhece, o preconceituoso. O bacana é levar isso para o boteco e fervilhar nas conversas."
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