Repórter da Globo é rebatido por vizinha de vítima após pergunta ao vivo
O repórter Lisboa Júnior da Rede Bahia, afiliada da TV Globo, cobria um protesto de moradores contra a execução do jovem Alexandre dos Santos, de 20 anos, durante ação policial na madrugada de ontem na comunidade da Gamboa, em Salvador, quando entrevistou uma moradora que relatou o que teria ocorrido. Três jovens negros acabaram mortos durante a ação.
"Eu estava na hora que aconteceu tudo ali. Eles pegaram o menino, sabe que o menino tava errado, só que a obrigação deles é prender, não matar. Executaram! Executaram uma criança, é um menino que a mãe vai perder e não vai ver mais", desabafou a mulher, antes que o repórter fizesse a seguinte pergunta:
"Ele tinha algum envolvimento [com tráfico]?", quis saber o repórter Lisboa Júnior.
A mulher respondeu: "Oh, moço! Não importa isso agora no momento, sabe por quê? Porque se eles [policiais] pegaram [a criança] em algum erro, a obrigação dos policiais é levar preso, não a matar à queima-roupa. Eles atiraram à queima-roupa".
"Amei o corte que ela deu no repórter. Mulheres negras sempre corajosas e dando exemplo para nós", escreveu o autor do perfil @abelhahive ao compartilhar o vídeo com o trecho da resposta, que já acumula mais de 400 mil visualizações, 27 mil curtidas e 3 mil compartilhamentos.
Segundo a reportagem do "Jornal da Manhã" da Rede Bahia, moradores disseram que a ação da polícia na comunidade da Gamboa ocorreu por volta das 2h e terminou com três baleados, que chegaram a ser levados ao hospital.
O tenente-coronel Nilson, da Polícia Comunitária, disse à afiliada da Globo que houve troca de tiros no local. As três vítimas, Alexandre dos Santos, 20, Cleberson Guimarães, 22, e Patrick Sapucaia, 16, estariam em um bar da região, por volta das 2h. Policiais alegaram que houve troca de tiros e que, após os três serem baleados, foram encontradas armas e drogas com eles.
Familiares e vizinhos das vítimas refutam a versão dos PMs de que foram recebidos a tiros pelo trio. Segundo relatos de pessoas próximas ouvidas pelo UOL, o trio estava bebendo no estabelecimento quando bombas de gás lacrimogêneo teriam sido lançadas na direção deles, antes de serem abordados e conduzidos a um imóvel abandonado e baleados.
Eles chegaram a ser socorridos pelos próprios militares para o HGE (Hospital Geral do Estado), mas já chegaram à unidade sem vida.
"Meu filho ainda estava vivo, pedia por socorro. Mas apontaram a arma para a minha cabeça, e não tive mais o que fazer. [...] Esses policiais pegaram o meu filho e os outros dois rapazes pra matar. Se não fosse isso, eles não estariam encapuzados", disse ao UOL Silvana dos Santos, mãe de uma das vítimas, enquanto se preparava para liberação de corpo no IML (Instituto Médico Legal) da Bahia.
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