Após lançar filme, diretor ucraniano é chamado para a guerra: 'Vida mudou'
Duas semanas depois de lançar seu filme mais recente, "Rhino", nos cinemas da Ucrânia, o cineasta Oleg Sentsov trocou as câmeras pelas armas, e foi para a guerra, a fim defender seu país no confronto armado com a Rússia.
Sentsov, que apresentou "Rhino" durante o Festival de Veneza no ano passado, afirmou que sua vida mudou rapidamente: em uma semana ele estava divulgando o longa em seu país, na outra foi convocado para compor o exército ucraniano no conflito.
"Há exatamente duas semanas, meu filme foi lançado na Ucrânia. Há uma semana estou nas trincheiras como participante da defesa territorial. A vida mudou em um instante com a queda da primeira bomba no território da Ucrânia. Tudo o que sabíamos sobre a invasão de [Adolf] Hitler agora se tornou real novamente", declarou o diretor, fazendo referência ao líder nazista da extrema-direita, responsável por levar o mundo à Segunda Guerra Mundial em 1939.
Armado e com trajes militares, Oleg Sentsov tem ficado atrás de uma barricada e demonstra disposição para se rebelar contra as forças do Kremlin.
Esta, aliás, não é a primeira vez que o cineasta desafia Vladimir Putin. Sentsov passou cinco anos em uma prisão russa, acusado de terrorismo por lutar contra a Rússia em 2014, quando Vladimir Putin anexou a Crimeia. Para a Anistia Internacional, as acusações foram fabricadas por Moscou. Na cadeia, Oleg chegou a fazer greve de fome como forma de protestar contra o que chamou de arbitrariedades do governo russo.
Agora, ele pede que os ucranianos unam forças no combate à Rússia por boicotes à indústria cinematográfica daquele país, e conclamou o setor cinematográfica internacional a fazer o mesmo.
Rússia é boicotada no setor cultural
Desde que invadiu a Ucrânia na semana passada, a Rússia tem sido alvo de diversas sanções por parte da comunidade internacional, que vão desde a área econômica, passando pela tecnológica, até a cultural.
Recentemente, as organizações responsáveis pelo Festival de Cannes e pela Bienal de Veneza anunciaram punições às delegações oficiais russas.
A Netflix, maior plataforma de streaming do mundo, anunciou a paralisação de produções originais russas, além de ter contrariado uma decisão de Vladimir Putin para que exiba 20 canais estatais em seu catálogo.
Os estúdios Disney, Warner Bros. e Sony cancelaram, por tempo indeterminado, a estreia de seus filmes nos cinemas daquele país.
Nesta semana, o Grévin, museu de cera de Paris, na França, removeu a estátua de cera do presidente russo Vladimir Putin.
Desde a deflagração da guerra, centenas de pessoas foram mortas em ambos os lados do conflito, que já fez mais um milhão de refugiados, além de estragos na arquitetura e infraestrutura da Ucrânia.
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