Pocah diz que foi 'agredida, roubada e abusada sexualmente' por ex-marido
A cantora Pocah falou abertamente sobre o período de sua vida em que foi "agredida, roubada e abusada sexualmente e psicologicamente" pelo ex-companheiro, durante o relacionamento que durou seis anos.
Em entrevista ao podcast "PodDelas", a artista, visivelmente emocionada, explicou que seu relato "não é vitimismo", mas, sim, uma forma de, por meio do compartilhamento de sua experiência, ajudar outras mulheres que enfrentam a mesma situação de abuso e violência, mas não conseguem denunciar e se libertar de seus agressores.
"Eu já contei várias vezes isso que eu passei, e eu não me resumo a esse cara, mas ele já me agrediu, me roubou, abusou de mim sexualmente e psicologicamente de todas as formas possíveis", iniciou. "Gosto de testemunhar isso aqui de que, cara, olha tudo que eu passei, e dei a volta por cima, e consegui deixar tudo isso lá atrás. Falo sobre isso porque gosto de falar, não é para me fazer de vítima, porque eu sei que nesse momento tem muitas mulheres passando exatamente por tudo que passei".
No podcast, Pocah admite que em algumas situações ela se sente culpada por tudo que vivenciou, embora tenha consciência de que não tem culpa de nada. Porém, a famosa pondera que "é muito ruim ouvir as pessoas dizerem: 'Por que você não denunciou? Se era tão ruim por que você ficou seis anos com a pessoa?'", quando na realidade ela chegou a denunciar o caso às autoridades, mas na ocasião seu agressor a trancou no quarto, a impediu de ir falar com os policiais, e os agentes foram embora após ouvi-lo sem sequer se preocupar em colher sua versão dos fatos.
"Eu tentei denunciar, cheguei a ligar para pedir socorro em um momento que achei ia morrer. Liguei para a polícia e ele simplesmente me trancou dentro de casa, desceu, atendeu [os agentes na porta] e falou: 'É briga de marido e mulher, está tudo bem, está tudo tranquilo, ela está descansando lá'. Ninguém quis me ouvir, ninguém quis saber se eu estava viva, se eu estava morta, ninguém quis investigar, ninguém entrou. Estava trancada, não podia [sair]. Quando ele [voltou para o quarto] e eu o vi sozinho, pensei: 'Hoje ele me mata'. E aí ele me agrediu, tentei fugir, fui para a casa da minha mãe no dia seguinte e ele foi atrás de mim", contou a artista, ressaltando que ele pediu desculpas, disse que "estava sendo usado pelo diabo" e que não repetiria o comportamento agressivo. Mas repetiu.
"Hoje o testemunho que eu conto é de vitória minha, do que eu passei, de uma mulher que não precisa dele para nada, a vitória é toda minha", afirmou Pocah, ao salientar que o ponto de virada para sair dessa situação de violência foi quando sua filha, Vitória, nasceu.
"A minha filha foi a virada de chave da minha vida de tudo. Todo o meu amor foi transferido para ela, ela me deu uma força que eu nem imaginava que poderia sentir na vida, ela me salvou, quando você se torna mãe, você tira força e não sabe de onde. E eu não queria criar minha filha naquele meio. Falei: 'Não é isso que eu quero para a minha filha'".
Na entrevista, Pocah contou que na última ocasião em que foi agredida fisicamente pelo seu ex, tudo aconteceu na frente de sua mãe, e ela quase ficou cega, após ele enfiar o dedo em seu olho e tirar sangue. Quando foi levada para o hospital, ela precisou mentir sobre o ocorrido, pois o agressor havia feito ameaças caso falasse a verdade.
"A última vez que eu fui agredida minha mãe estava presente, eu fui quase cega, [e] por um ciúme besta ele enfiou o dedo no meu olho, ele arrancou sangue do meu olho. Foi uma coisa muito louca. Ele me levou para o hospital, eu tive que mentir no hospital, pois ele falou que se eu falasse a verdade eu sofreria as consequências. E dali eu falei 'quero ir para a casa da minha mãe'. E fui abandonada [por ele] com o olho roxo, o rosto todo deformado, com uma criança de 6 meses no braço, e ali ainda existia amor, mesmo com tudo isso que eu passei, então esse abandono, a agressão, juntou tudo, eu falei 'é isso, eu preciso passar por isso', [sendo que] ele já estava com outra mulher grávida. Ali foi o recomeço da minha vida, com minha filha, minha família, minha carreira".
Pocah explicou que não era casada no papel com seu ex-companheiro, mas os dois tinham contratos de trabalho. Quando ela o procurou para assinar o "distrato" e reaver seus pertences, ele abusou sexualmente dela dentro do carro, e o ato teria sido presenciado pelo pai do ex, que não fez nada para ajudá-la.
"Eu estava dentro do meu carro, na porta da casa dele para ele assinar, ele pegou e escondeu minha chave, abusou de mim mesmo, tentei lutar contra ele, mas não tinha força. Então eu cedi para ir embora e acabar com aquilo", contou. "Fui abusada, totalmente contra a minha vontade, gritava socorro, o pai dele passou assim do lado do carro, eu gritando socorro, e ele não fez nada", completou.
Hoje, Pocah afirma que incentiva todas as mulheres que vivenciam violência doméstica ou qualquer outro tipo de abuso que denunciem seus agressores, que busquem ajuda na Delegacia da Mulher e, se não conseguirem proteção das autoridades, façam relatos nas redes sociais para gerar visibilidade e, com a repercussão, a Justiça possa ser feita.
Durante o confinamento no "BBB 21", Pocah havia compartilhado um pouco das violências sofridas. Na ocasião, a funkeira explicou que foi violentada durante a gravidez de Vitória. À época ela se relacionava com MC Roba a Cena, o pai de sua filha, que não quis se manifestar sobre o assunto.
Como denunciar violência doméstica
Em flagrantes de violência doméstica, ou seja, quando alguém está presenciando esse tipo de agressão, a Polícia Militar deve ser acionada pelo telefone 190.
O Ligue 180 é o canal criado para mulheres que estão passando por situações de violência. A Central de Atendimento à Mulher funciona em todo o país e também no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O Ligue 180 recebe denúncias, dá orientação de especialistas e encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. Também é possível acionar esse serviço pelo Whatsapp. Neste caso, o telefone é (61) 99656-5008.
Os crimes de violência doméstica podem ser registrados em qualquer delegacia, caso não haja uma Delegacia da Mulher próxima à vítima. Em casos de risco à vida da mulher ou de seus familiares, uma medida protetiva pode ser solicitada pelo delegado de polícia, no momento do registro de ocorrência, ou diretamente à Justiça pela vítima ou sua advogada.
A vítima também pode buscar apoio nos núcleos de Atendimento à Mulher nas Defensorias Públicas, Centros de Referência em Assistência Social, Centros de Referência de Assistência em Saúde ou nas Casas da Mulher Brasileira. A unidade mais próxima da vítima pode ser localizada no site do governo de cada estado.
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